Breves

  1. Algodão em dificuldades
  2. Vestuário foi estrela em janeiro
  3. Inovação alimenta ITV da Colômbia
  4. Retalho luta pelo activewear
  5. Kering confiante no futuro
  6. Etiópia falha metas têxteis

1. Algodão em dificuldades

Este ano deverá ser novamente difícil para a indústria algodoeira dos EUA, provocado pelos baixos preços do algodão, fortes stocks mundiais e incertezas em relação à utilização mundial da fibra. Na assembleia anual do National Cotton Council, no Texas, a vice-presidente de economia e análise política Jody Campiche, afirmou que, «embora a utilização mundial pelas fiações deva exceder a produção mundial em 2016, os stocks mundiais de algodão continuam em níveis elevados». O Departamento de Agricultura dos EUA estima que a utilização nas fiações dos EUA suba 25 mil fardos face a 2014, para 3,6 milhões de fardos, tornando este no quarto ano consecutivo de aumento do consumo. Apesar do Programa de Assistência de Ajustamento Económico continuar a ser uma importante fonte de estabilidade, permitindo que as fiações invistam em novas instalações e equipamento, a valorização do dólar está a criar algumas dificuldades às exportações de fio. As estimativas de exportação de fio do National Cotton Council para 2015 são de 9,5 milhões de fardos, menos 15,5% em comparação com 2014 e abaixo da mais recente estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA. Segundo Campiche, embora os stocks de algodão mundiais devam cair em 6,3 milhões de fardos em 2016, a redução não é suficientemente grande para reduzir os inventários mundiais significativamente, que começaram o ano em 103 milhões de fardos.

2. Vestuário foi estrela em janeiro

As promoções de Ano Novo deram às cadeias de retalho do Reino Unido o impulso nas vendas de que necessitavam em janeiro depois de um outono-inverno desapontante, com as vendas de vestuário a serem uma das «estrelas» durante o mês passado. O volume de vendas nas lojas de têxteis, vestuário e calçado subiram 0,5% em termos anuais, segundo o gabinete de estatística do país. Em termos de valor, as vendas subiram 0,2%. Os preços médios da categoria nas lojas caíram 0,3%, com as vendas semanas a rondarem, em média, 700 milhões de libras (cerca de 900,7 milhões de euros). As vendas de têxteis, vestuário e calçado pela Internet subiram 8,8%, representando 13% do total das vendas online. As vendas a retalho no geral aumentaram 5,2%, marcando o 33.º mês consecutivo de aumento de vendas em termos anuais. Em valor, as vendas subiram 2,4%. Em termos mensais, o volume de vendas aumentou 2,3% e o valor subiu 2,3%. «As vendas de vestuário e artigos para a casa foram as principais estrelas durante o mês, com muitos consumidores a esperarem pelos saldos de janeiro para comprar os artigos com valores mais altos», referiu David McCorquodale, diretor de retalho na KPMG. «Os grandes armazéns também tiveram uma performance particularmente boa com a sua oferta omnicanal a mostrar-se popular», acrescentou. Ian Gilmartin, diretor de retalho e vendas por grosso no Barclays, afirmou, por seu lado, que «após um conjunto relativamente modesto de números de retalho em dezembro, o início positivo de 2016 é encorajador, tendo em conta a dependência do consumo da economia do Reino Unido». Mas, advertiu, «um conjunto contraditório de notícias por parte dos grandes retalhistas em 2015 simplesmente destaca a imprevisibilidade do comportamento dos consumidores e dá pouca visibilidade sobre o que poderemos esperar a seguir».

3. Inovação alimenta ITV da Colômbia

Inovação, tecnologia de ponta e tecidos inteligentes são alguns dos fatores que deverão impulsionar o crescimento na indústria têxtil da Colômbia em 2016. De acordo com a ProColombia, o gabinete governamental de comércio responsável por promover as exportações e o investimento direto estrangeiro, as t-shirts, shapewear e têxteis-lar foram os principais produtos exportados para os EUA em 2015. E entre janeiro e novembro do ano passado, quase 2.028 empresas de têxteis e vestuário da Colômbia exportaram, registando um número recorde de transações entre a Colômbia e os EUA. Segundo os dados do comércio dos EUA, o volume das exportações de vestuário da Colômbia para os EUA subiu 9,4% em 2015, para o equivalente a 33 milhões de metros quadrados, em comparação com o equivalente a 30,2 milhões de metros quadrados em 2014. Em valor, o aumento foi de 14%, para 226,6 milhões de dólares (204,2 milhões de euros). Já as exportações de têxteis subiram 17%, para 57,7 milhões de dólares. Para isso, afirma a ProColombia, contribuíram os 10 acordos de comércio livre da Colômbia, que reforçou a sua posição como parceira comercial, sobretudo para empresas americanas que querem penetrar no mercado da América Latina. As vendas para os EUA representaram 36% do total de exportações têxteis em 2015. «Esta quota deverá continuar a crescer à medida que mais tecidos e tecnologias inovadoras estão a ser desenvolvidos por fornecedores colombianos, assim como graças ao aumento das vantagens comerciais com os EUA, com 0% de taxas, prazos de entrega curtos e produção flexível», sustenta Maria Claudia Lacouture, presidente da ProColombia. A Colômbia desenvolveu novos tecidos com fibras naturais e elásticas, como tecidos antibacterianos à base de café, botões resistentes à chama feitos com aditivos retardantes, t-shirts com proteção solar, têxteis com vitamina E e cápsulas para perda de peso, shapewear anti-humidade ou swimwear que permite moldar o corpo.

4. Retalho luta pelo activewear

Com o activewear a ter uma maior predominância no guarda-roupa dos consumidores britânicos, as cadeias de vestuário estão a competir cada vez mais com os especialistas em desporto numa tentativa de atrair mais compras. Cerca de 54% dos consumidores britânicos compraram activewear nos últimos 12 meses, segundo novos dados da Verdict Research, com a taxa de penetração mais elevada entre os indivíduos com idades compreendidas entre 25 e 34 anos (61%) e dos 35 aos 44 anos (61,5%). Pouco menos de metade (43,3%) dos consumidores prefere usar activewear em vez de outro tipo de vestuário, enquanto 52,3% usa activewear mais do que uma vez por semana. «A mudança do estilo de vida dos consumidores provocou uma alteração, com os consumidores a procurarem vestuário de desporto multifuncional», explicou Rebecca Marks, consultora de retalho na Verdict. «Está a tornar-se cada vez mais aceitável usar activewear tanto para atividades físicas como em eventos sociais, sobretudo uma vez que os retalhistas investiram em tornar as gamas muito mais trendy e com moda», acrescentou. As marcas especialistas em desporto têm a maior parte das compras nesta categoria, com 9,7% dos consumidores de activewear a comprarem na JD Sports nos últimos 12 meses. A concorrente Sports Direct está perto, com uma taxa de penetração de 9,6%. Mas sendo o preço um dos principais motores nas compras a retalho, estes especialistas estão a enfrentar um aumento da concorrência por parte de retalhistas de gama baixa, com a Primark a surgir no terceiro lugar (7,4%). Esta tendência deverá continuar a progredir à medida que as gamas se expandem. Os retalhistas também estão a dar mais espaço a estas gamas nas lojas físicas e online, assim como em campanhas de marketing. «A forte concorrência na high street fez com que os canais físicos e digitais dos retalhistas se tornassem campos de batalha para o activewear», explicou Marks. «Embora a concorrência se tenha tornado mais forte, já não basta expandir para este mercado com uma gama atrativa – os produtos têm de ser mostrados para chamar a atenção de novos consumidores e construir um destino atraente dentro do mercado de sportswear», resumiu.

5. Kering confiante no futuro

O grupo francês de luxo Kering continua confiante nas suas previsões, após ter revelado um aumento de dois dígitos no lucro líquido anual, graças ao crescimento no volume de negócios nas divisões de luxo e lifestyle e desporto. O lucro atingiu 696 milhões de euros nos 12 meses até 31 de dezembro, em comparação com 528,9 milhões de euros no mesmo período do ano anterior. O volume de negócios cresceu 15,4%, para 11,58 mil milhões de euros, em comparação com 10,04 mil milhões de euros no ano anterior. Por segmento, o luxo registou um aumento do volume de negócios de 16,4%, para 7,87 mil milhões de euros, enquanto a divisão lifestyle e desporto cresceu 13,5%, para 3,68 mil milhões de euros. Por marca, a Gucci regressou ao crescimento, com um aumento de 11,5% do volume de negócios, a Bottega Veneta cresceu 13,7% e a Yves Saint Laurent subiu 37,7%. Já a Puma aumentou 13,8% em termos anuais. O Kering indicou que o crescimento do volume de negócios foi forte nos mercados maduros, impulsionado por performances dinâmicas na Europa Ocidental e no Japão. «Os resultados sólidos do Kering refletem vendas vigorosas e performances operacionais melhores no segundo semestre do ano», justificou o presidente do conselho de administração e CEO, François-Henri Pinault. «Estamos a entrar numa nova fase no nosso crescimento: estamos perfeitamente posicionados para aproveitar a força das nossas marcas e maximizar a criação de valor a longo prazo. Estamos a monitorizar de perto a alocação de recursos e capital para aumentar o retorno», adiantou. O Kering indicou que o segmento de luxo irá concentrar-se no aumento do volume de vendas comparáveis, com uma estratégia de expansão seletiva da rede de lojas, que irá levar a um abrandamento do ritmo de abertura de novos pontos de venda. Na Gucci, as mudanças postas em prática para a visão criativa e oferta de produtos será «acelerada» e deverá dar frutos durante o ano. Já a Puma deverá capitalizar o seu reposicionamento e conseguir um aumento maior do volume de negócios, assim como do lucro operacional.

6. Etiópia falha metas

A performance das exportações de têxteis e vestuário da Etiópia está abaixo dos planos nos primeiros seis meses do ano. Segundo os números mais recentes, a indústria têxtil e vestuário do país atingiu 41,1 milhões de dólares (cerca de 37 milhões de euros) em exportações no primeiro semestre do ano fiscal 2015/2016 – ficando em apenas 70% do objetivo de 60,1 milhões de dólares. O Instituto de Desenvolvimento da Indústria Têxtil da Etiópia afirma que o sector está a enfrentar muitas dificuldades, incluindo a capacidade técnica e de gestão das empresas, flutuação do fornecimento de energia, falta de mão de obra e atrasos na implementação de projetos de investimento. A avaliação também indicou que a produção de algodão estava planeada para 262 mil hectares de terra, tendo ficado em 65 mil hectares de terra usados. O fenómeno meteorológico El Niño provocou ainda a pior seca em décadas no país e destruiu as colheitas de algodão em mais de 14 mil hectares de terra. O diretor de planeamento e informação do Instituto de Desenvolvimento da Indústria Têxtil da Etiópia, Abebe Kasse, afirmou estar confiante que a indústria pode atingir o objetivo para este ano, mas acrescentou que o governo acredita que o sector tem de ser mais orientado para as exportações e colocar mais ênfase na qualidade. O Ministro da Indústria, Tadesse Haile, referiu que, além da formulação de um quadro político mais apropriado, o governo tem estado a trabalhar para criar a mão de obra necessária para desenvolver a indústria têxtil e as suas exportações. Além disso, foram criadas várias instituições para apoiar o sector, incluindo o Instituto de Desenvolvimento da Indústria Têxtil da Etiópia. O Instituto de Tecnologia Bahir Dar está agora focado inteiramente em cursos de têxteis e relacionados com o sector, enquanto cinco universidades lançaram programas têxteis para formar engenheiros para o sector. Foram ainda criados parques têxteis.