Consumidores prontos para reparar vestuário

Mais de 8 em cada 10 franceses dizem estar dispostos a reparar as suas roupas e calçado, embora 73% tenham já deitado fora artigos que podiam continuar a ser usados se fossem remendados.

[©Pixabay-Céline Martin]

Um inquérito a mais de 1.000 pessoas, representativo da população francesa, realizado pela empresa de estudos de mercado Ifop para a Refashion, a entidade encarregada de gerir o bónus de reparação em França, que entrou em vigor a 7 de novembro, revela que 83% dos franceses se mostram dispostos a reparar o seu vestuário e calçado para os usarem mais tempo. Destes 33% afirmam estar completamente prontos e 69% indicam que remendar roupa ou consertar sapatos é uma tendência.

O estudo procurou também saber quais são os entraves ou estímulos para a reparação. 42% dos inquiridos invocou a existência de profissionais de confiança próximos, 38% citou o apoio financeiro, sob a forma de um desconto imediato, e 20% a influência dos pares, isto é, ter outras pessoas no seu círculo próximo que tenham recorrido à reparação.

Ainda assim, e segundo o estudo, cerca de três em cada quatro franceses já deitaram foram uma peça de vestuário ou calçado que podiam ser reparados, com 20% destes a declarar que isso acontece frequentemente.

Entre as razões enunciadas estão o facto de a reparação ser mais cara do que comprar novo (43%), não saber a quem se dirigir para o conserto (32%) e não saber que podiam enviar a roupa ou o calçado para ser reparado (18%).

A Ifop revela, em comunicado, que, nos últimos anos, o consumo de vestuário e calçado tem estado em claro crescimento em França, tendo sido adquiridas 826.935 toneladas em 2022, o que representa um acréscimo de 400 milhões de peças em comparação com 2018. Todos os anos são recolhidas cerca de 260 mil toneladas de vestuário e calçado descartado, o que representa 31% da produção anual.

Uma apetência que, destaca, prejudica o ambiente, daí o lançamento do bónus de reparação pelo governo francês, que permite que os cidadãos do país recebam descontos entre 6 e 25 euros nas reparações deste tipo de produto. O bónus é financiado pelas contribuições das marcas, que entre 2023 e 2028 deverá ascender a 154 milhões de euros.