Os números foram alimentados, segundo a GlobalData, pelo sucesso da Shein, que é agora líder de mercado, tendo aumentado a sua quota de mercado em valor em 7,88 pontos percentuais entre 2019 e 2022. A consultora, citada pelo Just Style, afirma que se deve «aos excecionalmente baixos preços e vastas gamas de produto» da retalhista.
Os dados do estudo Value Apparel Market Size, Share And Trend Analysis By Region And Category Performance, Top Brands And Forecast To 2027 da GlobalData revelam ainda que o sucesso da Shein levou parcialmente ao declínio de rivais como a Boohoo e PrettyLittleThing, que perderam quota de mercado no ano passado. Contudo, a consultora britânica cita igualmente o regresso dos consumidores às lojas físicas, assim como um maior foco na qualidade e valor pelo dinheiro como outros fatores para perda de influência das duas retalhistas.
No total, o mercado mundial de vestuário de preços baixos cresceu 15,2% desde o início da pandemia, com 2022 a registar um aumento do número de consumidores que procuram marcas mais baratas em resposta à pressão inflacionista. O mercado de vestuário a preços baixos deverá crescer 1,6% em 2023, numa altura em que o custo de vida continua a afetar os hábitos de consumo.
Nem todos têm crescido. A Primark sentiu a maior perda de quota de mercado entre 2019 e 2022, quando o consumo passou grande parte para o online. Ainda testou serviços de compra e recolha em loja no Reino Unido, mas, indica a GlobalData, terá de expandir este tipo de serviço se quiser manter-se a par com os seus concorrentes.
Retalhistas multicanal incluindo a Forever 21 e a Kiabi também registaram uma redução de 0,3% na sua quota de mercado entre 2019 e 2022 devido, em parte, ao crescimento da Shein, a que se somou, destaca a GlobalData, a incapacidade das duas marcas de se manterem a par das tendências nestes últimos anos.
A colaboração entre as marcas de gama mais baixa e designers ou franchises ajudaram a impulsionar as vendas de alguns retalhistas no ano passado, com a coleção da Primark com a cadeia de restaurantes Greggs a ser destacada como um grande sucesso, assim como a gama da Shein criada com a Frida Kahlo Corporation.
«Ao desenvolver parcerias únicas e interessantes, as marcas podem criar notoriedade para os seus produtos e, por sua vez, torná-los muito cobiçados», explica o estudo, que acrescenta ainda que um foco no relançamento dos sites de venda online para incluir melhores opções de pagamento e entrega serão essenciais para aumentar as vendas das marcas de gama mais baixa, já que a preferência dos consumidores pelas compras online continuou no pós-pandemia.
Crescimento em todas as regiões
Na América do Norte, a expansão do mercado tem sido particularmente rápida, com as vendas de vestuário de preços baixos a subirem 43,2% em 2022 em comparação com o período antes da pandemia. Muito deste crescimento terá sido resultante dos líderes de mercado Target, Walmart e Forever 21.
A região, contudo, deverá ter a taxa de crescimento anual composta mais baixa entre 2022 e 2027, seguida da Europa, com 2%. De acordo com a GlobalData, isso deve-se sobretudo ao impacto do aumento dos custos causado guerra em curso na Ucrânia.
Outros desafios para este mercado incluem crescentes pressões relacionadas com a sustentabilidade e preocupações dos consumidores em relação a qualidade, sobretudo nas gamas com preços mais baixos.
Embora retalhistas como o Walmart e a Primark se tenham lançado no espaço do athleisure, a GlobalData adverte que vão ter dificuldades em competir com as marcas de desporto conhecidas. Segundo o estudo, os consumidores estão cada vez mais leais às marcas, dando valor às credenciais de performance e aos desejados logótipos associados com especialistas como a Adidas, Nike e Lululemon.