No âmbito do projeto Futures.ModaPortugal, o CENIT estruturou um ciclo de conferências que prosseguirá, esta quarta-feira, com o tema Inovação, pelas vozes do diretor de inovação do grupo ERT, Fernando Merino, e do designer de comunicação responsável pela conceção do ColorADD, Miguel Neiva.
A ERT dedica-se à laminação têxtil, termomoldagem de peças técnicas, corte de componentes têxteis e couro por prensa e CAD-CAM, com o interior de veículos a representar a maior parte do volume de negócios. O objetivo da empresa para o futuro é crescer noutras áreas, como a moda, o desporto e o lazer, nomeadamente nos mercados externos, através da tecnologia, flexibilidade industrial e capacidade de inovação, criando para o efeito diversas parceiras com centros de investigação.
Por sua vez, o ColorADD é um sistema de identificação de cores universal para daltónicos, que permite a inclusão de cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo. Considerado pela revista Galileu como uma das «40 ideias para melhorar o mundo», o código Color ADD está já a ser implementado em vários países por diversas instituições dos diferentes sectores económicos da sociedade, incluindo no sector têxtil e vestuário.
As inscrições para o workshop já estão abertas, mediante o contacto com Marisa Guimarães (mguimaraes@portugaltextil.com).
Na última sexta-feira, o CENIT já havia apresentado o workshop “A Formação na Indústria da Moda”, que juntou Pedro Guimarães, chefe de unidade da qualificação da formação do MODATEX, e Elsa Faria, coordenadora de formação do CITEVE. Os líderes de formação abordaram os projetos e ações disponibilizadas pelas respetivas entidades, no sentido da valorização dos recursos humanos das empresas, ao nível da aprendizagem e do empreendedorismo, para potenciar a empregabilidade na indústria têxtil e vestuário (ITV).
Cursos de formação e especialização
Segundo Elsa Faria, o centro tecnológico criou a marca Academia CITEVE dedicada à formação e qualificação dos recursos humanos, cujo lema é «criar talento dentro das empresas». Por consequência, o CITEVE desenvolve projetos não só ao nível da formação, mas também na sensibilização (como o “Pensa Indústria” e o “Made for Schools”), para as crianças e os jovens compreenderem que, «em termos profissionais, podem ter futuro se vierem a escolher cursos e profissões nesta área», afirmou Elsa Faria.

Deste modo, a Academia CITEVE assenta em quatro tipologias de projetos: Formação, Sensibilização, Empreendedorismo e Inovação, cujo público abrange todos os estudantes desde o ensino primário até ao superior, bem como profissionais do sector têxtil e vestuário. Estes projetos abordam temas sobre a tecnologia têxtil, vestuário e moda, sustentabilidade e economia circular, indústria 4.0 e outras tecnologias de informação e comunicação, línguas estrangeiras aplicadas à ITV, I&D e inovação, saúde, segurança e higiene no trabalho e gestão e comportamento humano.
Por outro lado, ao nível da especialização, Elsa Faria explicou que o CITEVE esteve envolvido na criação da Escola Tecnológica Têxtil, na década de 90, «porque, de facto, havia uma lacuna ao nível dos quadros intermédios». Desde então, o centro tem procurado investir cada vez mais em cursos de especialização, preparando-se para lançar, em 2020, três CET – Cursos de Especialização Tecnológica: industrialização do produto moda, processos de coloração e acabamento têxteis e comércio de moda. Elsa Faria revelou também que o curso “Têxteis técnicos e funcionais” está ainda a ser desenvolvido, mas não tem, para já, data de lançamento prevista.
O CITEVE integra anualmente cerca de mil alunos em mais de 100 ações de formação (na maioria de curta/média duração), que se estendem por mais de 150 mil horas.
Por seu lado, Pedro Guimarães assegurou que, face a um mundo aberto à informação, «necessitamos de estar formados para interpretar a informação, mas também precisamos de informação para poder compreender a formação». Neste sentido, o MODATEX procura «complementar as competências passo a passo, num contexto de formação ao longo da vida».
Para tal, disponibiliza os cursos de empreendedorismo/criação de micronegócios, bem como gestão internacional de negócios da moda, que apoiam a formação desde a criação da ideia e planeamento até à colocação do produto nas mãos do cliente, «sempre numa perspetiva de comércio internacional», sublinhou Pedro Guimarães.
Em 2020, o MODATEX irá oferecer também formações nas áreas do comércio e logística internacional, marketing digital de moda, e-commerce de moda, marketing nas redes sociais, merchandising e vitrinismo, efeitos especiais e estamparia, tendo sempre por base o pressuposto da sustentabilidade. Acrescentam-se as ações de formação mais comuns do MODATEX, em áreas como modelação (onde têm o maior número de formandos), técnicas de alfaiataria, projetos criativos de malhas, tendências e controlo de qualidade de malhas, denominação de tecidos e malhas, design de estampados, ilustração digital de moda e branding.
O MODATEX reúne anualmente cerca de 5 mil formandos certificados e 1 milhão de horas de formação. Em fase terminal, prepara-se para lançar um curso qualificante com a Farfetch, “E-Commerce Fashion Styling”, que «tem como princípio ir buscar pessoas com tendências criativas, de preferência já designers, para terem um upgrade para a componente e-commerce, mas também com styling para selecionar produtos e fazer catálogo».
Financiamento é chave para a formação

Um dos maiores desafios para potenciar a formação profissional «não tem sido a empregabilidade, porque os nossos alunos têm sido imediatamente escoados para o mercado de trabalho, mas sim a dificuldade que temos tido de obter o financiamento», defendeu Elsa Faria, admitindo que no programa do Portugal 2020, «há um desinvestimento ao nível dos CETs».
Também Pedro Guimarães assumiu que, na formação à medida, «temos o constrangimento dos financiamentos da formação profissional que obrigam a que no mínimo haja 15 [formandos] para a ação ser financiada», o que constitui um problema, já que as especificidades deste tipo de curso não são adequadas para grupos desta dimensão.
Neste sentido, ambos os centros procuram potenciar o networking, colaborando com outras entidades para «influenciar algumas políticas públicas» e «ir ao encontro das necessidades das empresas», de acordo com Elsa Faria. Pedro Guimarães reforçou que entre o MODATEX e o CITEVE «não nos entendemos como concorrentes – antes pelo contrário, somos muito complementares», tendo já colaborado em projetos comuns, como é o caso das “Costureiras de Elite”, em 2016.