Comfort & Innovations testa marcas novas

Com 40% da produção a levar já a etiqueta epónima, a Comfort & Innovations está a ponderar reforçar a aposta nesta área com a criação de duas marcas próprias: uma pensada para a linha de cama e uma segunda que dará nome à linha para vestir a mesa.

Rui Rodrigues

Os primeiros testes estão já a ser efetuados e a recetividade do mercado tem sido positiva. «Já fizemos um flyers e mandámos o layout para alguns clientes, para ver qual era a reação. E foi uma reação engraçada», confessa Rui Rodrigues, um dos fundadores e administradores da Comfort & Innovations.

As duas marcas estão a ser registadas para a Europa, sendo que é precisamente o mercado europeu que preenche os cerca de 75% das exportações da empresa. «Dentro da Europa temos Espanha, que é o nosso principal mercado. A Dinamarca e o Japão vêm logo de seguida. Mas temos as nossas vendas dispersas um pouco por todo o mundo», afirma o administrador ao Jornal Têxtil.

Dividir para reinar

A dispersão faz parte da estratégia da Comfort & Innovations, que em cada mercado coloca limitações ao número de clientes. «Procuramos dar condições aos nossos clientes para crescerem e conquistarem, eles próprios, o mercado onde estão inseridos. E não terem uma concorrência que possa desencorajar o trabalho com os nossos produtos», explica Rui Rodrigues. «O objetivo é dar ao cliente tempo, acompanhá-lo e proporcionar-lhe o apoio necessário para que possa vingar, porque o sucesso dele é o nosso sucesso», revela.

A gama de produtos abrange toda a casa, do quarto à cozinha, mas «temos vindo a fazer uma aposta grande na linha de cama, num segmento médio-alto, onde procuramos incorporar valor acrescentado, quer a nível do trabalho de confeção e aplicações, quer, sobretudo, com telas de qualidade superior, também para nos diferenciarmos do consumo de massa que tem a Turquia, Paquistão e Índia enquanto concorrentes. Serviço, qualidade e preço – são estes três fatores que estão por detrás de toda a filosofia da empresa», aponta o administrador.

Dentro da empresa familiar, fundada juntamente com os irmãos Rodrigo e Marta, em 2004, é realizada a confeção e embalagem dos artigos, sendo a tecelagem e os acabamentos subcontratados. Por ano, é desenhada uma coleção, que é apresentada na Heimtextil, mas «ao longo do ano vamos incorporando sempre coleções temáticas, para a Páscoa, Natal e algumas coisas mais vocacionadas para a primavera-verão e outono-inverno», assegura Rui Rodrigues, para quem a marca própria «possibilita chegar aos clientes de menor dimensão, permitindo-lhes comprar apenas aquilo que necessitam. Não obrigando a grandes quantidades e tentando ser o mais flexível possível, conseguimos distinguir-nos da concorrência e criar valor para nos protegermos a nível de preço».

Reforço nos EUA e na Europa

Com os mercados «muito instáveis» e o pedido de séries mais pequenas por parte dos clientes de private label, que representam cerca de 60% das vendas da Comfort & Innovations, que no ano passado superaram os 1,85 milhões de euros, as previsões para 2019 são «difíceis». Segundo Rui Rodrigues, «está um ano muito atípico, não está como os anteriores, que tinham vindo sempre em crescendo. Há algum medo por parte dos clientes, que pedem séries mais pequenas para ver como vão as vendas e estão dispostos a correr cada vez menos riscos. Mesmo as repetições, há uma tendência para diminuírem, porque os clientes preferem algo novo a repetir algo que já tiveram, mesmo que registado sucesso de vendas».

Sem grandes oscilações em termos geográficos, há, contudo, um mercado que está a alimentar melhores expectativas – os EUA –, sobretudo «porque temos uma posição residual nesse mercado e, dada a sua dimensão, achamos que os contactos que temos vindo a desenvolver poderão dar frutos», justifica o administrador. O mesmo acontece nos mercados da América do Sul. «Há um ano que andamos a trabalhar esses mercados, mas são coisas que levam o seu tempo a dar resultados. Há que ter paciência e continuar a investir», considera Rui Rodrigues.

Já na Europa, são a França e a Alemanha que estão a concentrar as apostas da Comfort & Innovations. «São mercados onde a nossa presença tem sido residual ou nula nos últimos anos. E, pela sua dimensão, fizeram-nos repensar alguma da nossa estratégia – estamos neste momento a virar os esforços para que possamos vir a ser felizes nesses dois mercados», conclui o administrador.