Breves

  1. CE procura projetos de moda sustentáveis
  2. Isko cria alternativa denim para substituir a pele
  3. Labfresh revela os maiores poluidores têxteis da Europa
  4. Quer calcular a sua pegada de moda?
  5. Segunda fábrica com certificação LEED Platinum no Myanmar
  6. OIT combate trabalho infantil nas cadeias de aprovisionamento

1. CE procura projetos de moda sustentáveis

A Comissão Europeia vai premiar, com um valor até 50 mil euros, três projetos em fase inicial que tentem mudar a forma como a moda é produzida, usada e reciclada. Com o tema “Reimagine Fashion: Changing behaviours for sustainable fashion”, o Concurso Europeu de Inovação Social procura iniciativas que visem reduzir a pegada ambiental da moda, ao mesmo tempo que melhoram o impacto social e proporcionam mudanças de comportamentos ao ajudar a desenvolver novos produtos, serviços, processos e modelos de negócio inovadores. As soluções devem ser aplicáveis seja em contexto local, nacional ou europeu. O concurso surge como consequência dos dados apresentados pela Comissão Europeia que revelam que os cidadãos europeus, em média, compram mais de 12 kg de roupa por ano, cuja produção contribui com 195 milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera e que gasta 46 biliões de metros cúbicos de água. O vestuário representa entre 2% e 10% do impacto ambiental global da União Europeia. 30% dos artigos presentes no guarda-roupa dos europeus não são usadas há, pelo menos, um ano e, quando descartadas, mais de metade das peças não é reciclada, acaba no lixo e, consequentemente, termina em aterros. O concurso está aberto aos participantes de qualquer Estado-membro da União Europeia e aos países associados, incluindo inovadores sociais, empreendedores, estudantes, designers, empresas e criadores de mudança. O prazo para a candidatura termina dia 4 de março e os três projetos vencedores vão ser selecionados pelo júri em novembro.

2. Isko cria alternativa denim para substituir a pele

Uma vez que o número de marcas de vestuário, retalhistas e designers que eliminam o uso de peles nas coleções está a aumentar, a produtora de denim turca Isko desenvolveu o que considera ser o primeiro denim que pode ser usado como alternativa à pele e a imitações desta, de natureza sintéticas. De acordo com a empresa, o Isko Wild é o primeiro programa de denim que, ao contrário de outras imitações de pele, não liberta microplásticos para o meio ambiente. Disponível tanto em índigo como pronto a tingir, o Isko Wild apresenta algodão e misturas de algodão e lã que vão ao encontro da visão “Responsible Innovation” da empresa. Este lançamento surge no seguimento de um grande número de lojas de moda a nível mundial ter anunciado políticas contra o uso de peles e da retalhista Macy’s declarar que vai parar de vender peles até ao final de 2020. Além disso, no ano passado, a Califórnia tornou-se o primeiro Estado dos EUA a proibir a produção e comercialização de artigos com peles de animais. O Havai e Nova Iorque também implementaram iniciativas que respeitam esta política. A Isko, produtora de denim sustentável que faz parte do grupo Sanko Tekstil, tem uma capacidade produtiva para 300 mil metros de tecido por ano com dois mil teares automatizados, da mais alta tecnologia.

3. Labfresh revela os maiores poluidores têxteis da Europa

A Labfresh, uma marca holandesa de moda masculina, apontou os 15 maiores países poluidores têxteis da Europa num estudo que tem como objetivo incentivar a mudança nos hábitos de consumo de moda e reduzir o desperdício têxtil. O estudo analisa os 15 países europeus que produzem a maior quantidade de resíduos têxteis por ano. Além da quantidade total de resíduos produzidos anualmente neste sector, o nível de despesas privadas em vestuário novo, a participação de mercado da indústria no PIB de cada país e as exportações de vestuário contribuem para a classificação dos países mais poluidores da ITV. Em conjunto, os países destacados por esta classificação produzem mais de dois milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, que são reciclados ou descartados de forma permanente. A análise calcula também a quantidade de resíduos têxteis por cada habitante e ainda os respetivos métodos de eliminação de resíduos por cada país. Os dados revelaram que 10% dos desperdícios têxteis continuam no mercado como vestuário em segunda mão, enquanto 8% voltam ao ciclo de produção através da reciclagem. No entanto, a percentagem restante de resíduos é descartada permanentemente. Prova disso são os 24,3% que acabam incinerados e os 51,1%, mais de metade, que acabam em aterros sanitários. A tabela de classificação está dividida em três grupos. A secção “resíduos têxteis” descreve o que acontece com os desperdícios deste sector e a quantidade que cada país produz, a “indústria de vestuário” é um indicativo da dimensão do mercado de vestuário e a coluna “segunda mão” indica a quantidade de roupa usada exportada por país, que provavelmente vai entrar como peça em segunda mão para outro mercado. Cada cluster é composto por determinados parâmetros que contribuem para a pontuação total, que se situa num intervalo de 0 a 100 e em que o valor máximo representa o país menos sustentável. Dos 15 países analisados, Itália, Portugal e Áustria foram destacados como os mais poluidores da ITV, acompanhados pelo Reino Unido, que ocupa o quarto lugar da tabela.

4. Quer calcular a sua pegada de moda?

Foi lançada uma nova ferramenta para ajudar os consumidores a descobrir o impacto de carbono do guarda-roupa e ainda algumas medidas que podem tomar para diminuir a pegada ecológica de moda. A ferramenta desenvolvida pela loja de revenda online ThredUp chama-se “Fashion Footprint Calculator” e questiona os utilizadores sobre a frequência com que compram artigos de vestuário, quer sejam novos ou ousados, a quantidade de peças que compram anualmente e ainda quantas peças é que alugam durante um ano. Com base nas respostas, a “Fashion Footprint Calculator”, criada em parceria com a atriz Emma Watson, calcula a pegada de moda numa escala alta ou baixa que usa como diretrizes um estudo de carbono elaborado pela empresa de pesquisa independente Green Story. Esta análise atribui a cada pegada calculada o número de voos necessários para atingir os níveis de carbono equivalentes, bem como o peso das emissões de carbono que os hábitos dos consumidores de moda contribuem anualmente. Os utilizadores podem comparar a classificação com o valor de consumo médio que contribui com 7,349 kg de emissões de carbono por ano. Além disso, a calculadora sugere formas de reduzir a pegada ecológica associadas a links para marcas e retalhistas sustentáveis e oferece ainda um desconto na primeira encomenda da ThredUp. Um relatório da organização ambiental internacional Stand earth, realizado em 2019, refere que a promessa de várias empresas para um modelo de negócio sustentável não cumpre os padrões de redução das alterações climáticas intimados pelo Acordo de Paris das Nações Unidas. Segundo o relatório “’Filthy Fashion Climate Scorecard”, isto acontece porque as fábricas e outras partes das cadeias de aprovisionamento não optam por energias renováveis em vez de recorrerem aos combustíveis fósseis.

5. Segunda fábrica com certificação LEED Platinum no Myanmar

A Guston Amava, uma fabricante de vestuário em Myanmar abriu a segunda fábrica com certificação LEED Platinum no país e lançou a iniciativa Smart Myanmar, um projeto financiado pela União Europeia que visa promover o vestuário “made in Myanmar” e as práticas sustentáveis para que outras fábricas do país possam seguir o exemplo. As instalações devem responder aos padrões restritos de desempenho ambiental estabelecidos pelo Green Building Council dos EUA. As novas instalações da Guston Amava incorporaram 85% de aço reciclado na construção e, no total, 34% dos materiais empregues na edificação são reciclados. Além disso, cada estabelecimento possui uma instalação solar fotovoltaica de 250 kW, o que faz com que tenham o maior sistema de cobertura solar em Myanmar. A Guston Amava implementou ainda um sistema de arrefecimento por evaporação e claraboias para conseguir cumprir o objetivo de usar 80% menos de água do que nos espaços sem certificado. «É ótimo ver um produtor de vestuário a liderar neste sector em Myanmar. Nenhuma outra fábrica alcançou estas medidas de desempenho no país. Isto representa uma conquista significativa para esta empresa e para ambas as fábricas. Espero que isso influencie outras pessoas a seguir o exemplo de implementar capacidades de produção verdadeiramente do século XXI», afirmou um representante da Smart Myanmar.

6. OIT combate trabalho infantil nas cadeias de aprovisionamento

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) está a pedir a colaboração de todas as cadeias de aprovisionamento para erradicar o trabalho infantil nas cadeias de aprovisionamento de todo o mundo. Guy Ryder, diretor-geral da OIT interveio numa conferência nos Países Baixos que abordou os próximos passos para eliminar o trabalho infantil nas cadeias de valor globais. A conferência decorreu de 27 a 28 de janeiro e foi organizada pelo governo holandês em colaboração com a OIT, a Global March Against Child Labour e a Netherlands Enterprise Agency. Na perspetiva de Guy Ryder, os esforços contra o trabalho infantil nas cadeias de aprovisionamento globais vão ser inadequados se não forem além dos fornecedores imediatos e incluírem aqueles que estão envolvidos na extração e produção de matérias-primas. Ryder salientou ainda que os governos devem atender à origem das causas do trabalho infantil como a pobreza, informalidade e o acesso insuficiente à educação. «Atualmente, 152 milhões de crianças continuam a trabalhar. A necessidade de acelerar o progresso é óbvia. A resolução das Nações Unidas que diz que 2021 será o Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho infantil é uma oportunidade tremenda para manter o ritmo e acelerar as ações para alcançar o “zero child labour”, sob todas as formas, até 2025», assegurou o diretor-geral da OIT. Sigrid Kaag, ministro holandês do Comércio Externo e Cooperação para o Desenvolvimento, anunciou que os Países Baixos vão ser pioneiros na Aliança 8.7 e o primeiro Estado-membro da União Europeia a fazê-lo. A Aliança 8.7 reúne 255 organizações parceiras que se comprometem a colaborar para alcançar a meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, que incita os governos de todo o mundo a erradicar o trabalho infantil até 2025 e a implementar medidas eficazes para acabar com o trabalho forçado, escravidão moderna e tráfico de seres humanos até 2030. Como parte integrante do compromisso de «chegar longe mais rápido» para alcançar a medida 8.7, os países pioneiros vão implementar novas ações, tentar novas abordagens e partilhar conhecimento. Com esta ação dos Países Baixos, até ao momento, 20 países já se comprometeram a acelerar esforços como países pioneiros da Aliança 8.7. Entre os oradores do evento estavam nomes como Kailash Satyarthi, vencedor do Prémio Nobel da Paz, e Mostafiz Uddin, diretor-geral da Denim Expert do Bangladesh.