O 4.º Barómetro sobre Cuidados de Conservação de Têxteis da Ginetex, realizado em parceria com a Ipsos, analisou os hábitos dos europeus (alemães, italianos, espanhóis, suecos, britânicos, checos e franceses) sobre o tratamento que dão aos têxteis e concluiu que o fator económico é o principal motivo para as alterações implementadas pelos consumidores.
54% dos europeus são motivados por razões financeiras quando tratam dos seus têxteis (mais 8 pontos em comparação com 2021), enquanto 46% são motivados por preocupações ambientais, o que corresponde a menos 8% do que há dois anos.
O estudo revela que nove em cada 10 europeus se preocupam com a temperatura de lavagem dos seus artigos têxteis, a maior parte dos quais por motivos económicos, especialmente na República Checa, onde 58% dos inquiridos optam por ciclos de lavagem a baixa temperatura por esta razão. O Reino Unido, particularmente afetado pelo aumento dos preços, também se destaca, com 50% da sua população a fazer esta escolha, destaca o Barómetro da Ginetex – Associação Internacional para Etiquetagem de Conservação de Têxteis, que em Portugal é representada pela ANIVEC.
Já as preocupações com a sustentabilidade refletem-se, especialmente, na Alemanha e em França, embora nestes países haja cerca de 40% dos inquiridos a afirmar que lava a roupa a baixas temperaturas por motivos económicos.
Em termos de detergente, 42% usam a quantidade certa na lavagem por razões financeiras e 47% por motivos ambientais.
Ao nível da secagem, a prática mais comum é ainda estender a roupa ao ar, com 79% dos inquiridos europeus a preferirem este método, independentemente das razões subjacentes serem económicas ou ambientais.
«Este barómetro é uma poderosa ferramenta de aprendizagem que nos permite, a cada dois anos, seguir as tendências nas práticas de conservação adotadas pelos consumidores na Europa. Embora as considerações ambientais continuem a ser igualmente importantes, é mais provável que a situação económica influencie os hábitos dos consumidores na forma como cuidam das suas roupas», afirma Thomas Lange, presidente do GINETEX.
Consumo em níveis pré-covid
De acordo com este barómetro, as compras de vestuário nos últimos seis meses regressaram ao nível anterior à pandemia, com 97% dos inquiridos a indicar ter comprado roupa no último meio ano, 39% dos quais afirmaram terem-no feito todos os meses de 2023, em comparação com 35% em 2019.
As frequências de compra são mais elevadas em Espanha (50% dos compradores regulares) e em Itália (52%), sendo mais baixas em França (32%), na Suécia (32%) e na República Checa (27%).
O estudo concluiu que há critérios que estão a assumir maior importância para os consumidores nas compras de vestuário, sendo o preço o principal (59%), seguido do conforto (51%) e da facilidade de lavar (20%). 10% dos europeus têm ainda preocupações com a origem sustentável dos produtos têxteis que compram, uma taxa que sobe para 18% no caso dos alemães.
Para além do tamanho, que continua a ser a informação mais importante para 95% dos europeus, as instruções de conservação e a composição são as informações mais relevantes: 80% dos inquiridos considera que estas informações devem constar da etiqueta.
Também a marca reveste-se, agora, de maior importância para os consumidores (45% dos inquiridos têm isso em atenção, mais 4% do que em 2021 e mais 9% do que em 2019), assim como o país de origem do vestuário (38% dos europeus), sobretudo para italianos (58%), franceses (50%) e alemães (43%).
Cenário no resto do mundo
Pela primeira vez, este barómetro analisou três novos países fora da Europa: Brasil, Austrália e Japão.
Os brasileiros compram mais roupa mensalmente que os europeus (57% face a 39% na Europa), enquanto apenas 25% dos inquiridos japoneses revelaram comprar vestuário todos os meses. Estes últimos, juntamente com os australianos, são também quem mais responde que usa o detergente na quantidade certa por motivos económicos (49%), ao passo que 55% dos brasileiros afirmam fazê-lo por razões ambientais.