A Burberry registou receitas de retalho na ordem dos 370 milhões de libras (467,9 milhões de euros) para os três meses até 30 de junho, ultrapassando as previsões dos analistas de cerca de 350 milhões de libras. O crescimento das vendas atingiu os 12% numa base de igual número de lojas, em comparação com uma previsão de consenso dos analistas de 8%. As principais marcas de luxo, como a Louis Vuitton e a Gucci, têm registado um abrandamento do crescimento das vendas no retalho, abaixo dos 5%, em comparação com os mais de 10% há três anos atrás. A Burberry, conhecida pelas suas gabardinas e pelo xadrez tricolor, manteve, contudo, o crescimento das vendas na China, ao contrário de marcas rivais que foram mais afetadas pelas iniciativas do país contra a corrupção e os gastos exagerados. Mas a força da libra esterlina está a afetar as receitas da empresa. Os custos fixos da Burberry são em libras e as suas receitas ocorrem numa série de moedas. A empresa referiu que as taxas de câmbio irão reduzir o lucro no retalho e nas vendas por grosso deste ano em cerca de 55 milhões de libras e diminuir a margem operacional ajustada dos 17,5% para cerca de 16%. A empresa estima que a diferença de rentabilidade operacional entre a Burberry e as principais congéneres, como o Kering (grupo que detém a Gucci) e a Prada, situa-se entre 7% e 10%. A Burberry é a primeira empresa de bens de luxo a reportar os lucros do segundo trimestre, sendo seguida por LVMH e Kering. A marca britânica divulgou que a procura no Reino Unido manteve-se sólida, mas sentiu uma desaceleração na Europa Continental, com um declínio no número de transações de turistas, incluindo russos, uma tendência que terá provavelmente afetado também os rivais. No entanto, a procura por parte dos viajantes chineses manteve-se forte, referiu. «A Burberry é ainda uma das poucas empresas de luxo que continua a desfrutar de um crescimento de receita de dois dígitos», sublinhou o Citi numa nota, mantendo a cotação das ações da retalhista numa classificação de neutro. No ano passado a Burberry começou a gerir diretamente o seu negócio de perfumaria, depois de terminar a parceria com a Interparfums. A empresa espera lançar os seus primeiros produtos de cuidado da pele «algures em 2015». A marca, que se ramificou em maquilhagem e verniz para unhas, prevê que as receitas de produtos de beleza subam 25% este ano. A Burberry espera também que as receitas permaneçam praticamente inalteradas a taxas de câmbio constantes no Japão e nas licenças globais de produtos, mas poderá perder cerca de 10 milhões de libras em receitas de licenciamento devido à variação da taxa de câmbio entre a libra esterlina e o iene.