Consumidores dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis

O estudo CEO Sustainability Guide da Bain & Company conclui que os consumidores estão disponíveis para pagar mais por artigos amigos do ambiente, mas mais de 60% das empresas não estão preparadas.

[©Pixabay-Sarah Lötscher]

Com base num inquérito a 23 mil consumidores, a Bain & Company revela que cerca de cerca de 64% das pessoas têm uma forte preocupação com a sustentabilidade, um sentimento que se intensificou nos últimos dois anos, principalmente devido às condições climáticas extremas que ocorrem em diversas partes do globo, refere a consultora.

E não são apenas os mais novos que se revelam preocupados com o futuro do planeta. Segundo o inquérito, 72% dos consumidores da Geração Z (nascidos entre 1990 a 2010) e 68% dos baby boomers (nascidos entre 1940 e 1960) em todo o mundo estão muito ou extremamente preocupados com o ambiente. Nos casos da Índia, França e Japão, os baby boomers têm um nível de preocupação ainda maior.

Atualmente, indica a Bain & Company, os consumidores estão dispostos a pagar mais por artigos que preservem o meio ambiente. Os consumidores da Índia, Indonésia, Brasil e China estão dispostos a pagar mais 15% a 20% por produtos sustentáveis, enquanto os americanos não se importam de pagar mais 11% e os consumidores do Reino Unido, Itália, Alemanha e França mostram-se disponíveis para despender mais entre 8% e 10%.

No entanto, conclui a Bain & Company, existe uma disparidade entre os que os consumidores desejam e o que existe no mercado. «48% dos consumidores estão preocupados com a forma como um produto pode ser reutilizado, a sua durabilidade e como minimizar os resíduos gerados. Em vez disso, a maioria das empresas baseia a sustentabilidade dos seus produtos em fatores como o fabrico, os ingredientes e as práticas agrícolas adotadas. Por causa disto, quase metade dos consumidores nos mercados desenvolvidos acredita que viver de forma sustentável é demasiado caro, porque confundem “sustentável” com “premium”», aponta a consultora.

Além disso, refere, os consumidores têm dificuldade em identificar produtos sustentáveis e não têm confiança nas empresas. «Para 50% dos consumidores, a sustentabilidade é um dos quatro critérios de compra mais importantes. No entanto, muitos não conseguem identificar os produtos menos poluentes ou compreender o significado dos logótipos de sustentabilidade mais comuns, como os de produção biológica ou comércio justo. A falta de confiança é outro ponto importante, já que apenas 28% dos consumidores acreditam que os produtos desenvolvidos pelas grandes empresas são verdadeiramente sustentáveis», afirma.

O estudo revela ainda que 75% dos líderes empresariais acreditam que não têm integrado bem a sustentabilidade nos seus negócios. «Estes resultados podem ser comparados com outra análise da Bain & Company, que indica que 63% dos inquiridos acreditam que a sua empresa precisa de novas competências e estratégias para cumprir os objetivos ESG. Além disso, embora quase todos os CEOs tenham relatado ter um problema com o talento, 44% dos entrevistados disseram que é mais fácil encontrar uma oportunidade fora da empresa do que dentro dela», aponta.

«Os executivos sabem que têm um papel fundamental a desempenhar na transição energética e de recursos, mas estão preocupados com o fosso crescente entre os seus progressos e os compromissos públicos. Existem três alavancas que os CEOs devem priorizar: política, tecnologia e mudanças no comportamento do consumidor», resume François Faelli, sócio e diretor da prática global de sustentabilidade da Bain & Company.