Consumo em chinês – Parte 1

medida que a China se desloca de uma economia liderada pelas exportações para uma economia baseada no consumo, o governo chinês está a implementar políticas que visam impulsionar uma nova classe de consumidores. De acordo com Mykim Chikli, presidente executiva da ZenithOptimedia, China, um total de 80.000 novos consumidores da classe média chinesa são criados por dia, se as projeções para o crescimento da classe média até 356 milhões de pessoas em 2020 forem verdadeiras. Os dados apontam atualmente para um total de 125 milhões de consumidores. No entanto, o facto de a nova classe média de consumidores «não ser orgânica» e estar a ser criada «de propósito» pelo governo, significa que as atitudes e os comportamentos entre os consumidores são diferentes em comparação com os mercados mais maduros, revelou Chikli. E isso é importante para as marcas que querem ter sucesso no mercado chinês. «A nova classe média é única», afirmou a responsável. «É a transformação de uma sociedade igualitária. Agora é uma questão de movimentação social para cima. Costumava ser uma questão de famílias que se deslocavam para trabalhar e enviar dinheiro para casa, agora é uma questão “do eu” e de melhorar-me a mim mesmo», explicou. Estas novas atitudes centram-se no indivíduo. Chikli referiu que um estudo recente questionou qual a coisa mais importante para as mulheres. A resposta costumava ser sempre casar com um homem que tenha uma casa e um carro, mas agora é ter um computador tablet. E os consumidores da classe média chinesa são mais exigentes do que as gerações anteriores, porque cresceram com anúncios publicitários que prometem cada vez mais. No entanto, esta classe de consumidores apresenta dificuldades para ser definida, pois encontra-se cruzada entre diferentes níveis de cidades e rendimentos. Em vez disso, Chikli considera que a melhor forma de defini-la é por aquilo que consome, pela forma como os membros gastam o seu dinheiro e quais as suas aspirações. Então, qual a melhor forma de abranger um espectro tão amplo de consumidores? Chikli defende que para conquistar primeiro a lealdade da classe média é preciso haver consciência de marca alta, e para conseguir isso existe uma necessidade de recomendações e lembranças diárias a partir de uma diversidade de fontes, como amigos e familiares, televisão, online e rádio. A grande mudança necessária este ano, advogou, não é apenas uma deslocação no sentido de cidades de níveis mais baixos, mas alterar a mensagem de marketing para que seja apelativa em qualquer região visada. Algumas grandes marcas estão a começar a fazê-lo, indicou, e mais estão para vir. Existem outras diferenças a ter em conta quando se olha para as cidades de níveis mais baixos, incluindo a importância relativa do comércio eletrónico em áreas que não podem ser tão bem servidas com lojas físicas. Nesta situação, um website oficial é importante porque os consumidores chineses exigem autenticidade e são altamente desconfiados de qualquer coisa que possa parecer uma falsificação. «Geralmente, os chineses estão interessados em marcas chinesas, em vez das estrangeiras, com a exceção do luxo», esclareceu Chikli. «Mas se uma marca estrangeira responder a todas as perguntas sobre porque devem consumi-la, então irá crescer muito rapidamente», sublinhou. Na segunda parte deste artigo são analisados os outros dois segmentos de consumidores chineses, nomeadamente nos sectores do luxo e do turismo.