Canadá e vestuário em tecido em níveis recorde

Apesar dos números no vermelho na generalidade, incluindo uma redução acumulada de 3,1% nos envios nos primeiros cinco meses do ano, nem tudo é negativo nas exportações portuguesas de matérias têxteis e suas obras: o Canadá, nos mercados, e o vestuário em tecido, nas categorias, estão a bater recordes.

Os números recentemente revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram a realidade difícil com que as empresas portuguesas da indústria têxtil e vestuário (ITV) se estão a deparar, com o abrandamento do consumo a traduzir-se numa queda das exportações.

Entre janeiro e maio, as exportações da ITV caíram 3,1%, para 2,54 mil milhões de euros, equivalente a uma perda de 81,3 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado.

Entre o top 10 dos principais mercados, apenas três não estão em queda: França (+1,9%, para 417,72 milhões de euros), Bélgica (+0,6%, para 64,98 milhões de euros) e Canadá (+22,1%, para 43,17 milhões de euros).

Este último destronou mesmo a Dinamarca – cujas compras de têxteis e vestuário “made in Portugal” baixaram 11,7% entre janeiro e maio de 2023, para 42,28 milhões de euros – e ocupa agora o 10.º lugar na tabela dos principais mercados das empresas portuguesas de têxteis e vestuário.

Este aumento, que se manifesta inclusivamente num valor recorde para o período entre janeiro e maio dos últimos 10 anos – antes da pandemia, o valor mais alto tinha sido registado em 2019, com 23,1 milhões de euros – tem sido gradual (25,5 milhões de euros em 2021 e 35,36 milhões de euros em 2022) e, neste ano em específico, foi impulsionado particularmente pelas compras do Canadá de vestuário em tecido (+212%, para 10,34 milhões de euros), vestuário em malha (+109,1%, para 7,96 milhões de euros) e tecidos de malha (+54,4%, para 7,33 milhões de euros).

Vestuário em tecido destaca-se

Do lado das categorias, é o vestuário em tecido que mais se evidencia, tendo, nestes primeiros cinco meses de 2023, também batido o recorde dos últimos 10 anos, registando exportações no valor de 468,6 milhões de euros, um valor consideravelmente mais alto do que os 419,6 milhões de euros registado entre janeiro e maio de 2019 e os 419,8 milhões de euros exportados no mesmo período de 2017 (o número mais alto anteriormente registado).

Os números destes primeiros cinco meses do ano mostram ainda que Espanha continua a ser o principal mercado do vestuário de tecido, representando quase um terço do total, com compras no valor de 148,62 milhões de euros, seguida de França (82,55 milhões de euros), Reino Unido (37,74 milhões de euros), Alemanha (35 milhões de euros) e EUA (28,2 milhões de euros).

A crescer estão também as exportações de tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados, com um aumento entre janeiro e maio de 2023 de 10,1%, para 32,6 milhões de euros, e de tecidos de malha, que registaram uma subida de 7,4%, para 91,2 milhões de euros.