Um novo relatório do Economic Research Service do Departamento de Agricultura dos EUA revela que, depois de anos de aumento dos custos de produção, volatilidade provocada pela intervenção do governo no mercado e a fixação de tetos nas importações, as importações de algodão pela China caíram de um pico de 24,5 milhões de fardos (cada fardo tem aproximadamente 480 libras, ou 218 quilos, de algodão) em 2011 para 4,4 milhões de fardos em 2015, tendo recuperado mais recentemente para 9,5 milhões de fardos em 2021.
«Desde que a China se juntou à Organização Mundial do Comércio em 2001, a produção têxtil tornou-se na componente central do seu desenvolvimento económico. A partir do ano comercial de 2010, o governo chinês construiu stocks estratégicos de algodão para proteger a sua indústria têxtil. Isso, entre outras políticas, gerou uma procura massiva por algodão estrangeiro e a China tornou-se na maior importadora de algodão do mundo. Contudo, a China começou a desinvestir destas medidas no ano comercial de 2014 e a vender os seus stocks, alinhando os níveis de importação com os dos outros países», indica o relatório, atualizado no passado dia 11 de outubro.
No mesmo período, países concorrentes como o Vietname, o Paquistão, a Indonésia, o Bangladesh e a Turquia expandiram as suas indústrias têxteis e aumentaram as importações de algodão, que, em conjunto, são superiores às da China. Na análise ao relatório do Economic Research Services, a consultora Sandler, Travis & Rosenberg destaca que as importações de algodão destes países vão aumentar em 8,1 milhões de fardos entre 2021 e 2030, enquanto as da China deverão subir 3,5 milhões de fardos. Até 2030, estes cinco países deverão representar 47% das importações mundiais de algodão, enquanto a China deverá ter uma quota de 24%.
Índia lidera na produção, China no consumo
Em termos de consumo, a China ocupa o primeiro lugar ao nível do processamento de algodão para a fabricação de têxteis e vestuário, representando um terço da utilização mundial da fibra pelas fábricas. A Índia surge no segundo lugar, com cerca de 20% do total, seguindo-se o Paquistão, com 9%. No entanto, realça o relatório americano, «as quotas de ambos os países [Índia e Paquistão] mantêm-se relativamente estáveis. Em contrapartida, há tendências de crescimento no consumo de algodão no Bangladesh e no Vietname», sobretudo devido à deslocalização de encomendas para países com mão de obra mais barata.