Os choques macroeconómicos nas principais economias mundiais alteraram o comércio internacional de vários países, incluindo os EUA. A prova está no relatório anual Mudanças no Comércio de Mercadorias nos EUA 2012 da Comissão de Comércio Internacional dos EUA (ITC na sigla original), que revela as alterações verificadas nas importações de têxteis e vestuário do país (ver Comércio à lupa Parte 1) mas também nas exportações. As exportações de têxteis e vestuário caíram 222 milhões de dólares (cerca de 164 milhões de euros), ou 1%, para 19,2 mil milhões de dólares em 2012. Ao contrário das importações dos EUA, as exportações são sobretudo compostas de têxteis, com 82% do total. Isto porque os têxteis são mais comummente usados como matérias-primas intermédias para produtos acabados produzidos no estrangeiro, que são depois importados novamente para os EUA. Os principais mercados para as exportações têxteis dos EUA são países parceiros do Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA na sigla original) ou o Acordo de Comércio Livre República Dominicana-América Central-EUA (CAFTA-DR) que coletivamente representaram 61% das exportações em 2012. Para além do tratamento aduaneiro preferencial, estes parceiros beneficiam de prazos de entrega mais curtos devido à sua proximidade com o mercado americano. Uma vez que muitas das fibras, fios e tecidos exportados para países parceiros do NAFTA e CAFTA-DR reentram nos EUA como vestuário acabado, a procura por têxteis nos EUA está correlacionada com as importações de vestuário destes países. Como tal, as exportações têxteis dos EUA para estes parceiros comerciais caíram 4% entre 2011 e 2012, o que em parte está refletido numa quebra de 1,2% nas importações americanas de vestuário destes países durante o mesmo período. Os envios dos EUA para os seus três principais mercados de exportação México, Canadá e Honduras mostram resultados mistos entre 2011 e 2012. As exportações dos EUA para o México aumentaram 2%, para 4,2 mil milhões de dólares, e as exportações para o Canadá subiram 5%, para 3,9 mil milhões de dólares. Já as exportações dos EUA para as Honduras desceram 21%, para 1,5 mil milhões de dólares. As exportações de fibras e fios registaram o maior declínio, de 10%, para 5,1 mil milhões de dólares, enquanto as exportações de tecido permaneceram praticamente inalteradas. Como estes inputs são primariamente usados na produção de vestuário acabado, a redução nas exportações dos EUA reflete mais uma vez menos envios de inputs para unidades de produção de vestuário no estrangeiro. Considerados no seu conjunto, os números mostram que, em 2012, o défice comercial dos EUA em têxteis e vestuário subiu ligeiramente em 0,1%, ou 119 milhões de dólares , para 94,3 mil milhões de dólares, após uma quebra de 1% nas exportações ter sido ultrapassada por 0,1% de declínio nas importações. As importações fornecem a maior parte da procura dos EUA por têxteis e vestuário, mas enquanto o valor unitário médio das importações dos EUA tenha caído ligeiramente, os preços mais elevados no retalho significaram que o consumo em vestuário subiu 5%. Três categorias camisas e blusas; calças; e robes, roupa de dormir e roupa interior representaram, em conjunto, a maior quota (43%) das importações americanas de têxteis e vestuário no ano passado, apesar de terem registado uma descida de 1%, para 49 mil milhões de dólares. Embora as exportações de tecido dos EUA tenham continuado a liderar as exportações do sector, o seu aumento de 1%, para 6,3 mil milhões de dólares, foi contrabalançado pela quebra nas exportações de outros dos principais produtos têxteis dos EUA, nomeadamente fibras e fios. Os EUA continuaram a registar um défice comercial em relação à maior parte dos seus parceiros internacionais neste sector em 2012. Nomeadamente, destaca-se o défice comercial com as Honduras, que aumentou 40%, para 1,2 mil milhões de dólares. A única grande exceção foi o Canadá, o segundo maior mercado de exportação para os artigos têxteis e de vestuário dos EUA. Aqui, os EUA registaram um excesso comercial de quase 1,5 mil milhões de dólares.