lvaro Uribe, presidente da Colômbia, afirmou sobre a superioridade da China, «a indústria têxtil e de vestuário, um dos sectores mais importantes da economia do nosso país, pode fazer frente à China em três vertentes: garantia de uma democracia, uma melhoria contínua da qualidade e produtividade e uma formação de qualidade, em que estamos actualmente a investir».
Uma nova imagem Uribe publicita a nova imagem do seu país resultante da sua actuação nos últimos três anos. Ele luta contra os clichés relacionados com a Colômbia como os raptos, guerra civil, tráfico de droga e lavagem de dinheiro. Para salientar a importância desta indústria fez questão de estar presente na Columbiamoda, uma das feiras de moda mais importantes da América Latina, realizada anualmente em Agosto. Durante quatro dias, em Medellin, o centro têxtil do país, mais de 400 produtores de vestuário feminino, masculino, infantil e de roupa interior demonstraram que a Colômbia se pretende tornar cada vez mais forte na produção de tecidos. As 354 empresas têxteis do país, produzem anualmente mais de 800 milhões de metros quadrados de tecido, na sua maioria de algodão, mas também de fibras não-naturais. Cerca de 250 milhões de peças são produzidas pelas 5000 empresas de vestuário. No total, 800.000 colombianos trabalham em pequenas e médias empresas familiares, mas também em grandes empresas que empregam mais de 5.000 trabalhadores, exibindo um volume de negócios na ordem dos 300 milhões de euros. «Podemos produzir tudo, desde produtos básicos até produtos de segmento superior», afirma Rodrigo Mora, da Casa Konkord, que conta com 1200 trabalhadores e produz também t-shirts e têxteis-lar para a Otto, Aldi, Karstadt e Rewe. Esta é a vantagem e também o problema da Colômbia: não existe uma especialização. No último ano, segundo dados do governo, o país exportou têxteis e vestuário no valor de 1.1 mil milhões de euros. Até ao momento a Colômbia produz sobretudo para os seus países vizinhos e para os grandes produtores dos EUA. O país espera, depois da guerra das quotas, transformar-se numa alternativa à China também para os produtores europeus. «Procuramos já há muito ganhar clientes na Alemanha, mas esta tarefa tem-se revelado muito díficil. Vejo uma possibilidade de produzir para empresas que querem exportar para os EUA, uma vez que os impostos deixarão de existir», afirma Maria Luísa Arango, presidente da Everfit Indula, um dos maiores produtores de vestuário para homem. A empresa produz diariamente mais de 3.500 calças e 2.500 casacos. Entre os seus maiores clientes contam-se a Tommy Hilfiger, Marc Cain, Kenneth Cole e Liz Claiborne. Novos mercados A empresa tem como actividade principal a produção da sua marca própria de vestuário para homem, Everfit. A marca é dirigida para o segmento médio e é comercializada em doze lojas próprias na Colômbia, Equador, Venezuela e Panamá. Para além desta marca especializou-se em uniformes. Nas palavras de Arango, «temos de descobrir novos campos de actuação, uma vez que não podemos concorrer com os chineses em termos de preço». Os salários mensais para uma semana de trabalho de 48 horas situam-se em média nos 200 euros e um par de jeans custa entre 9 e 11 euros. «O que neste país é um salário mensal representa o que muitos chineses ganham num ano», explica Lina Najera Archila. Ela é a directora da organização Anpac Comercializadora Internacional, que reúne doze empresas e que esteve presente pela primeira vez na Columbiamoda. A feira contou com muitas colecções columbinas e também com a presença das maiores marcas mundiais de roupa interior, como a Leonisa e Ondade Mar, e marcas internacionais tais como a Levis e Náutica, as quais têm na Colômbia os seus centros de produção e rede de distribuição na América Latina. «A Europa é um mercado de segmento superior e nós produzimos vestuário neste segmento, desde o design, até ao tecido e ao produto acabado», publicita Archilla. Contrariamente à China, as encomendas pequenas são bem recebidas. As empresas aceitam encomendas de 120 peças. Para além destes factores os colombianos apostam igualmente na inovação. O presidente Uribe quer que a indústria têxtil e de vestuário colombiana, com os seus 40 anos de tradição, cresça tão rapidamente como a Columbiamoda, a qual começou há 16 anos atrás apenas com 20 expositores e que este ano assinou uma acordo de parceria com Milão. «Medellin deverá tornar-se no centro criativo da América Latina e também tornar-se na alternativa à Ásia para os europeus. Vamos proteger o nosso país da soberania da China», declarou Uribe no início da feira. No último dia da Columbiamoda, o ministro da economia apresentou as primeiras medidas anunciando uma subida dos impostos de importação para os têxteis oriundos da China, dos actuais 15 por cento para uma percentagem que poderá chegar aos 80 por cento.