- Lenzing produz liocel a partir de resíduos de algodão pós-consumo
- Reutilização de têxteis em destaque na UE
- Happy Socks chega a Portugal
- Blusas de senhora podem sofrer alterações tarifárias
- Teijin lança tecido «ideal» para desporto
- Redes sociais atraem retalhistas
1. Lenzing produz liocel a partir de resíduos de algodão pós-consumo
A produtora de fibras celulósicas recorreu à sua tecnologia Refibra para produzir a primeira linha em escala de fibras de liocel a partir de resíduos de algodão pós-consumo. As fibras apresentam até 30% de conteúdo reciclado, onde se inclui até 10% de desperdício de algodão pós-consumo. Posteriormente, estas fibras são misturadas com resíduos de algodão pré-consumo. A iniciativa representa uma evolução da tecnologia Refibra, que atualmente reaproveita uma proporção significativa de restos de algodão pré-consumo, provenientes da produção de vestuário, que depois são misturados com polpa de madeira virgem para produzir novas fibras de liocel. A primeira fase de atualização da Refibra assistiu a um aumento da composição da polpa produzida através de restos de algodão pré-consumo, que se alargou até aos 30%. A Lenzing tem como objetivo de, num prazo de cinco anos, produzir fibras usando a tecnologia Refibra com até 50% de conteúdo reciclado proveniente de resíduos de algodão pós-consumo – o que tornaria a reciclagem de têxteis tão comum quanto a do papel. «Esta inovação é um grande passo para combater o desafio global do descarte de resíduos têxteis. Ao mesmo tempo, diminui a extração de madeira enquanto matéria-prima e reduz a pressão sobre o ecossistema global de florestas. A nossa visão inclui a reciclagem de tecidos e vestuário dos próprios materiais da Lenzing», afirma a empresa austríaca.
2. Reutilização de têxteis em destaque na UE
A organização sem fins lucrativos RREUSE (Reuse and Recycling European Union
Social Enterprises) solicitou à União Europeia (UE) que priorize a reutilização de têxteis e saliente o papel das empresas sociais na cadeia de valor para acelerar o movimento presente no sentido da economia circular. Num estudo recente, o grupo realçou a quantidade de têxteis de baixa qualidade que são colocados no mercado e que não podem ser recuperados para reutilização. Ao longo dos próximos anos antecipam-se várias alterações nesta área, fruto da nova legislação da UE relativamente ao desperdício, que exige aos respetivos membros a recolha separada de têxteis até 2025. Contudo, a RREUSE acredita que sem melhorar a qualidade do material, abordar os níveis de consumo e o custo dos têxteis não-reutilizáveis, a recolha seletiva obrigatória irá aumentar os desafios e continuar a perturbar os modelos de negócio de reutilização. «Neste panorama em constante mutação, torna-se claro que o papel dos produtores no financiamento da mudança em direção à circularidade tem uma importância significativa», refere o estudo, acrescentando que «o papel das empresas sociais na gestão de têxteis já utilizados tem de estar claramente apoiado e reconhecido para preservar atividades de reutilização e benefícios sociais associados». Segundo o estudo, estas empresas sociais oferecem serviços como a reutilização, reciclagem, reparação e inovação ou medição ambiental e reinvestimento em receitas e lucros para o progresso, postos de trabalho inovadores e oportunidades de formação. De acordo com a RREUSE, a produção global de vestuário duplicou de 50 mil milhões para 100 mil milhões de unidades, entre 2000 e 2015, e mais de 50% da fast fashion é descartada em menos de um ano. Em média, os têxteis recolhidos na Europa têm um potencial de reutilização local que vai dos 5% aos 15% e, em termos internacionais, esta margem situa-se, pelo menos, entre os 30% e os 40%. Outros 30% a 40% destinam-se à reciclagem e entre 10% a 15% devem ser descartados em coletores. A organização defende que os atuais modelos de negócio que se baseiam na fast fashion devem ser progressivamente eliminados, à medida que a eficiência dos recursos se torna a nova regra. Além disso, sugere que a recolha de têxteis pelas empresas deve ser promovida como parte integrante de uma cadeia de valor circular.
3. Happy Socks chega a Portugal
O Chiado, em Lisboa, recebeu, a 17 de dezembro, a primeira loja da Happy Socks em Portugal. Lançada em 2008, a marca sueca criou um novo conceito de meias ao transformar um “básico” numa peça de design colorida e inovadora. Em representação da Helio, proprietária e anterior ocupante do espaço, a Cushman & Wakefield teve a cargo a operação de arrendamento concretizado com o grupo Vendalinda, representante da Happy Socks em Portugal. «Este espaço no Chiado foi a opção óbvia para acolher a primeira loja da Happy Socks em território nacional. Uma marca que se afirma pela criatividade e irreverência conjuga perfeitamente com aquela que é considerada a zona mais trendy, cosmopolita e moderna de Lisboa. Além disso, é um dos destinos preferenciais do fluxo turístico lisboeta», revela Inês Ligeiro, consultora no departamento de retalho da Cushman & Wakefield. Situada no número 41 da Rua Garrett, a nova loja junta-se às várias marcas já presentes nesta artéria, que continua a ser uma das localizações mais procuradas pelas insígnias internacionais que pretendem estabelecer-se em Portugal, tornando-a também na zona mais cara do país para arrendamento comercial.
4. Blusas de senhora podem sofrer alterações tarifárias
A Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla original) dos EUA quer modificar as normas regras NY N019202, NY N018064 e NY M80970, que se aplicam às blusas de senhora com aberturas parciais e sem acessórios para fechar. As alterações teriam um impacto tarifário significativo e «abririam a caixa de pandora da confusão e incerteza para a indústria», afirma a American Apparel & Footwear Association (AAFA). Numa carta ao gabinete de comércio, regulamentos e normas da CBP, a associação defende que as modificações propostas «destruiriam décadas de precedentes e boas práticas da indústria e criariam uma confusão gigante». Acrescenta ainda que «esta alteração teria um impacto tarifário significativo numa das maiores categorias de vestuário do mercado – partes superiores de algodão de senhora. Estas peças já são sujeitas a uma tarifa absurda de 31,5%» (16,5% da tarifa normal, mais 15% da tarifa punitiva 301 imposta pela China)». Na carta lê-se ainda que a proposta cria mais confusão na descaracterização da norma NY N019202, porque alega que «as camisas e as blusas do capítulo 61 têm mangas compridas ou curtas». A AAFA aponta que «esta análise é completamente incorreta. Não há nada na HTSUS [Pesquisa de Cronograma Tarifário Harmonizado] ou em qualquer outro lugar que exclua camisas sem mangas do código HTS Heading 6106». Rick Helfenbein, presidente e CEO da AAFA, considera que «a proposta do CBP procura “consertar” algo que não está quebrado». A associação também assinala que a mudança parece ser uma tendência crescente do CBP, após as recentes propostas para reclassificar algumas sapatilhas de moda como calçado desportivo de alta performance.
5. Teijin lança tecido «ideal» para desporto
A Teijin Frontier, o negócio de conversão de produtos têxteis do grupo japonês Teijin, lançou um tecido leve, resistente ao rasgo e à abrasão e plano que afirma ser ideal para vestuário de desporto e outdoor. De facto, a procura tem vindo a crescer no que toca ao vestuário de desporto que combina desempenho superior com novas estéticas e texturas. No entanto, o atual tecido rip-stop, no qual os fios grossos estão dispostos segundo um padrão xadrez, apresenta texturas duras e superfícies irregulares – o que, por vezes, resulta em fissuras e baixa resistência à abrasão, aponta a empresa. Em resposta, a Teijin Frontier utilizou um fio de poliéster fino e de alta tenacidade e aplicou uma densidade de tecelagem e uma disposição do fio inovadoras para produzir um tecido leve e altamente resistente ao rasgo, que pode ser misturado com fios funcionais e poliéster reciclado para vestuário mais ecológico. Entre as características do tecido destacam-se ainda uma superfície plana e regular, bem como uma textura macia. A empresa antecipa vendas anuais de 400 mil metros deste tecido até março de 2023 e prevê a aplicação em vestuário de moda e uniformes escolares e corporativos.
6. Redes sociais atraem retalhistas
Os profissionais de marketing continuam a transferir os seus recursos para «canais e formatos de redes sociais que podem atrair e envolver de forma mais eficaz os utilizadores», revela a empresa de gestão de redes sociais Socialbakers, após uma análise ao Instagram e ao Facebook, que conclui que a primeira é a plataforma mais envolvente. Os gastos relativos aos anúncios no Instagram Stories cresceram quase 70% no terceiro trimestre, comparativamente ao período homólogo anterior, enquanto, no Facebook Stories, esta taxa chegou apenas aos 3%. Esta análise torna-se pertinente ao constatar que as «regras de moda no Instagram aumentaram a liderança [das marcas nos sectores de moda e beleza] de 27,8%, no segundo trimestre, para 31,9% no terceiro trimestre», regista o estudo. No geral, artigos desportivos, marcas de beleza e de comércio eletrónico têm «as menores taxas de resultados» no Instagram Stories. Com efeito, o comércio social está a emergir enquanto «grande tendência, já que as marcas oferecem a capacidade de comprar produtos diretamente de plataformas de redes sociais», indica a empresa. A Socialbakers afirma que, à medida que cada vez mais se dá a possibilidade de aquisição dos produtos diretamente nas redes sociais, ao invés de obrigar os utilizadores a procurar um website de compra, «há muitas razões para acreditar que o crescimento da tendência do comércio social irá continuar». Acrescenta ainda que «o marketing dos influenciadores está em ascensão», materializando-se pela utilização do termo “#ad” (indicativo de patrocínio), que registou um aumento de 60% no final do terceiro trimestre – evolução que deverá manter-se nos últimos três meses do ano. A Walmart é a principal marca associada aos influenciadores do Instagram. Por outro lado, apesar das imagens continuarem a ser o principal tipo de publicação em ambas as plataformas, «a popularidade do vídeo e a sua capacidade de envolver os utilizadores está a aumentar significativamente», sublinha o estudo. Potenciada pelas gerações Z e Milénio, os novos formatos de vídeo do Facebook e Instagram – Facebook Live e IGTV respetivamente –, assim como os complementos interativos ultrapassam (ou quase) os restantes conteúdos das respetivas plataformas – o Facebook Live «é agora o principal agente de entretimento da plataforma» e, no Instagram, o vídeo quase alcançou o nível de interação das imagens. O estudo também sugere que as marcas «devem pensar primeiramente nos dispositivos móveis, já que o anúncio pago obtém 95,8% das visualizações nestes aparelhos». Apesar das marcas ainda «colocarem a maior parte dos seus gastos com anúncios na página inicial do Facebook (mais de 60%)», a longo prazo, os dados mostram que este volume vai diminuir, aponta a Socialbakers. Pelo contrário, os anúncios de gastos no Instagram Stories cresceram 10 vezes, entre janeiro de 2018 e o final do terceiro trimestre de 2019, o que significa que «os orçamentos de marketing estão cada vez mais a transferir os investimentos para o Instagram. O motivo é óbvio: o Instagram tem uma taxa de envolvimento muito superior à do Facebook», explica o estudo.