CeNTI desenvolve viseira inovadora

Juntamente com o Centro Clínico Académico de Braga e a empresa Moldit, o centro de nanotecnologia está a desenvolver uma viseira de proteção mais fácil de usar e com novas características de proteção, nomeadamente propriedades antivíricas e anti-embaciamento. A nova viseira deverá chegar ao mercado em poucos meses.

O projeto Mould2Protection, financiado no âmbito do apoio especial Research4Covid-19, contempla um design melhorado, mais ergonómico e a «produção será feita através de um processo de moldagem por injeção para produzir o aro de fixação e a viseira que compõe a solução final», explica, em comunicado, o CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Inteligentes.

Adicionalmente, a viseira contempla revestimentos antivírico e anti-embaciamento, «que permitirão garantir um maior grau de proteção do utilizar», reforça, destacando ainda a vertente de sustentabilidade deste novo artigo, uma vez que será reutilizável.

«O que a viseira tem de especial é que integra duas novas tecnologias de revestimento de superfície. Na parte da viseira propriamente dita, de plástico transparente, a superfície que está exposta às outras pessoas tem um revestimento antivírico.

João Gomes

A superfície que está mais em contacto com a nossa cara será anti-embaciante – permite que o desenho da viseira seja muito mais próximo da cara, permite que proteja mais área da cara e vai evitar que haja aquele embaciamento da nossa respiração, que não só dificulta a visão como cria ali uma zona muito húmida que é também um ambiente propício à propagação do vírus. Evitando essa condensação, estamos a aumentar a segurança da própria viseira », explicou João Gomes, diretor de operações do CeNTI, à Rádio Universitária do Minho.

Atualmente em fase de desenvolvimento, a nova viseira poderá chegar ao mercado em poucos meses. «Esperamos daqui a um mês ter todos os ensaios laboratoriais validados e testados e depois passamos para uma fase que chamamos de transferência de tecnologia. Dentro de um a dois meses, esperamos começar a fazer testes industriais», avançou João Gomes. A distribuição ficará a cargo da Moldit.

Cooperação e solidariedade

Além desta viseira – desenvolvida em colaboração com o Centro Clínico Académico de Braga, uma parceria sem fins lucrativos que junta o Hospital de Braga, a Escola de Medicina e o Instituto de Ciências da Vida e da Saúde da Universidade do Minho e o Hospital CUF Porto, e com a Moldit – Indústria de Moldes SA, especializada na produção de moldes e peças plásticas –, o CeNTI tem colaborado igualmente noutras iniciativas de combate à pandemia, nomeadamente com a impressão em 3D do aro para fixação da viseira em policarbonato translúcido, a impressão em 3D para prototipagem rápida de componentes para ventiladores pulmonares e o desenvolvimento de revestimentos para efetuar repelência a vírus e evitar condensação (hidrofobicidade) em superfícies.

Mais Plural

Recentemente, o CeNTI ofereceu materiais de proteção a diversas instituições. Ao Hospital de Braga entregou um conjunto de viseiras de proteção individual «desenvolvidas e produzidas internamente», para proteger profissionais de saúde e utentes.

O centro de nanotecnologia ofereceu igualmente 30 viseiras à equipa de lar e serviço de apoio domiciliário da Mais Plural – Cooperativa de Solidariedade Social, de Vila Nova de Famalicão, fruto da iniciativa ReShape IT, um projeto promovido pelo CeNTI e pela Lipor com o apoio da Sociedade Ponto Verde – Programa Open Innovation, com o objetivo de estimular a valorização de recursos e a sustentabilidade ambiental. No âmbito deste projeto, ofereceu também 10 viseiras ao Centro Escolar de Antas, da mesma cidade, onde de resto o CeNTI tem sede.