China em mudança

Depois da rápida expansão económica, o crescimento da China desacelera agora para um ritmo menos frenético. O país está a conhecer um período de mudança em valores e prioridades e prestes a assumir-se como jogador-chave global.

Eis os principais eixos de mudança do Império do Meio, de acordo com o portal de tendências WGSN.

A necessidade de reforma

No ano passado, o yuan foi reconhecido como a quinta moeda de reserva internacional pelo FMI.

Com um voto de confiança global a apoiar a China, este foi um passo importante para a nação em desenvolvimento. Embora a renda per capita do país para as famílias urbanas permaneça bem abaixo dos seus novos pares, em 2015 foi de 31,195 yuans (aproximadamente 4.342 euros), o yuan vai juntar-se ao dólar americano, libra esterlina, iene japonês e euro.

Este novo lugar no cenário mundial marca o início de um período-chave de reforma. Próximo do seu papel como o anfitrião dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, o país fez ainda uma promessa para melhorar a qualidade do ar.

Com a comunidade global e os ativos internautas chineses a assistir, estas questões estão rapidamente a tornar-se tão importantes para a manutenção da estabilidade social como o próprio crescimento económico.

Querendo a China estabelecer-se como jogador-chave global, a reforma será uma fonte essencial de orgulho nacional. Espera-se que a qualidade do ar, segurança alimentar e campanhas anticorrupção em curso continuem a ser temas quentes.

O clima económico

Ainda que o atual clima económico do país seja reservadamente confiante, a meta anual taxa de crescimento económico da China deverá alcançar uns saudáveis 6,5% nos próximos cinco anos.

O novo plano a cinco anos, que deverá ser implantado em março, inclui novas prioridades-chave como a inovação, a reforma burocrática, as indústrias verdes, o desenvolvimento rural e a redução da pobreza.

Acordos comerciais e de investimento estão também em curso, ou foram já alcançados, com a União Europeia, Austrália e até mesmo com o Irão, o que indica um futuro novo e cada vez mais internacional.

Um regresso à tradição

Com a China a posicionar-se como jogador internacional e a exposição do consumidor a mercados desenvolvidos em crescendo (desde as viagens, ao acesso à Internet, passando pelo consumo de cultura pop do exterior), há, no entanto um forte movimento no sentido de um regresso aos valores tradicionais chineses.

As principais tendências incluem a ascensão da cultura de leitura (apoiada pela popularidade dos microblogs do WeChat) ou ainda um movimento em prol do regresso ao fanti (caracteres tradicionais) nos media nacionais.

Estilo de vida, a nova prioridade

Para os chineses, o estilo de vida mudou-se para além da simples satisfação de uma necessidade e estes deslocam agora mais dinheiro ou tempo no cultivo de uma forma de vida ponderada, com grandes implicações para os gastos do consumidor.

Entre a classe média alta, há um número crescente de solteiros urbanos e dinks (duplo rendimento, sem filhos), um movimento wealthness (saúde e bem-estar), e a ascensão de viagens como novo símbolo de status.

A incapacidade financeira para escapar de alimentos e ar contaminados levou os consumidores a apreciarem a importância de desfrutar do momento. Os chineses estão ansiosos para expressar-se através de escolhas de estilo de vida: como vivem, comem, jogam e fazem compras.

Ativismo animal

Devido às diferenças de crenças alimentares regionais na China, desde os ingredientes da MTC (medicina tradicional chinesa) às regulamentações da indústria de cosméticos nacional, os direitos dos animais continuam a ser uma questão social fundamental para os consumidores chineses.

Na moda, apoiado pela designer Fake Natoo e pela popularidade da marca internacional Stella McCartney, os pelos falsos estão em ascensão. Os designers nacionais também começaram a apoiar causas como a Think Adoption através da doação de produtos para a angariação de fundos.

O boom dos media

Com a maior população do mundo e um público de classe média crescente, a China está a experimentar um boom de media.

Este novo hábito também está a fornecer material narrativo para a criação e elaboração de temas de design orientados, por exemplo, pela cultura pop e pelas mensagens de marketing. Não obstante, a censura continua a ser um problema.

A censura para o entretenimento e ficção é vista como um desperdício de tempo arbitrário por parte dos cidadãos chineses, e como algo que desnecessariamente exacerba os problemas sociais existentes.

Com os ventos de mudança, porém, a procura por conteúdo de alta qualidade está a assistir à ascensão do talento doméstico.

Escapismo digital

A alta taxa de penetração móvel na China e a crescente lista de “mega” cidades fizeram das experiências motivadas pelos smartphones a forma mais barata e acessível de escapar aos espaços públicos cada vez mais superlotadas.

Os consumidores chineses estão ansiosos por experimentar e aprender sobre coisas novas, seja no microblogging do WeChat ou através de aplicações dedicadas à alimentação, leitura e viagens.

O streaming de vídeo é outra forma popular de passar o tempo em deslocações para trabalhar em cidades como Xangai, Pequim e Cantão, onde a rede de wi-fi pública e gratuita está a ser implementada.

Novos centros de inspiração

O abrandamento económico e o foco em direção a regiões menos desenvolvidas no interior da China está a criar dois novos centros inspiração na insular região ocidental do país.

Ainda que o país tenha sido desde sempre inspirado pelo “ou mei ri han” (Europa, América, Japão e Coreia), existe atualmente um movimento em direção a uma estética mais próxima de casa e mais culturalmente familiar.

Lançada pela empresa-mãe da revista Yoho, a aplicação de viagens Mars oferece insights das cidades de Pequim, Xangai, Tóquio e Seul.