A capacidade limitada de produção – que ronda as duas mil peças diárias – fizeram da qualidade e do valor acrescentado imperativos para a Malhas Carjor, que desde 15 de setembro de 1968 se dedica à produção de vestuário para bebé e criança.
«Se tenho uma capacidade limitada de produção, qual é o meu objetivo? É vender essas duas mil peças o mais caro possível», explica, ao Portugal Têxtil, Honorato Sousa, filho do fundador da empresa.
Essa vontade de acrescentar valor ao produto tem levado a Malhas Carjor a utilizar fios especiais e a inovar a cada passo. «Temos alguns departamentos na empresa que se dedicam a projetos especiais e procuramos sempre fazer coisas diferentes, ter matérias-primas diferentes, arranjar produtos com incorporação de metais preciosos», afirma o administrador.
Daí nasceu, por exemplo, a Gold Collection, uma coleção com incorporação de ouro e prata a pensar em mercados como o Médio Oriente (ver Malhas Carjor em ouro e prata).
Aliás, a empresa, que emprega 80 pessoas, está vocacionada praticamente a 100% para a exportação, embora os principais destinos dos seus produtos estejam concentrados na Europa. «Os mercados são os países mais ricos da Europa: Itália, Espanha, França, Reino Unido. Depois temos também a Dinamarca e a Noruega, onde investimos um bocadinho mais porque é mais longe e dá mais trabalho – os mercados mais próximos são mais fáceis de trabalhar», reconhece Honorato Sousa.
Consolidar sem parar
Sempre ambicionando chegar mais longe, a Malhas Carjor quer encontrar novos compradores para a sua oferta. «Temos os clientes regulares e andamos sempre em busca de clientes novos que valorizem mais os produtos», confessa o administrador.
Motivo mais do que suficiente para que tenham regressado à Première Vision Paris em setembro último, integrando o contingente português na área Knitwear Solutions (ver Nuvem portuguesa em Paris). «Foi muito proveitoso», assegura Honorato Sousa. «Tivemos alguns contactos interessantes, a que agora estamos a dar seguimento», adianta, destacando a visita de compradores franceses e do Norte da Europa.
Com a convicção que um negócio sólido se faz de «ter uma equipa certinha – pouca gente e boa –, ter máquinas boas e ter a empresa moderna a nível dos procedimentos, do equipamento e das tecnologias», Honorato Sousa continua apostar no crescimento da Malhas Carjor, depois de em 2016 ter registado um volume de negócios à volta de 2,5 milhões.
«É um valor relativamente pequenino mas a nossa riqueza não é o volume de faturação. A nossa grande riqueza é as pessoas que dependem de nós e o bem que fazemos à região. Faturar milhões não é uma coisa que me mova, move-me faturar o suficiente para poder ter uma vida tranquila e respeitar os compromissos», sublinha.
Carácter industrial
Um percurso ascendente de uma empresa que «nasceu industrial» e se quer manter dessa forma, contribuindo para o cluster e a riqueza nacional.
«Acho que o sector está bem e recomenda-se. Agora temos que andar atentos ao mercado, andar um passito à frente da concorrência. Na Europa não há muita gente que saiba produzir e que queira produzir. Os italianos, os franceses, os alemães, ninguém quer produzir têxtil, consideram isso um trabalho desadequado. Somos a fábrica da Europa. Ou seja, não há grandes alternativas com exceção, eventualmente dos países do Leste, da Roménia, da Bulgária. Mas são países que não têm a tradição, não têm conhecimentos», analisa Honorato Sousa. «Eu gosto daquilo que faço e sou dos melhores», conclui o administrador da Malhas Carjor.