- Première Vision estreia feira na China
- Mercado do algodão vive incerteza
- C&A lança denim mais sustentável
- UE estabelece Acordo Verde
- Polartec lança nova versão do Power Air
- Crise climática exige mais transparência
1. Première Vision estreia feira na China
Os organizadores da Première Vision preparam-se para lançar um certame na China ainda este ano, que acontecerá ao mesmo tempo que a Fashion Source, uma das principais feiras de têxteis e moda da Ásia. O novo salão ocupará a cidade de Shenzhen, durante o mês de novembro, e reunirá uma variedade de materiais provenientes de uma ampla seleção de produtores europeus e asiáticos. De acordo com a organização da Première Vision, o lançamento permitirá ao grupo estabelecer uma posição na China, que se antecipa chegar ao lugar de melhor mercado mundial para o vestuário e artigos de luxo a partir de 2025. «O objetivo da Première Vision é ajudar as empresas a desenvolver a sua atividade neste grande mercado de moda, que está a crescer rapidamente em termos de sofisticação e escala, especialmente no sul da China, que assiste a um desenvolvimento em ritmo extremamente acelerado de players industriais», justifica. Desde 2004, a Première Vision está presente na China, mediante um departamento promocional e vários eventos realizados em Xangai e Pequim. Fundada em 2001, a Fashion Source tem duas edições anuais (uma em maio e outra em novembro), atraindo mais de 1,5 mil expositores e 50 mil visitantes de cerca de 20 países asiáticos, europeus e americanos.
2. Mercado do algodão vive incerteza
Os potenciais impactos do coronavírus podem representar um cenário negro para o mercado do algodão durante a época de colheita de 2020. Apesar da primeira fase do acordo comercial entre os EUA e a China ter garantido algum otimismo à situação económica do algodão, o surto de coronavírus, que se desenvolveu no início de 2020, pode atrasar a capacidade da China em aumentar as suas compras no curto prazo, anuncia o Conselho Nacional de Algodão (NCC, na sigla original). A 15 de janeiro, o presidente norte-americano, Donald Trump, assinou a primeira fase do acordo comercial com a China, que estipula que o país tem de adquirir uma média de 40 mil milhões de dólares (37,04 mil milhões de euros) de commodities agrícolas americanas, incluindo algodão, ao longo dos próximos dois anos. No entanto, a NCC alerta que o impacto geral do surto sobre esta matéria-prima ainda é incerto, já que os respetivos dados de análise ainda não foram lançados. Jody Campiche, vice-presidente para a análise económica e política da NCC, antecipa que a área cultivada de algodão nos EUA chegue aos 13 milhões de acres em 2020 – menos 5,5% do que no ano passado. Este decréscimo resulta de uma diminuição dos preços desta matéria-prima comparativamente ao milho e à soja. Deste modo, prevê-se que a produção de sementes de algodão dos EUA diminua para 6,1 milhões de toneladas em 2020. Por outro lado, a NCC antecipa um ligeiro declínio no que toca à utilização desta matéria-prima nas fábricas americanas para 2,85 milhões de fardos. «Face ao aumento das importações têxteis a partir de fornecedores asiáticos, a indústria têxtil dos EUA focou-se num novo investimento e adoção de tecnologia, de modo a manter-se competitiva. O recente Acordo EUA-México-Canadá (USMCA, na sigla original) inclui algumas provisões importantes que devem ajudar a impulsionar a indústria têxtil americana», explica a executiva. Por outro lado, as vendas atingiram o nível mais alto do período de análise, no final da semana que terminou a 6 de fevereiro. Apesar da forte concorrência de exportação do Brasil, os EUA beneficiaram de um aumento de oportunidades para vender para outros mercados durante o ano 2019, protagonizados pela Austrália, Paquistão e Turquia. Assim, o mercado americano continua a ser o maior exportador de algodão em 2019, com 16,5 milhões de fardos. Antes da implementação das tarifas, os EUA estavam numa posição privilegiada para capitalizar o aumento das importações chinesas de algodão, segundo a NCC. Não obstante, após a imposição da tarifa de 25%, a China recorreu a outros fornecedores, permitindo que o Brasil, Austrália e outros países ganhassem uma maior quota de mercado. Atualmente, o Vietname é o principal mercado de exportação de algodão dos EUA, seguido pela China e pelo Paquistão. As exportações americanas deverão cair ligeiramente para 16,4 milhões de fardos no período de análise de 2020, em que 2,5 milhões se dirigem à China. Além disso, o aumento da produção no Brasil e a recuperação parcial da Austrália deverão continuar a constituir uma forte concorrência aos EUA ao longo do ano. De forma geral, Campiche estima que a produção caia para 118,9 milhões de fardos (menos 2,4 milhões de fardos do que no período homólogo anterior), devido à redução da área cultivada.
3. C&A lança denim mais sustentável
A C&A criou uma coleção de denim sustentável composta por calças, casacos, calções e saias. O lançamento engloba peças com certificações C2C e OCS e, para além de utilizar algodão reciclado, emprega um processo de produção de denim mais sustentável ambientalmente, que consegue atingir uma poupança de água de 65%. Contudo, a C&A reforçou ainda mais o compromisso com o meio ambiente em Berlim, no C2C Congress, ao anunciar novos níveis de produção sustentáveis com a premiação do certificado Cradle to Cradle Platinum. A empresa passou por vários níveis de produção como reutilização de materiais, energia renovável, gestão de carbono, administração de água e justiça social. O tecido empregue na coleção é fabricado com recursos 100% renováveis e é «totalmente reciclável e biodegradável». Apesar de ainda não ter utilizado estes materiais nas peças de vestuário, a certificação confere um «grande avanço» para as próximas coleções do ano e faz com que a C&A seja a primeira empresa do mundo a receber o certificado Cradle to Cradle Certified platinum, fruto da parceria com o fornecedor Rajby Textiles Ltd. e a consultora em economia circular Eco Intelligent Growth. Em comunicado, a empresa salienta que as alianças traduzem, uma vez mais, o compromisso da C&A em promover a moda circular.
4. UE estabelece Acordo Verde
A reutilização e a reciclagem de têxteis serão uma prioridade no novo plano da União Europeia (UE), que visa reduzir o desperdício em 50% até 2030. Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, apresentou o Acordo Verde, que estabelece a estratégia para que a Europa se torne o primeiro continente climaticamente neutro até 2050. Este acordo abrange um conjunto de ações que apoiam a circularidade e a sustentabilidade, desde propostas para os sectores de uso intensivo de recursos, como a construção, o têxtil, eletrônica e plásticos, a disposições sobre a consciencialização ambiental no design do produto, contratos públicos ecológicos e um modelo para padronizar a recolha da separação de resíduos. O Acordo Verde visa transformar a produção atual para obtermos produtos mais sustentáveis e acessíveis. «Temos de impedir que se continue a escavar, produzir, queimar a desperdiçar [recursos], tornando-nos numa verdadeira economia circular. Se não tomarmos medidas, os nossos consumos de biomassa, combustíveis fósseis, metais e mineiras duplicarão nos próximos 40 anos», argumenta Timmermans. No centro das políticas de produção sustentável estará o direito dos consumidores de solicitarem uma reparação dos artigos que adquirem. «Atuaremos contra a obsolescência planeada que obriga os consumidores a comprar novos modelos», acrescenta o executivo. «Vamos monitorizar os vendedores online para garantir que não destroem inventários inteiros de artigos, apenas porque a próxima linha de aprovisionamento está pronta para venda», garante. No início deste mês, a França tornou-se um dos primeiros países a proibir que marcas e retalhistas de vestuário destruíssem stock não vendido ou devolvido.
5. Polartec lança nova versão do Power Air
A empresa desenvolveu uma versão leve do seu tecido sustentável Power Air, colocando-se assim mais próxima do objetivo de criar a primeira pele, enchimento isolador e tecidos respiráveis à prova de água totalmente reciclados e biodegradáveis. Em 2018, a Polartec lançou o Power Air, um tecido que recorre a uma técnica de construção que liberta cinco vezes menos microfibras do que qualquer outro tecido premium. Este ano, a empresa prepara-se para apresentar uma versão mais leve, produzida com um fio, totalmente reciclável e com um maior conteúdo PCR (resina pós-consumo, na sigla original). «As microfibras de plástico estão a encher os nossos oceanos e a ser consumidas pelo plâncton, expandindo-se por toda a cadeia alimentar», explica a produtora de tecidos. «Os cientistas ainda não conseguiram averiguar todas as consequências deste efeito sobre a saúde humana, mas é uma preocupação de tal forma crescente que, em 2018, as microesferas [de plástico] foram banidas dos produtos de saúde», revela. A novidade foi aplicada a um projeto desenvolvido em colaboração com a marca sueca Houdini para lançar no mercado o primeiro produto fabricado com a versão mais leve do Power Air, o Mono Air Houdi. Com 73% de plástico reciclado, o tecido incorpora fibras de retenção de ar – como plástico de bolhas de ar –, resultando num artigo quente, confortável e respirável, que liberta, no mínimo, cinco vezes menos microfibras, comparativamente a outros tecidos premium. Além do conteúdo PCR, o tecido de 100% poliéster é totalmente reciclável. A Houdini lançou o Mono Air Houdi na recente edição da Ispo Minich, no passado mês de janeiro.
6. Crise climática exige mais transparência
De acordo com análise à transparência e ação corporativa da CDP, as marcas e os retalhistas de vestuário precisam de apresentar mais informações sobre as suas estratégias para combater as alterações climáticas. O mais recente estudo da organização sem fins lucrativos classifica milhares de empresas que divulgam dados anuais sobre o as suas políticas ambientais, através das respetivas plataformas, a pedido dos seus clientes e investidores corporativos. Em 2020, o número total de empresas que concretiza este tipo de comunicação aumentou 20%, desde o ano passado, para 8.446. A CDP avalia diariamente as marcas e retalhistas numa escala descendente de A a D – aquelas que não fornecem informação suficiente para serem classificadas recebem um F. Deste modo, as empresas que integram a lista A são consideradas líderes no âmbito da comunicação transparente sobre questões ecológicas, através de uma consciencialização dos riscos climáticos, demonstração de forte governança e aplicação de boas práticas. Estas medidas podem incluir a definição de objetivos baseados na ciência, adoção de sistemas de energia renovável, investimento em inovação de produto de baixo carbono, utilização de preços internos de carbono ou incentivo aos fornecedores para reduzir as suas emissões. Para o corrente ano, esta lista constitui-se por apenas 2% do total analisado, onde se incluem a Gildan Activewear, Kering, Inditex, Fast Retailing, H&M, Burberry, Walmart Inc, Kohl’s, Hanesbrands e Gap Inc. Por sua vez, a lista B premeia ações relacionadas com uma boa gestão ambiental, tal como determinado pela CDP e respetivas organizações parceiras. A Woolworths Australia, Salvatore Ferragamo, Asics Corp, Woolworths South Africa, Coats Group, N.Brown Group, Next, JC Penney, Target Corp, Nike Inc, Levi Strauss e VF Corp conseguiram atingir este patamar. O grau C representa a consciencialização e mede a abrangência da análise de uma empresa às questões ambientais associadas ao seu negócio, sem, porém, implicar uma ação efetiva sobre estes assuntos. Nesta lista estão a Brands Group, Li & Fung, Superdry, Associated British Foods, Tapestry Inc, L Brands, PVH Corp e Macy’s. No fim da classificação está o grau D, indicando que há um mínimo de comunicação transparente, tal como acontece com a Hugo Boss e Abercrombie & Fitch. Aquelas que não cumprem o mínimo necessário ficam marcadas com um F, como a Wesfarmers, Hudson’s Bay Co, Canada Goose, Lectra, Geox, Mothercare, French Connection, Bonmarche Holdings, Debenhams e Sports Direct. O diretor global de empresas e cadeias de aprovisionamento da CDP, Dexter Galvin, acredita que os membros da lista A estão a «abrir caminho para que outros as seguam». Os últimos dados científicos demonstram que as emissões globais têm de começar a «diminuir a 7,6% ao ano para evitar os piores impactos na crise climática. É claro que o negócio global tem um papel crítico a desempenhar neste desafio existencial. As empresas podem e devem tornar-se parte da solução e não parte do problema», afirma. Galvin destaca ainda a vantagem de liderar a ação climática, já que os retalhistas da lista A superam os seus concorrentes em 5,5% ao ano no mercado de ações, segundo o Índice de Líderes Climáticos da STOXX.