Depois de ter admitido que vai incorrer em custos mais elevados do que o previsto no Brasil, o director geral do Carrefour, Lars Olofsson, afirmou que era «difícil identificar as questões contabilísticas originais», que, acrescentou, vinham acumulando durante «possivelmente mais de cinco anos». A empresa anunciou que, após uma série de auditorias, irá registar 550 milhões de euros em despesas únicas nas suas operações brasileiras, contra os 180 milhões de euros estimados anteriormente em meados de Outubro, altura em que reduziu pela primeira vez a sua meta de lucro para 2010. O director financeiro do Carrefour, Pierre Bouchut, referiu que os 550 milhões de euros de encargos incluem 110 milhões de euros com despesas de inventário, 280 milhões de euros com provisões para potenciais litígios laborais ou tributários, 35 milhões de euros de descontos a fornecedor, 75 milhões de euros na depreciação de activos e 50 milhões de euros com outros ajustes de contabilidade, incluindo o crédito a fornecedores de 22 milhões de euros. Os problemas no Brasil têm sido um factor central no corte da meta do retalhista francês para o lucro operacional em 130 milhões de euros para os 3 mil milhões de euros em 2010. Olofsson revela que houve um «problema de gestão» e a empresa está determinada em chegar ao fundo das causas, tendo iniciado uma investigação judicial. Apesar de Olofsson afirmar que não vê «nenhuma razão para extrapolar estes problemas a outros mercados», a empresa colocou em campo uma nova equipa de gestão no Brasil e melhorou a prestação de contas internas ao nível global para evitar que estas questões se repitam. Os problemas no Brasil não foram o único factor para a redução nas previsões. O Carrefour cita um valor de 50 milhões de euros relativos às suas operações descontinuadas na Tailândia e um ambiente comercial que permanece difícil na Europa. Sobre as questões que assolam as suas operações europeias, o Carrefour atribuiu a queda ao ambiente económico adverso na Grécia, Itália e Espanha. Relatando um crescimento lento ou mesmo negativo das vendas nestes mercados, Olofsson disse que «os preços dos alimentos estão a cair em Espanha devido à deflação» e que os supermercados e lojas de desconto estão a sair-se melhor do que os hipermercados. O responsável acrescentou que o Carrefour tem sido capaz de manter «mais ou menos» o lucro no país devido às medidas de corte de custos. Olofsson também destacou a intensificação da concorrência no mercado espanhol, afirmando que esta se intensificou desde Setembro. Segundo os dados do Kantar Worldpanel, o Carrefour perdeu quota de mercado em Espanha, mas Olofsson disse que as perdas foram devido à abertura de mais espaços por parte dos seus concorrentes. No entanto, acrescentou que, quando analisadas numa base de igual número de lojas, utilizando os dados da Nielsen, a quota de mercado do Carrefour em Espanha melhorou.