Breves

  1. Poliamida substitui petróleo por plantas
  2. Novas gerações preferem compras sem ajuda
  3. União Europeia luta contra o desperdício
  4. Centric Brands compra Zac Posen
  5. Adidas é líder de sourcing de algodão sustentável
  6. Coronavírus adia desfiles asiáticos da Chanel e Prada

1. Poliamida substitui petróleo por plantas

Oitenta anos após integrar a produção comercial, a poliamida está a passar por uma «reforma muito necessária», nas palavras da Genomatica. A empresa de bioengenharia anunciou a produção da primeira tonelada de um ingrediente essencial para a poliamida-6, que utiliza plantas em vez de petróleo. Apesar da sua utilidade para a indústria dos produtos de consumo, a fibra sintética tem uma grande pegada ecológica, já que é responsável por cerca de 60 milhões de toneladas anuais de emissões de gases com efeito estufa. A inovação da empresa, partilhada com a parceira Aquafil – produtora de fios italiana, conhecida pela sua poliamida reciclada Econyl – permitirá fabricar poliamida de origem 100% renovável que garante o mesmo desempenho do que a convencional, mas com menor impacto ecológico. A poliamida de base biológica pode potencialmente reduzir as emissões de gases de efeito estufa numa indústria global que produz mais de 5 milhões de toneladas anuais de poliamida-6. «A produção de poliamida da DuPont, há 80 anos, introduziu um material básico altamente versátil para a indústria têxtil e vestuário», recorda Christophe Schilling, CEO da Genomatica. «É um material fantástico e, agora, com o poder da biotecnologia, conseguimos reinventar a sua origem». Esta inovação representa, portanto, um novo passo que oferecerá «um futuro novo e mais sustentável com uma poliamida melhor para toda a indústria», afirma. A tecnologia da empresa, reconhecida pela revista Time como uma das melhores invenções de 2019, apoia-se num processo de fermentação dos açúcares das plantas para dar origem ao composto químico da poliamida-6, que posteriormente é convertido em fio pela Aquafil. Esta foi a primeira a ingressar no programa da Genomatica, formando, em conjunto, o Project Effective, uma colaboração de várias empresas para produzir fibras e plásticos sustentáveis para uso comercial, a partir de matérias-primas renováveis e tecnologias de base biológica. Alguns dos restantes membros incluem a H&M, Vaude, Balsan e Carvico. «95% dos americanos consideram que a sustentabilidade é uma boa meta e percebemos que os consumidores exigem produtos que sigam este princípio», destaca Schilling. «A nossa tecnologia oferece às marcas uma solução para responder a esta procura», acredita.

2. Novas gerações preferem compras sem ajuda

Os millennials e consumidores da geração Z preferem efetuar as suas compras autonomamente, isto é, sem o auxílio dos colaboradores das lojas. De acordo com um estudo da PYMNTS e da USA Technologies, as gerações mais jovens privilegiam canais de retalho sem assistência, como máquinas de venda automática e quiosques. Da amostra de 2,3 mil indivíduos avaliados nos EUA, 35% dos millennials e 29% dos consumidores da geração Z afirmam estar dispostos a gastar mais em canais de compra pouco ortodoxos, caso fossem propostos produtos não tradicionais. No entanto, esta percentagem chega apenas aos 26% na geração X e aos 16% nos idosos e Baby Boomers. Todas as gerações classificam os produtos de saúde e beleza como os itens com maior probabilidade de compra em máquinas de venda automática ou quiosques. No entanto, 61% dos millennials e 59% dos entrevistados da geração Z referem estar dispostos a comprar vestuário e acessórios, através destes meios, percentagem esta que se situa ligeiramente acima à apresentada pela geração X (54%) e pelos Baby Boomers (45%). «O nosso estudo em conjunto com a PYMNTS realça não apenas a dimensão dos canais não atendidos, como também as expectativas dos consumidores de que o retalho não assistido se torne um modo de vida do quotidiano, principalmente para as gerações mais jovens», explica Maeve McKenna Duska, diretora de marketing da USA Technologies. «Acreditamos que esta representa uma oportunidade única para os retalhistas deixarem tarefas mais mundanas para os quiosques, de modo a que os funcionários da loja se possam concentrar em funções de maior valor», além de «expandirem a sua presença fora das lojas», o que lhes permite «aumentar as oportunidades de receita e simplificar as compras para os consumidores», acrescenta. O estudo aponta ainda que o principal motivo pelo qual os consumidores optam pelo de retalho não assistido prende-se com a velocidade. Além desta variável, soma-se a desnecessidade de interação humana, com 41% das respostas da geração Z, comparativamente aos 27% registados pela geração X, aos 38% dos millennials e aos 35% dos Baby Boomers. 37% dos entrevistados da geração Z referem ainda a relevância do prazer de usar a nova tecnologia.

3. União Europeia luta contra o desperdício

A reciclagem de têxteis, baterias e embalagens será a grande prioridade no novo plano para reduzir o desperdício na União Europeia (UE) até 2030. Frans Timmermans, que lidera o esforço intracomunitário para se tornar o primeiro continente climaticamente neutro até 2050, anunciou aos legisladores europeus em Bruxelas que a percentagem de materiais recuperados e reciclados terá de aumentar ou «até 2050 precisaremos de três planetas para sustentar os nossos hábitos de consumo». «Não se trata de forçar os nossos cidadãos a viver em cavernas e alimentar-se de relva, mas sim garantir um elevado nível de conforto, de desenvolvimento de uma nova economia», explica Timmermans, que também ocupa a posição de vice-presidente da Comissão Europeia (CE). Sob o novo plano, a CE proporá iniciativas que pretendem prolongar a vida útil dos produtos e encorajar a procura por reparações junto dos consumidores. Neste contexto, França assumiu a liderança com a adoção, no mês passado, da sua primeira lei contra o desperdício, que irá banir todos os plásticos descartáveis até 2040, incluindo embalagens para produtos para casa e cuidados de pele, talheres descartáveis em restaurantes de fast food, saquinhos de chá de plástico e confetes. Algumas das proibições irão entrar em vigor em janeiro de 2021. A secretária de Estado da Transição Ecológica, Brune Poirson, revelou aos repórteres em Bruxelas que a nova lei francesa atuaria prioritariamente sobre a obsolescência planeada em eletrónica e o stock não vendido na indústria da moda. Por outro lado, França também se tornou o primeiro país do mundo a prometer introduzir filtros em novas máquinas de lavar, a partir de janeiro de 2025, para reduzir a proliferação de microfibras de materiais sintéticos, que representam um terço das partículas plásticas presentes nas águas residuais e contribuem para poluição nos oceanos. A Comissão Europeia deverá apresentar o plano de economia circular a 10 de março, juntamente com uma nova estratégia industrial europeia.

4. Centric Brands compra Zac Posen

A marca Zac Posen e respetivos ativos de propriedade intelectual foram transferidos do grupo Z Spoke LLC para a Centric Brands Inc. O designer Zac Posen mantém a liberdade de continuar a oferecer conselhos sobre todos os aspetos relacionados com a direção criativa e estratégica, marketing e promoção do negócio. Como parte do contrato, a Centric também adquiriu todas as licenças e acordos de colaboração de negócios precedentes, mas os passivos que lhes estão associados continuam a pertencer ao antigo proprietário. As licenças atuais incluem bolsas femininas, artigos pequenos de couro e acessórios para o clima frio, que a Centric também produz. A marca Zac Posen está também presente nos segmentos de casamento, joalharia, óculos para homem e mulher e calçado feminino, todos sob licença. «Esta aquisição soma uma marca global de designer ao nosso portfólio de vestuário feminino e garante uma plataforma que permite a expansão para novas categorias de licenciamento, além de apoiar uma das nossas estratégias de crescimento», admite Jason Rabin, CEO da Centric. Para Zac Posen, o objetivo é ajudar a «construir seletivamente a distribuição global da marca e a estratégia de marketing omnicanal». A Zac Posen nasceu em 2001 e rapidamente se tornou uma referência para a moda de designers de luxo. Contudo, em novembro de 2019, o designer encerrou o negócio. O portfólio de licenças da Centric integra agora vestuário infantil para a Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Nautica e Under Armour, entre outras insígnias, algumas marcas de vestuário masculino e feminino, como a Joe’s Jeans, Hervé Léger e BCBG e licenças de linhas de acessórios da Kate Spade, Michael Kors, All Saints, Frye, Timberland e Jessica Simpson. A aquisição da Zac Posen contribui para o crescente portfólio da empresa, onde já estão incluídas as marcas Hudson, Robert Graham, Swims e Avirex.

5. Adidas é líder de sourcing de algodão sustentável

A Adidas tornou-se líder global no aprovisionamento de algodão sustentável. No Ranking de Algodão de 2020, publicado pelas organizações não governamentais Pesticide Action Network (PAN) do Reino Unido, Solidaridad e World Wildlife Fund (WWF), a retalhista de vestuário desportivo subiu do sexto lugar da lista do ano passado para o topo. Agora, 100% do algodão utilizado pela Adidas tem origem em fontes sustentáveis. A Ikea e o grupo H&M ocupam a segunda e terceira posições, seguidas pela C&A, grupo Otto, Marks & Spencer, Levi Strauss, Tchibo, Nike e Decathlon, que completam o top 10. No geral, as grandes marcas estão a registar um progresso significativo no que toca à adoção de produtos mais sustentáveis. Não obstante, a diferença entre as empresas que levam a sério os compromissos sustentáveis e aquelas que não o fazem está a aumentar. Por outro lado, o estudo aponta que, enquanto 21% da produção global de algodão é agora mais sustentável, apenas 5% é efetivamente adquirida como tal por retalhistas e marcas – o restante é vendido como convencional, já que o número de grandes marcas que compram explicitamente algodão mais sustentável ainda não é suficiente para corresponder às margens de produção. «Surpreendentemente, três quartos do algodão sustentável ainda é vendido como convencional», afirma Isabelle Roger, diretora global do programa de algodão da Rede Solidaridad. «Os grupos de agricultores acabam por vender a maioria como convencional devido à falta de procura», explica. O estudo avaliou 77 empresas que utilizam esta matéria-prima (perfazendo um consumo total de 10 mil toneladas métricas anuais) e calcula a respetiva quantidade que provém de fontes sustentáveis, bem como o nível de transparência face à rastreabilidade da sua cadeia de aprovisionamento. A Bestseller e a Decathlon, que, em 2017, «iniciaram a jornada», estão agora a «liderar o caminho», segundo o estudo, graças ao aumento significativo no consumo de algodão sustentável, e quase todas as empresas que assumiram compromissos públicos conquistaram melhorias substanciais. No entanto, ainda existem algumas que permaneceram praticamente inalteradas nos últimos três anos, como é o caso da Amazon, Footlocker, Giorgio Armani e Forever 21. «O ranking revela que há um pequeno, mas crescente grupo de pioneiros que lidera o caminho», aponta Alexis Morgan, líder global em gestão hídrica da WWF. «Porém, muitas ainda não tomaram as medidas necessárias. Os CEOs destas empresas retardatárias devem alterar o rumo [da sua estratégia] e assumir compromissos com prazos pré-definidos para consumir algodão mais sustentável», alerta. Ainda assim, pela primeira vez, mais de 50% das empresas avaliadas assumem compromissos de usar algodão sustentável. Por outro lado, as marcas que estão na dianteira apresentam um desempenho significativamente melhor do que as restantes – a diferença mais acentuada reflete-se na quantidade e transparência do consumo desta matéria-prima. «As empresas não são suficientemente transparentes sobre as suas cadeias de aprovisionamento e práticas de compra», argumenta Keith Tyrell, diretor da PAN do Reino Unido. «Precisamos de assistir à definição de mais metas com prazos pré-determinados, maiores quotas de algodão sustentável adquirido, bem como maior transparência sobre a respetiva origem».

6. Coronavírus adia desfiles asiáticos da Chanel e Prada

Na terça-feira (ontem), as empresas de luxo Chanel e Prada adiaram os respetivos desfiles de moda que deveriam realizar-se em maio, na Ásia, devido ao surto de coronavírus. Numa declaração, um porta-voz da Chanel anunciou que a empresa tinha decidido adiar o desfile de Pequim, uma réplica daquele que teve lugar em Paris, em dezembro de 2019, «para um momento posterior e mais apropriado». «Acima de tudo, está a saúde e bem-estar das nossas equipas e clientes», admitiu. Até ao momento, ainda não foi divulgada uma nova data. O evento de Paris constituiu-se como uma apresentação da coleção “Metiers d’art”, composta pelo artesanato mais sofisticado e vestuário feito à mão, com um cenário desenhado pela diretora de cinema Sofia Coppola, que se inspirou no apartamento onde a fundadora Coco Chanel morou no início do século XX. A Chanel, uma das maiores marcas de luxo do mundo, a par da Louis Vuitton, não divulgou quaisquer detalhes financeiros do desfile. Por sua vez, a Prada emitiu um comunicado onde revela o adiamento do desfile Prada Resort, no Japão, originalmente marcado para 21 de maio. A casa de moda italiana explica que a decisão foi tomada como uma medida de precaução, assim como um «ato de responsabilidade e respeito» por todos os que trabalham e participam no evento. «O Japão continua a ser um dos mercados estratégicos da Prada e os eventos relevantes serão agendados para um momento mais apropriado», afirmou. A Ásia, e a China em particular, é um mercado importante e lucrativo para as principais empresas de moda, incluindo a Chanel, Prada, LVMH, Kering e Burberry. O surto de coronavírus tem vindo a refletir-se nas suas vendas, à medida que encerram várias lojas e se suspendem campanhas publicitárias na segunda maior economia do mundo – os compradores chineses representam um terço dos clientes da indústria de artigos de luxo. A Gucci e outras marcas de luxo da Kering já antecipam menos afluência de público nos seus desfiles de fevereiro.