As despesas com a compra de vestuário aumentaram 26% nas famílias francesas que viram os seus horários de trabalho reduzidos para as 35 horas semanais. Esta constatação advém de um inquérito realizado pela Ipsos em 574 assalariados, para a Euro Rscg Communicance, uma agência de publicidade que detém as quotas publicitárias das marcas de vestuário analisadas. De acordo com a notícia publicada no Journal du Textile, o resultado não suscitou grandes surpresas, uma vez que já em 1996 um estudo sobre a ocupação de tempos livres dava conta que 90% dos franceses respondiam que guardavam esse tempo «para si» deixando antever que um dos hobbies dos franceses era fazer compras. Os comportamentos de consumo relacionados com a redução do tempo de trabalho variam consoante as categorias sociais. «Globalmente o sector do vestuário é mais arbitrário no que toca ao consumo nas classes mais baixas», constata Richard Pellet dirigente da Euro Rscg Communicance. Mas são os franceses com rendimentos mais baixos os que aproveitam mais o seu tempo livre para frequentar os centros comerciais, os grandes armazéns e os hipermercados. Há também uma diferenciação geográfica no consumo, nomeadamente entre a cidade e a província. Na região parisiense há uma tendência para o aumento da fatia do orçamento familiar gasta no consumo de vestuário, enquanto que na província a maior fatia do orçamento é gasto em actividades desportivas, na saúde e na beleza. De acordo com os dados fornecidos pelo inquérito, 84% da população inquirida matem-se fiel às suas lojas habituais, mas agora graças ao tempo livre suplementar compram mais. Assim, os homens com menos de 35 anos desenvolvem comportamentos de consumo-prazer, deambulando pelas grandes superfícies comerciais e 30% deles cedem ao apelo que as compras fazem ao coração. «Os centros comerciais são os que mais se aproveitam da compra impulsiva», afirma Richard Pellet. Mas também os mais jovens declaram que gostam de passar o tempo livre nos centros comerciais das suas cidades. As mulheres e os grupos sociais mais modestos passam mais tempo do que as outras categorias de consumidores nos centros comerciais, comprando produtos e obtendo informações sobre eles com os vendedores. Em suma, a redução do horário de trabalho permite que 68% dos interrogados desloquem as compras de Sábado para os dias da semana, altura em que os centros comerciais estão habitualmente mais vazios. Mais de 20% dos inquiridos tirou uns dias de folga para poder is aos saldos este ano. Estes novos comportamentos deverão ter consequências nas estratégias comerciais das lojas. «É preciso teatralizar os postos de venda», aconselha Richard Pellet, «promover o envio das compras a casa, criar a surpresa, mudar as colecções. Como já o têm feito as grandes marcas como a Zara e a H&M. A fidelidade do cliente a uma loja mentem-se forte mas ela representa também um perigo, porque o cliente torna-se mais exigente.»