Check-up a 4 uniões de facto I

Malhacila confiante Jornal Têxtil – Quando é que começou a vossa ligação ao estilista Osvaldo Martins, e como é que está a correr? Malhacila (Concreto) – Esta ligação ao Osvaldo Martins deu-se através de uma proposta do Centro Português de Design. Eles estavam a tentar promover os estilistas junto da indústria e perguntaram-nos se queríamos participar também num projecto destes. Tinham vários estilistas, um deles era o Osvaldo Martins e nós aceitámos colaborar com ele. Esta ligação começou talvez há cerca de dois ou três anos. Até aqui fazíamos as colecções dele, vendíamos para algumas lojas, tipo experiência, para ver qual era a aceitação, mas a partir desta época vamos comercializar a sério. O Osvaldo faz a colecção de acordo com o mercado, faz as colecções comerciais, mas também não queremos que ele faça peças básicas, tem que ter algo de diferente que justifique também o nome. São sempre peças um bocadinho diferentes, mas de qualquer modo, acho que existe mercado. Nós vendemos as colecções para as lojas multimarca e é neste tipo de lojas que estamos a fazer contactos para comercializar, porque não temos lojas próprias e não é nossa intenção neste momento criá-las, pois é um tipo de investimento que não temos condições para assumir. JT – Houve algum tipo de adaptações que tivessem de ser feitas pelo Osvaldo Martins, por exemplo, a nível de materiais, número de peças produzidas, tamanhos, etc… M – Exigir não exigimos. Antes dele desenhar a colecção conversamos e definimos as matérias-primas, as cores, etc… E a partir daí ele desenha já com a ideia de que tem de dar largas à criatividade, mas de forma que ao mesmo tempo, a colecção seja comercial. Ele faz as colecções com o seu cunho pessoal, de maneira que se veja que são Osvaldo Martins, mas ao mesmo tempo, que as pessoas queiram vestir. JT – Projectos para o futuro… M – Esta é uma marca que pode ter projecção no nosso mercado, ele tem muitas ideias e acho que vai longe. A parceria vai continuar, vamos investir agora numa colecção a sério, e é de todo o nosso interesse que vá durar e que tenha sucesso. Num futuro próximo não estamos a pensar em lojas próprias, mas um dia quem sabe, se o sucesso for muito, tínhamos muito gosto. Osvaldo ansioso Jornal Têxtil – Quando é que começou a ligação de Osvaldo Martins à Malhacila (Concreto) e qual a avaliação que faz? Osvaldo Martins – Neste momento, o processo ainda está numa fase bastante embrionária, porque foi um processo ainda de adaptação, de conhecimento mútuo e ainda estamos numa fase experimental. A parceria consta de certa forma em eu desenvolver a parte de criação e design de uma colecção em meu nome, e a empresa, que é a Malhacila compromete-se a tratar da parte de comercialização e distribuição da marca. Já fizemos uma prospecção de mercado, e estamos mesmo na fase em que vamos realmente lançar a colecção em termos comerciais. E esperamos que esta ligação venha assim ajudar a alcançar estes objectivos. Esperemos que desta parceria resulte uma união em que se consiga ter algum sucesso, mas tanto eu como a empresa sabemos que isto é difícil. JT – Houve algum tipo de adaptações que tivessem de ser feitas, por exemplo, a nível de materiais, número de peças produzidas, tamanhos, etc… OM – Isto depende um bocado de pessoa para pessoa, de criador para criador, porque por exemplo, eu sempre tentei trabalhar coisas com o conceito de design, e o design por si só implica que as coisas têm obrigatoriamente de se poder produzir em série, daí o lado industrial da questão. Por isso eu só tento criar uma filosofia de produto que realmente possa ser confeccionado em série. Tenho ainda de ter em conta as matérias-primas que a própria empresa tem, e que posso realmente explorá-las em sectores de design completamente diferentes. JT – Projectos para o futuro. OM – Neste momento é óbvio que tenho de projectar de certa forma a minha marca, lançá-la em termos comerciais, e estou a fazer uma parceria também no calçado com a Codiso, uma empresa de Felgueiras. Estou também de certa forma ligado a outras empresas, só que a parceria é diferente, por exemplo, estou ligado à Cristêxtil, em Guimarães, que é uma parceria mais de sub-contratação. Eles colaboram connosco na colecção, desenvolvem-nos uma parte da linha, um grupo de produto diferente, que neste caso são malhas circulares, malhas jerseys, bem como estamparias. Depois tenho projectos pessoais como consultor, também dou aulas no Citex. Jotex pioneira Jornal Têxtil – A Jotex tem uma parceria com um estilista, como é que tem corrido? Estão satisfeitos? Jotex – A Jotex tem uma parceria com um estilista conceituado há treze anos, que é o Luís Buchinho. Ele acabou o curso, veio para aqui estagiar e ficou. Nós estamos muito satisfeitos, eu acho que é óptimo para ambas as partes. Apesar de sempre termos feito criação, mesmo sem estilistas, acho que um criador dá outro ânimo, desenvolve coisas que às vezes não nos passam pela cabeça, que no fundo também são comercializáveis, até porque a parte comercial da empresa está atenta às colecções e altera-se uma coisa ou outra, porque tem de se jogar a criação com a parte comercial, mas nós temos tido bons resultados e como tal estamos bastante satisfeitos. JT – Em termos de adaptação, houve muitas coisas para adaptar? J – Não, porque aqui houve um desenvolvimento gradual, não houve nenhum impasse. Em tudo o que se desenvolvia tentava-se fazer uma alteração ou outra, como é lógico, adaptando o trabalho do criador às matérias-primas, dado que ele inicialmente não estava muito dentro do assunto. Hoje as adaptações são muito menores, já está 100 por cento dentro do assunto. Eles conseguem realmente desenvolver e criar tudo em conjunto, a parte comercial e a criação. JT – É capaz de me dar algum projecto para o futuro? J – A parceria é importante, e agora temos um projecto de abertura de lojas, mas só para o ano é que vamos iniciar. Buchinho satisfeito Jornal Têxtil – Como é que está a correr a ligação à indústria? Luís Buchinho – Está a correr bem. Eu acho que o ideal para um criador é realmente acabar por ter a sua própria indústria, porque conseguimos dar mais vazão às nossas encomendas, pelo menos naquelas que têm quantidades menores, contando assim, com os nossos próprios meios. Eu acho que a ligação à indústria é mesmo essencial, só que depois acabamos sempre por lidar com algumas dificuldades da parte de produção devido a termos umas quantidades um bocado mais reduzidas, e não serem peças muito fáceis de fabricar. O ideal seria realmente isso, mas não é o que acontece. Eu não estou a falar só em relação à Jotex, como é óbvio, estou a falar em relação a alguns contactos que acabo por fazer, mas compreendo perfeitamente a posição tomada por parte dos industriais, porque é algo que para eles porem em linha, é bastante moroso. O ideal é nós termos alguns contactos com a indústria mas depois também termos as nossas salvaguardas. Em relação à Jotex, o que é essencial definir é que eu sou o designer, sou o estilista da Jotex. Para fazer a minha colecção não tenho propriamente uma parceria com a Jotex, é uma espécie de encomenda que é feita da parte do Luís Buchinho para com a Jotex. JT – E o que é que se poderia melhorar nessa ligação? LB – Eu acho que nesta como noutras, poderia haver uma abertura maior para tornar essa parte da colecção numa parte maior, mais quantidade e mais peças, não estou a falar só em relação à Jotex, mas ao mercado em geral. E depois, se eles conseguissem vocacionar isso, o que é muito difícil, para um pedido de quantidades mais pequenas, e para peças mais