Este consórcio luso venceu um Techtextil Innovation Award na categoria “novas abordagens à sustentabilidade e economia circular”. De acordo com o comunicado da Messe Frankfurt, que organiza a feira Techtextil, dedicada aos têxteis técnicos e não-tecidos, «depois dos investigadores do CITEVE terem descoberto que operações de corte na indústria automóvel geram uma grande quantidade de couro natural classificado como resíduo, procuraram uma solução para a reutilizar», acrescentando que o júri considera que «este desenvolvimento é uma simbiose industrial bem-sucedida».
«Resíduo de um sector industrial é usado aqui como um recurso noutro. O trabalho dos investigadores do CITEVE apoia, assim, uma tendência importante para uma indústria têxtil sustentável, eficiente em termos de recursos e amiga do ambiente», salienta ainda o júri internacional, composto por oito especialistas, entre os quais António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE.
A inovação surge no seguimento dos desenvolvimentos realizados no âmbito do projeto Texboost, que além de couro natural incluiu também a valorização de espuma de etil vinil acetato (EVA). Na altura da apresentação do projeto, Mónica Gonçalves, da ERT, salientou que «a tecnologia é verdadeiramente versátil e que o material consegue adaptar-se a todas as solicitações que temos vindo a fazer até agora», até porque «fomos fazendo vários ensaios industriais e após cada ensaio industrial fizemos sempre um estudo de prototipagem e o material respondeu sempre com excelência às exigências».
Mais oito premiados
Este desenvolvimento nacional foi um dos nove destacados nos prémios de inovação da Techtextil. Entre os vencedores, e também na mesma categoria “novas abordagens à sustentabilidade e economia circular”, está um revestimento têxtil compostável do Centexbel, e um sistema de revestimento sem formaldeído desenvolvido pelo Deutschen Institute für Textil- und Faserforschung Denkendorf (DITF) e a empresa francesa TotalEnergies – Cray Valley.
Uma fibra de basalto revestida a alumínio da FibreCoat com a Deutsche Basalt Faser, que funciona como um escudo eletromagnético e pode ser aplicada em hospitais ou veículos elétricos venceu na categoria “nova tecnologia”, onde teve a companhia da sueca OrganoClick, que também foi galardoada por um ligante de base exclusivamente biológica para aplicação em não-tecidos. «Para uma empresa jovem como a nossa, ganhar um Techtextil Innovation Award é um marco importante», afirma Robert Brüll, CEO da FibreCoat.
Na categoria “novo conceito”, os vencedores foram a Kelheim Fibrtes e o Saxon Textile Research Institute pelo desenvolvimento de não-tecidos termocolados com base celulósica para a fabricação de produtos reutilizáveis com elevada absorvência, como fraldas. Já a italiana Vérabuccia arrecadou o prémio dedicado à performance em moda com o processo patenteado que permite transformar resíduos de fruta em materiais para a produção de moda. O primeiro material, batizado Ananasse, mantém a aparência original da casca do ananás.
Já a feira direcionada para as tecnologias de processamento de materiais flexíveis atribuiu três prémios na categoria “nova tecnologia”, à Vetron Typical Europe GmbH, à ZSK Stickmaschinen GmbH e à Juki Central Europe, e um na categoria “nova digitalização”, à Dürkopp Adler.
A ZSK Stickmaschinen desenvolveu um novo tipo de cabeça de bordado, o R-head, para máquinas de bordar com uma ou mais cabeças, que permite atingir velocidades até 2.000 pontos por minuto, com maior precisão e fiabilidade do bordado, além de reduzir significativamente o ruído em comparação com as cabeças de bordar convencionais e possibilitar a sua substituição pelo próprio cliente. Hans-Rochus Groß, diretor de tecnologia de aplicação da ZSK, revela que, durante o processo de desenvolvimento, foram motivados por uma citação de Hermann Hesse, “para alcançar o possível, devemos tentar o impossível”. «Nesse sentido, o Texprocess Innovation Award confirma que alcançámos os nossos ambiciosos objetivos. O prémio será uma motivação adicional para continuarmos a atingir o máximo possível para os nossos clientes no futuro», enquanto o júri acredita que esta é «a reinvenção da cabeça de bordar», assegura.
A Juki Central Europe criou o dispositivo de bobinagem automática AW-3S, que não só calcula automaticamente a quantidade de linha necessária, mas também é capaz de mudar automaticamente a linha de costura. Isto reduz a fadiga da equipa, permitindo que se concentre mais na produção e no controlo de qualidade. O júri destaca esta transição de um processo manual para automático como mais um exemplo da Indústria 4.0.
Na categoria “nova digitalização”, o prémio foi para a Dürkopp Adler pelo seu módulo de software QONDAC Guided Working que, de acordo com a construtora de máquinas de costura industriais, constitui o elo perfeito entre o planeamento, a equipa operacional e as máquinas.
A Techtextil e a Texprocess abrem portas amanhã e prolongam-se até 24 de junho, realizando-se em paralelo com a Heimtextil, vocacionada para os têxteis-lar.