A Cruz & Areal, empresa fundada em 1998 e detentora da então Bus Urban Wear, «foi criada com o objetivo de produzir e comercializar vestuário, mais precisamente jeanswear e sportswear, masculino e feminino, com a marca própria», revela Régia Machado, responsável pelo marketing da Bus, ao Portugal Têxtil.
No ano de 2015, a empresa decidiu avançar com o rebranding da marca, deixando cair o “Urban Wear”, «de modo a dar mais ênfase ao Bus, conforme o público automaticamente reconhece a marca» e, ao longo dos anos, a insígnia tem sido fiel ao seu ADN, sem deixar de acompanhar de perto as tendências, «pelo que mantemos o espírito irreverente próprio da nossa linguagem numa abordagem próxima ao nosso cliente», afirma.
Além de ter morada em lojas próprias – a partir de 2004, a marca procedeu à abertura da primeira loja monomarca e já contabiliza quatro –, os voos internacionais descolaram em 2010 e hoje a Bus é vendida através do canal multimarca em mercados como Angola, França, Luxemburgo e Suíça.
Nos números da marca, o mercado nacional tem um peso de 85% e as conquistas fora de portas representam os restantes 15% da faturação, sendo que a Bus pretende alargar o seu raio de influência com «o alargamento da cobertura do território espanhol» e com «a execução dos planos de penetração ao restante mercado europeu e ao africano», adianta Régia Machado.
A par dos espaços físicos, também o comércio digital está a merecer a atenção da Bus. «O canal de venda online só começou a ser trabalhado ativamente muito recentemente», afirma, acrescentando que o peso do online nas vendas ainda é residual. «As vendas online representaram 1% da faturação anual de 2015, estimando que este ano atinjam um crescimento de 150%», revela a responsável de marketing da Bus, que destaca o «apoio ao cliente, as entregas e devoluções gratuitas e o serviço de qualidade prestado» como catalisadores deste aumento.
Se inicialmente a Bus tinha como público-alvo os jovens, entre a faixa etária dos 18 aos 40 anos, «nestes últimos anos verificámos que o público-alvo que reconhece a qualidade e o fator de “made in Portugal” está assente numa faixa etária mais madura, entre os 25 e os 45 anos. É exatamente este público que compra produtos de alta qualidade a preços competitivos», analisa.
Há, todavia, um elemento alheio a mudanças: a qualidade dos jeans da marca e o seu papel nas vendas. «Sem dúvida, os jeans são o nosso bestseller», diz Régia Machado, que não deixa de citar os restantes ocupantes deste pódio. «Incluímos também no topo da lista os artigos de camisaria e a nossa linha Dress-Up», uma gama mais requintada direcionada para eventos e saídas noturnas. Estes são, até à data, os produtos que mais sucesso estão a conhecer dentro das propostas da Bus para a primavera-verão 2016, num cenário inspirado em ambientes exóticos e latinos que dialogam com os morros do Rio de Janeiro.
Sobre a campanha, que dá continuidade à parceria firmada com a Nobrand (ver Um casamento feliz), Régia Machado foca a sua abrangência. «A Bus desenvolve, para cada estação, uma campanha assente numa política de comunicação integrada 360º.
Todas as campanhas procuram utilizar os mais diversos e eficazes touch-points como forma de ativar a marca», explica a responsável, adiantando que «o próximo passo para estarmos mais próximos do nosso cliente e, oferecermos a melhor experiência, será restruturar a nossa plataforma online adaptada a smartphones e tablets, assim como trabalhar o omnicanal», lado-a-lado com a aposta contínua em product placement e endorso de celebridades, bem como em catálogos, stylebooks, displays e em demais material promocional.
Com a procura permanente de novas soluções que tenham em consideração as últimas tendências do mercado, «utilizando os melhores cadernos de tendências e motores de busca online de referência mundial», as mais recentes investidas da marca recaíram no «denim super stretch com o nosso modelo B-Flex [uma combinação inovadora de fibras que oferecem elevada elasticidade, excelente recuperação do tecido e conforto superior], assim como um flashback aos anos 70 com lavagem stone wash e o trabalhar com denim mais pesado».
Atualmente com um efetivo de 30 pessoas (entre postos de trabalho direto e indireto), a evolução do negócio da Cruz & Areal conduziu, desde 2006, «à integração vertical de várias funções na cadeia de valor», com o objetivo «de dominar o processo produtivo e controlar as funções-chave estratégicas, produzindo exclusivamente para a Bus». Por isso, dentro de portas, a empresa assume o desenho, modelação, corte, confeção, acabamento e controlo de qualidade das 10 mil às 20 mil peças mensais. A reestruturação de 2006 contemplou igualmente uma secção de acabamentos para denim, que «permitiu uma maior capacidade de inovação e rapidez no desenvolvimento de soluções adequadas às necessidades de mercado».
Ainda que desde 2014 a empresa tenha vindo a recuperar da crise instalada no país, Régia Machado assegura que a Cruz & Areal «já se encontra numa fase de estabilização e em perspetiva de crescimento num futuro próximo».