Canada Goose abre as asas

A marca de outerwear popular em todas as cidades frias dos EUA é também uma das favoritas da indústria cinematográfica e já subiu às passerelles, levada pela mão de marcas como Vetements, mas não pretende abrandar o ritmo. Recentemente, a Canada Goose apresentou o seu plano de expansão muito além das fronteiras canadianas.

A Canada Goose pode estar sediada no Canadá, país no qual a marca de outerwear produz a maioria dos seus produtos mas, no ano passado, o mercado que mais se destacou em termos de vendas foram os EUA. Entre 2014 e 2016, a Canada Goose aumentou as vendas nos EUA em mais de 200%, e a marca acredita que ainda tem muito espaço para crescer dentro das fronteiras deste país.

Por isso, a 15 de fevereiro, a Canada Goose revelou as suas ambições para os próximos anos, sendo que um dos principais objetivos é crescer no mercado norte-americano, noticia a Quartz.

Embora seja já uma marca internacional (os artigos são vendidos em lojas por toda a Ásia e Europa), a Canada Goose fez da expansão nos EUA o seu foco e a estratégia valeu a pena. O outerwear premium da marca – o leque de preços das parkas varia entre os 700 e os 1.200 dólares (aproximadamente dos 659 aos 1.230 euros) – dominou as ruas de Nova Iorque em 2015. Apesar das suas origens – nos primeiros anos de vida, a Canada Goose fabricava outerwear para expedições nas geografias mais agrestes do globo –, as peças da marca souberam posicionar-se dentro do mercado de luxo, sendo vendidas em lojas sofisticadas como Saks Fifth Avenue e Nordstrom, além de poderem ser encontradas nos espaços exclusivamente dedicados ao outdoor. Em 2016, a empresa registou 103,4 milhões de dólares em vendas nos EUA, superando os 95,2 milhões no Canadá e os 92,2 milhões de dólares acumulados no resto do mundo.

Ainda que os casacos da fabricante de quase seis décadas tenham vindo a equipar pessoas destacadas para locais frios, incluindo exploradores na Antártida e montanhistas no Monte Evereste, nas últimas estações, a Canada Goose começou a vestir, também, caravanas de filmagem.

Hoje, os blusões da marca são conhecidos como “os casacos oficiais das equipas de filmagem em todos os lugares onde haja frio” e a empresa patrocina inclusivamente dois dos maiores festivais de cinema do mundo: o Sundance, desde 2012, e o Toronto International Film Festival, pelo quinto ano consecutivo (ver Canada Goose e a 7.ª arte).

Não obstante, a Canada Goose constatou através de uma pesquisa junto dos consumidores que o conhecimento de marca ronda apenas os 16% nos EUA, em comparação com os 76% no Canadá, sugerindo que ainda há muitos americanos que não conhecem as suas propostas. «Acreditamos que há uma grande oportunidade de crescimento noutras regiões», afirma a empresa.

Neste clima de expansão, os grandes desafios são, segundo a Canada Goose, continuar a convencer os clientes a pagar um preço premium pelas parkas e potenciais problemas de aprovisionamento.

Problemas com o aprovisionamento de penas de ganso ou pelo de coiote, por exemplo, poderiam forçar a marca a alterar designs, descontinuar produtos ou mesmo aumentar preços. Os ativistas dos direitos dos animais ficariam satisfeitos se a Canada Goose tivesse de abandonar os acabamentos em pelo que usa em muitas das suas parkas, considerando os protestos frequentes nas lojas de Nova Iorque que vendem artigos da marca. Por enquanto, contudo, os coiotes ainda são abundantes e a expansão nos EUA não dá sinais de abrandamento.

Considerando a popularidade do outerwear utilitário na cena da moda atual, a Canada Goose tem também tido um forte apelo junto de marcas em busca de parcerias – como no caso da Vetements. Foi o próprio Demna Gvasalia, diretor criativo do coletivo francês, que convidou a Canada Goose (juntamente com outras marcas clássicas) para a coleção colaborativa dedicada à primavera-verão 2017. Gvasalia reinventou a clássica Snow Mantra Parka com os detalhes exagerados da Vetements e conferiu ao acolchoado modelo Macmillan um estampado camuflado (ver O clube da Vetements).