Caima investe na autonomia energética

O projeto Caima Go Green, apoiado pelo PRR, implica a construção de uma nova caldeira de biomassa, que deverá estar concluída em outubro. A empresa do grupo Altri especialista na produção de fibras celulósicas vai aproveitar resíduos florestais para se tornar mais autónoma em termos energéticos.

[©Governo de Portugal]

Através deste investimento, «a Caima vai passar a ser a primeira fábrica de fibras celulósicas na Península Ibérica e uma das primeiras na Europa a funcionar sem recurso a combustíveis fósseis», afirmou José Soares de Pina, CEO da Altri, durante a visita do Primeiro-Ministro à empresa no passado dia 17 de março para ver, in loco, o progresso na construção da nova central de biomassa.

A nova caldeira, que deverá estar concluída e operacional no final deste ano, representa um investimento total superior a 40 milhões de euros, «um dos maiores no interior do país», destaca a Altri, contando com o financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No total, o projeto Caima Go Green prevê um investimento na ordem dos 130 milhões de euros, a maior parte do qual financiado pelo PRR, cabendo à Caima uma fatia de 44,4 milhões de euros.

[©Altri]
A nova central vai aumentar a capacidade da Caima de produzir energia a partir de biomassa florestal residual, permitindo responder à totalidade das necessidades de energia térmica da fábrica e ainda reforçará a injeção de energia verde na rede energética, com uma produção excedentária de 10 Megawatts.

Durante a visita, o Primeiro-Ministro destacou que, além de influir na descarbonização, o investimento permite ainda «evoluir na cadeia de produção», sublinhando que, à pasta de papel atualmente ali produzida, essencialmente para exportação, se vai «acrescentar uma nova etapa na cadeia de valor, também com a transformação da pasta em fibra têxtil».

A Caima irá ainda aumentar a sua capacidade de produção e abre as possibilidades de valorização de resíduos, produzindo ácido acético e furfural para indústrias como, entre outras, a cosmética, «numa lógica de economia circular», acrescentou o Primeiro-Ministro.

PRR a bom ritmo

Para António Costa, «a reação que o sistema científico e tecnológico e o que o sistema empresarial tiveram ao desafio das agendas mobilizadoras, foi verdadeiramente surpreendente».

[©Altri]
A dotação inicial das agendas no PRR era de 980 milhões de euros, montante que «muitos achavam ser um excesso de otimismo» para um programa de capitalização e inovação empresarial. «A verdade é que, num curtíssimo espaço de tempo multiplicaram-se os consórcios e, nesta fase final, temos 53 consórcios com agendas mobilizadoras aprovadas e a dotação teve de passar para três mil milhões de euros, tal foi a adesão do sistema empresarial, científico e tecnológico», sublinhou.

As agendas mobilizadoras estão agora «na fase mais interessante», a da execução, considera o Primeiro-Ministro, acrescentando que «como vimos, não está parada. Está concluída? Não. Mas está iniciada, está em marcha, tem um calendário de execução e vai estar concluída a tempo e horas».