Consumo de têxteis e vestuário cai em França

Em maio, os franceses compraram menos artigos têxteis e de vestuário do que no mesmo período do ano passado, uma queda que se registou tanto nas compras em lojas físicas como online e que se prolonga há vários meses.

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Os números revelados pelo Institut Français de La Mode (IFM) dão conta de uma queda de 8% no volume de negócios dos distribuidores de têxteis e vestuário o país face a maio de 2022.

O IFM sublinha, contudo, que os valores de referência resultaram de uma situação mais benéfica. «Este ano, ao contrário do ano passado, o mês de maio não beneficiou de um calendário favorável com os dias 1 e 8 de maio a calharem numa segunda-feira (em 2022 foram ao domingo), enquanto a segunda-feira de Pentecostes este ano foi a 29 de maio, em comparação com 6 de junho no ano passado», refere o IFM.

Apesar da queda, que já se sentiu também nos meses de março e abril, em maio, pela primeira vez desde o início do ano, os valores são superiores às comparações com o período pré-pandemia, com um aumento de 2,6% das compras de moda face a maio de 2019.

Tanto o canal físico como o online registou um recuo nas vendas em comparação com o mesmo mês do ano passado, sendo de -6,7% para as lojas físicas e -11,9% para o online.

«Embora as vendas de têxteis e vestuário nos primeiros cinco meses do ano de 2023 sejam comparáveis, em valor, às dos cinco primeiros meses de 2022 (+0,3%), sofreram uma queda de 2,2% a preços constantes», sublinha o IFM, acrescentando ainda que «continuam em queda face aos primeiros cinco meses do ano de 2019 (-8,3% em valor). Entre as cadeias de grande distribuição, o volume de negócios de todos os circuitos de distribuição está em retração em comparação com 2019».

Mercado em dificuldade

O mercado francês tem estado a ser fortemente impactado pela redução do consumo das famílias, levando à falência de vários negócios, nomeadamente da moda. De acordo com um artigo do jornal Les Echos, publicado no início deste mês, «o comércio de vestuário está a ser particularmente afetado por meses de concorrência, que se tornou estrutural, do comércio eletrónico, do contexto inflacionista e da pressão sobre o poder de compra das famílias, mas também da oferta inadaptada – a dificuldade da gama média – às tendências de consumo».

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Exemplo disso é a falência de nomes como o grupo Camaïeu, em setembro do ano passado, mas também da San Marina, Kookaï, Burton of London, Gap France, André, Kaporal e Don’t Call Me Jennyfer, que apresentaram pedidos de insolvência ou foram liquidadas.

«Não tivemos retoma. Depois da crise do covid veio a inflação. Há um ano que o contexto é muito difícil», indica ao jornal francês Yohann Petiot, diretor-geral da Alliance du Commerce, uma associação que representa a indústria de bens de consumo que reúne as marcas de moda (cerca de 26 mil pontos de venda).

Mesmo o período de saldos, que começou a 27 de junho e foi prolongado até 1 de agosto, não alimenta muitas expectativas, apesar dos primeiros 14 dias terem registado um aumento de 4% da atividade em loja face ao mesmo período do ano passado. Num estudo da Ifop, a pedido da retalhista online Spartoo, 27% dos franceses afirmaram que não iriam comprar nada nos saldos e 29% que iam gastar menos face aos anos anteriores.