O grupo francês de venda por catálogo Camif está a estudar a hipótese de investir na Eslováquia e na Polónia, e em seguida na Hungria, aproveitando a sua experiência no mercado da República Checa, com características análogas ao nível do estilo procurado e do poder de compra.
A sua filial checa, Magnet, lançou no ano passado dois pequenos catálogos no mercado eslovaco e polaco, tendo Eric Godron, director internacional da Camif, confessado que «os resultados são suficientemente satisfatórios para considerar ir mais longe este ano nestes países». «Com os seus cinco milhões de habitantes, a Eslováquia tem um potencial de 50% relativamente à Republica Checa, onde apresentámos no ano passado 3,3 milhões de contos de volume de negócios, representando um crescimento de 30%».
Na Polónia, com 38 milhões de habitantes, o poder de compra é menor e o enquadramento jurídico é mais rígido como reacção à chegada dos hipermercados estrangeiros. Muitas incertezas subsistem no que respeita a este país», acrescenta Godron. A Magnet, localizada a hora e meia de Praga, emprega 130 pessoas, e prepara-se para servir de suporte, logístico e informático, ao investimento nos países vizinhos.
Refira-se que a entrega ao domicílio das encomendas na Republica Checa «não é simples», embora a Camif já esteja implantada naquele país desde a sua entrada no capital da Magnet em 1994. «É mais duro na Eslováquia, visto que, depois das transformações da ex-Checoslováquia, as relações administrativas complicaram-se. Cada produto do catálogo precisa de uma autorização que pode levar três meses», explica. No entanto, graças a uma marca forte e a uma boa carteira de clientes, a Magnet multiplicou as suas vendas por cinco desde 1994 e prevê duplicar o seu volume de negócios no espaço de três a cinco anos.
O seu catálogo de 218 paginas tem uma tiragem de 250 mil exemplares na Republica Checa, apresentando as colecções têxtil homem e senhora (60%) e de têxteis-lar, mantém o «know-how» francês, mas com os preços adaptados. «O rendimento médio mensal de um checo é de 73 contos, sendo este desvio significativo relativamente à Europa ocidental, e duradouro pelo menos nos próximos cinco a dez anos. Os nossos preços fixam-se abaixo dos dos catálogos traduzidos dos nossos concorrentes, como a Quelle, Neckermann, Otto, 3 Suisses, entre outros», afirma Eric Godron. Sublinhe-se que a venda por catálogo alemã constitui um temível concorrente, levando em conta que, para este país, a Europa central representa um território de expansão natural.
Entretanto, a Neckermann-França vai apresentar o catálogo Primavera-Verão 2000 numa tentativa de reconquistar o mercado francês, depois de alguns anos de dificuldades encontradas pela empresa mãe alemã.
A nomeação do responsável pela logística e organização da Neckermann-Alemanha para a presidência desta filial, confirma a aposta da marca neste mercado também cobiçado por outros grandes concorrentes do sector, designadamente a Quelle, a Otto ou a 3 Suisses.
A nova equipa da Neckermann-França iniciou actividade no ano transacto «num mercado mau para a venda por correspondência, sobretudo no segundo semestre», refere Bernard Fraioli, director comercial da sucursal, não considerando suficientemente satisfatório a conquista de 250 mil clientes num ano.
O catálogo é caracterizado por uma adaptação ao mercado, tendo a marca decidido alargar e renovar o seu portfolio de clientes, assim como avançado numa modernização da imagem, que incluiu um direccionamento à mulher activa de 30 anos, figura em destaque na capa desta edição.
Ainda assim, a gama de produtos da casa-mãe continua na base do catálogo, embora sejam acrescentadas páginas francesas de pronto-a-vestir e surjam marcas como a Dim, Cacharel, Playtex, Sloggi com colecções de lingerie feminina, e a Eminence com a de roupa interior masculina.
No segmento de roupa infantil, a Neckermann faz uma boa apresentação da Disney Ddp e da Liberto, tendo o sector de têxteis-lar sofrido significativas alterações de adaptação ao cliente francês. Sedução, qualidade de produtos e grande escolha de tamanhos são algumas das vantagens da oferta alemã. Fraioli realça ainda que «há grandes vantagens em apostar nas economias de escala», enquanto lembra que «a apresentação de cerca de 30.000 referências não seria possível sem capital alemão».
Acrescente-se que uma equipa de compras de 14 pessoas foi responsabilizada pela selecção dos produtos no catálogo alemão e pela produção das páginas complementares, trabalhando em colaboração com o gabinete de estilo e de marketing Martine Leherpeur Conseil.
No contexto desta estratégia, Bernard Fraioli adianta que «os mercados aproximam-se, mas subsistem gostos diferentes entre a França e a Alemanha, por exemplo nas cores». «As páginas em França devem dar especial atenção ao ambiente, enquanto que na Alemanha é o produto que é privilegiado».
A Neckermann apresenta ainda no mercado francês o catálogo de grandes tamanhos Boutique Plus e acaba de lançar um estudo sobre a Internet, considerando a exploração deste canal imprescindível, pelo menos no que se refere às encomendas.