A história da Centenário começou a ser escrita em 1941, quando Camilo Ferreira teve a ideia de abrir uma fábrica de calçado, em plena Segunda Guerra Mundial. Queria tanto fazer calçado de qualidade que percorria de bicicleta colina acima vários quilómetros, todos os dias durante mais de 15 anos, para se juntar à sua pequena equipa na fábrica.
Atualmente, na terceira geração da família, há algo que perdura no tempo, a arte de fazer calçado à mão com técnicas ancestrais como os entrançados, os patinados, que são pintados à mão, ou os Goodyear, técnica de montagem de «sapatos premium que duram muito. Os ingleses e os americanos usam muito, gostam muito, aliás, foram eles que inventaram o sistema», explica Hugo Ferreira.
Com uma produção centrada no private label, a empresa exporta quase a totalidade dos seus sapatos para todo o mundo, tendo como principais mercados a Holanda, os EUA e a França. No entanto, a Centenário está a fazer uma aposta na marca própria no canal digital. «Temos uma equipa de marketing externa e a nossa estratégia é promover a marca no online, apesar de servir também como cartão de visita para o private label», revela ao Portugal Têxtil.
Portugal foi o ponto de partida para fazer crescer a marca própria. «Como o investimento é muito avultado em marketing, estamos neste momento focados em Portugal, porque é mais pequeno, queremos crescer aqui mais um bocadinho até dar o passo seguinte», afirma o neto do fundador da Centenário, que assume atualmente a direção comercial da empresa.
Conhecida pelo seu calçado de homem de alta qualidade e durabilidade, a Centenário produz ainda calçado de golfe. No entanto, a empresa tem apostado em «linhas mais arrojadas e desportivas, mesmo para senhora. Estamos a tentar captar uma faixa etária mais jovem, porque o nosso público-alvo são pessoas maioritariamente acima dos 40 a 50 anos», destaca Hugo Ferreira.
Paralelamente, a Centenário tem vindo a fomentar a sustentabilidade ambiental e investiu recentemente em painéis fotovoltaicos, conseguindo, em dias de sol, suprir 50% da necessidade diária. «Também os processos e os fornecedores têm materiais mais ecológicos, mesmo os parceiros dos químicos», salienta.
Com cerca de 70 trabalhadores, a empresa prevê encerrar o ano com um volume de negócios de cerca de 6 milhões de euros. «Gostaríamos de continuar a crescer no próximo ano», admite o diretor comercial da Centenário, que ainda não recuperou os aos valores pré-pandemia e está a apontar baterias para o mercado alemão. «Toda a gente gostava de entrar na Alemanha, que é o mercado europeu mais forte», reconhece Hugo Ferreira.