Calvelex recentra-se no tailoring

A produtora de vestuário esteve, durante grande parte do ano passado, a fabricar máscaras para exportação, mas é no seu core business, ao qual já regressou, que quer crescer. Um objetivo para o qual contribui a aposta na eficiência produtiva e, sobretudo, na responsabilidade social.

Marco Araújo

No ano passado, a Calvelex manteve-se a trabalhar «fazendo diversos produtos, entre os quais as máscaras», revela Marco Araújo, mas este ano «estamos a voltar novamente àquilo que somos bons a fazer, que é o tailoring», afirma ao Portugal Têxtil.

Um regresso que o administrador da empresa, que emprega cerca de 650 pessoas e conta com duas confeções, uma unidade dedicada ao corte e dois centros de distribuição, confessa estar a ser «lento, mas a acontecer. Não vamos dizer que estamos nos valores de 2019, mas para lá caminhamos», admite.

A retoma tem sido conseguida, em parte, pelo regresso de clientes ao Velho Continente. «Estamos a ver muita aproximação de clientes à Europa, porque se está a passar algum fenómeno, que ainda não identifiquei, com a Ásia. Algo se está a passar em termos de deslocalização, o que é bom para nós», explica Marco Araújo.

Première Vision Paris – setembro 2021 [©Calvelex]
Com clientes de gama média-alta espalhados um pouco por todo mundo, da Europa à América, passando pela Ásia e pelo Médio Oriente, a Calvelex tem investido na presença em feiras para consolidar a sua reputação internacional. Munich Fabric Start e Première Vision Paris foram os certames selecionados para o regresso ao contacto presencial com os clientes, numa estratégia que, assegura o administrador, será «para manter».

Embora haja quem esteja a abandonar o vestuário mais formal em que a Calvelex se especializou, há muitos outros clientes «onde o clássico continua a ser forte e com repetições. Não há uma regra», reconhece Marco Araújo, que sublinha a dedicação da empresa ao seu core business. «A nossa especialidade é o tailoring para senhora, o casaco, o sobretudo, o blazer, a saia, a calça, o vestido, o colete, sempre em tecido. A partir daí existem variantes. Temos muita flexibilidade, também fazemos casual, onde enquadramos linhas de muitos clientes com quem trabalhámos, podemos cobrir várias áreas. Mas não fazemos malha. Cada um deve tocar o instrumento para o qual está preparado porque, se fizer muita coisa, não toca nada, só faz barulho», acredita o administrador.

Crescer com responsabilidade social

Para acertar a sinfonia, a Calvelex tem procurado afinar os instrumentos, com máquinas mais produtivas e eficientes em termos energéticos e investimentos em energia solar, entre outros. A automatização, contudo, é ainda complicada num segmento onde o fitting tem o papel principal. «Tudo tem de assentar como uma luva», salienta Marco Araújo.

Por isso mesmo, o know-how dos recursos humanos é fundamental. «Hoje em dia fala-se muito na sustentabilidade e em certificações ambientais. Mas o capital humano, ou a sustentabilidade humana, é aquilo que deve estar à frente de tudo. Devemos falar de sustentabilidade, em termos de novas fibras, reciclagem, matérias-primas orgânicas, mas a responsabilidade social tem de ser a preocupação número 1, porque não interessa estarmos todos aqui, na Europa, a falar de sustentabilidade e termos empresas chinesas, e outras à volta do mundo, a colocar produto na Europa sem terem essa responsabilidade social», destaca o administrador da Calvelex, que aponta como objetivo «crescer, mas sempre com responsabilidade social».

Première Vision Paris – setembro 2021 [©Calvelex]