- Sonia Rykiel renasce em 2020
- Puma investe no mundo do gaming
- Exportações do Bangladesh caem
- Coworking aumenta em Portugal
- Nova fibra produzida com plástico reciclado
- Associações juntas para a circularidade
1. Sonia Rykiel renasce em 2020
A retalhista online Showroomprivé anunciou o relançamento da marca de moda francesa Sonia Rykiel, no próximo ano. A reaparição surge quase cinco meses após uma decisão do tribunal francês que ordenou a liquidação da marca, que perdeu 30 milhões de euros, em 2018. Contudo, em meados de dezembro, uma nova intervenção «autorizou a venda dos ativos da marca em benefício de Eric e Michael Dayan», os irmãos que cofundaram a Showroomprivé, de acordo com um comunicado divulgado pela dupla. Os cofundadores declaram que o seu objetivo é promover a Sonia Rykiel em todo o mundo, descrevendo-a como «um símbolo da herança francesa». O comunicado acrescenta ser uma «nova aventura» para a marca e para os dois empreendedores. A designer Sonia Rykiel, que morreu há quase três anos, popularizou o visual totalmente em preto e ganhou reconhecimento com o chamado “Poor Boy Sweater”, frequentemente usado pela estrela cinematográfica Audrey Hepburn. Em 1968, abriu a sua primeira loja na margem esquerda da capital francesa e rapidamente se tornou um ícone da revolta juvenil contra o regime conservador do presidente Charles de Gaulle. Vários investidores já tinham manifestado o interesse em comprar a marca francesa, incluindo o ex-diretor da marca Balmain, Emmanuel Diemoz, e um grupo chinês. Fundada em 2006, a Showroomprivé é um dos maiores retalhistas online da Europa.
2. Puma investe no mundo do gaming
«Em longas conversas com os gamers profissionais, descobrimos a necessidade de um calçado em forma de meia, que seja confortável, leve e aderente», explica a Puma, em comunicado. O novo produto, denominado por “Active Gaming Footwear”, atualmente disponível no Reino Unido, por 80 libras (94,09 euros) e na Austrália, «tem uma sola exterior de borracha discreta, própria para a utilização em casa ou em arena. Aquilo que criamos é um novo calçado de performance que denominamos por Active Gaming Footwear, a mais recente ferramenta de jogos da Puma para ajudar os gamers a concentrarem-se no seu jogo e apresentarem o seu melhor desempenho», continua. A empresa revela que esta é a primeira edição da sua linha Active Gaming Footwear, sugerindo que mais modelos estão ainda para vir. Atualmente, o perfil deste calçado integra uma sola de borracha para interiores com uma palmilha de espuma de dupla densidade que recorre a modelagem 3D para proporcionar um ajuste perfeito, e a parte superior é produzida a partir de uma malha 3D respirável. A característica que mais se destaca nesta linha é a capacidade de variar entre três modos, que alteram a forma do calçado, apesar do mecanismo para o efeito ainda não estar totalmente pronto. O modo “Procurar” oferece uma aderência média, o “Ataque” aumenta o apoio lateral e o “Cruzeiro e Defesa” auxilia a estabilidade do calcanhar. A Active Gaming Footwear da Puma não é a primeira a oferecer recursos específicos para gamers. Em julho, a K-Swiss lançou aquilo que afirma ser a primeira sapatilha para gaming de produção em massa, a MIBR One-Tap. Por outro lado, esta não é a primeira vez que a Puma investe no mundo do gaming – em outubro, a marca juntou-se ao Cloud9, um popular clube de e-sports sediado em Los Angeles, para lançar uma cápsula de vestuário de gaming. O novo calçado da Puma está alinhado com o restante equipamento para gamers produzido pela empresa, onde se inclui uma cadeira de gaming de 255 dólares (229,35 euros), que resultou de uma parceria com a Playseat. No mercado da concorrência está a Nike que criou uma sapatilha própria para gaming numa colaboração com Ninja, um gamer profissionais e entertainer popular de serviços de streaming de gaming.
3. Exportações do Bangladesh caem
As exportações de pronto a vestir do Bangladesh diminuíram 7,74%, para 13 mil milhões de dólares (11,69 mil milhões de euros), entre agosto e novembro deste ano, de acordo com os dados da agência Export Promotion Bureau. As exportações de vestuário em malha desceram 6,79% para 6,8 mil milhões de dólares, assim como as remessas de vestuário em tecido caíram 8,74%, para 6,3 mil milhões de dólares, comparativamente ao período homólogo anterior. O Bangladesh é o segundo maior exportador de vestuário e o sector têxtil e do vestuário contribui para cerca de 20% do seu Produto Interno Bruno (PIB). Além disso, garante emprego a cerca de 20 milhões de trabalhadores e é a maior força impulsionadora da economia, já que representa aproximadamente 8% das exportações mundiais de vestuário. É também um dos principais produtores de denim, assumindo a primeira posição enquanto maior fornecedor deste tecido aos EUA. Neste sentido, o Bangladesh antecipa sair da lista de países menos desenvolvidos em 2024, o que lhe retirará os benefícios fiscais que o auxiliam no comércio com a União Europeia (UE) – destino para o qual se dirigem mais de 50% das suas exportações –, Canadá e Japão. Alguns estudos sugerem que o país pode perder anualmente 7 mil milhões de dólares em receitas de exportação depois de abandonar esta lista. Deste modo, as empresas estão a ser instadas a privilegiarem a satisfação da procura por produtos de valor acrescentado, em detrimento do foco no volume de produção. Em contrapartida, os dados da Eurostat, base de dados oficial da UE, apontam para uma subida de 20% das importações de vestuário em malha e em tecido do Bangladesh entre janeiro e outubro de 2019, relativamente ao período homólogo anterior, para 16,7 mil milhões de euros. Já os números mais recentes do Departamento de Têxteis e Vestuário dos EUA (OTEXA) apontam para que as importações de vestuário do Bangladesh tenham aumentado 9,9%, para 5,1 mil milhões de dólares.
4. Coworking aumenta em Portugal
De acordo com novo estudo da Cushman & Wakefield, o conceito de coworking, que assenta na partilha do espaço de trabalho, está a crescer cada vez mais. Em parceria com a associação de imobiliário empresarial CoreNet Global, o estudo questionou os participantes sobre a perceção que têm relativamente ao coworking bem como os prós e os contras deste método de trabalho. Uma das conclusões da análise revelou que cerca de dois terços das empresas recorrem ao coworking e que os inquiridos esperam «duplicar o grau de compromisso com este tipo de espaços ao longo dos próximos cinco anos». Para os líderes das empresas, as perceções mostraram-se positivas e 24% planeiam ter a equipa a utilizar espaços de coworking de forma regular, uma vez que um terço das empresas referiu poupar mais de 5% em custos de ocupação. No entanto, 48% dos entrevistados apontaram falta de coesão na equipa quando os colaboradores trabalham em espaços diferentes. A segurança digital foi mencionada também como uma das preocupações, ainda que os fornecedores nacionais e globais de espaços de trabalho flexível assegurem ter os mecanismos de segurança necessários. Em Portugal, o conceito de coworking ocupa uma área de 130 mil metros quadrados, sendo que 60% estão concentrados em Lisboa e 13% no Porto.
5. Nova fibra produzida com plástico reciclado
A empresa japonesa de fibras Toray Industries desenvolveu uma nova marca comercial de fibras, denominada por &+, que recorre a garrafas recicladas de plástico PET, mas cujo produto final tem propriedades comparáveis às fibras produzidas com materiais virgens e incorpora tecnologia de rastreabilidade. Apesar do mercado de fibra reciclada de PET estar já consolidado, a empresa afirma que artigos de moda, vestuário desportivo e de lifestyle, uniformes laborais, produtos de consumo e outras aplicações têm-se posicionado fora do alcance das fibras derivadas de garrafas de plástico, devido às substâncias prejudiciais que contaminam os resíduos. Além disso, as garrafas de plástico tornam-se amarelas à medida que o tempo passa, inviabilizando a criação de fibras brancas. Assim, juntamente com a Kyoei Industry Co., a Toray desenvolveu uma tecnologia de filtragem de contaminantes e técnicas avançadas de limpeza para garantir que as matérias-primas estão livres de impurezas e prevenir o amarelecimento quando usadas em aplicações têxteis e de vestuário, o que resulta em fibras mais finas e brancas. «Combinando estes materiais com a tecnologia de produção de fibras da Toray, agora é possível obter uma coloração perfeita comparável aos materiais de fibra produzidos diretamente de fontes de petróleo, além de permitir a possibilidade de criar fibras de alto valor acrescentado que incorporaram tecnologia de rastreabilidade», revela a Kyoei Industry Co., em comunicado. O negócio de fibras derivadas de resíduos depende ainda da fiabilidade das matérias-primas das garrafas de plástico. Neste sentido, a Toray criou o Sistema de Identificação de Reciclagem, que deteta aditivos especiais pré-misturados nas matérias-primas. A empresa tem planos para expandir a nova fibra a diversas cadeias de aprovisionamento, não só de fibras, como também de têxteis e de vestuário, recorrendo aos seus locais de produção globais.
6. Associações juntas para a circularidade
Três associações de vestuário publicaram um conjunto de propostas para os legisladores da União Europeia (UE), no sentido de acelerar as práticas da economia circular nos sectores do vestuário, calçado e têxtil. Fundando pela C&A, o Policy Hub foi lançado em maio, pela Coligação de Vestuário Sustentável (SAC, na siga original), a Federação da Indústria de Produtos de Desporto Europeus (FESI, na sigla original) e a Global Fashion Agenda (GFA) e visa «unir a indústria têxtil e os seus stakeholders», descreve o relatório. Entre as três organizações estão representadas mais de 300 marcas, retalhistas, produtores e outros stakeholders. Os novos relatórios focam-se em “Construir blocos para uma economia circular sustentável para os têxteis” e num “Panorama comum para a responsabilidade alargada dos produtores na indústria do vestuário e do calçado”. Amina Razvi, diretora executiva da SAC, explica que os «legisladores podem influenciar e permitir mudanças duradouras em escala na indústria do vestuário e do calçado, priorizando a legislação e incentivando ações que apoiem uma economia circular». Entre as recomendações dispostas nos estudos está a ideia de que os legisladores deveriam alavancar as ferramentas existentes quando projetam políticas para a economia circular nos têxteis, incluindo o índice Higg da SAC, a Carta da Indústria da Moda para a Ação Climática, a Iniciativa de Metas Baseada na Ciência (SBTI, na sigla original), bem como esforços específicos na área, como a iniciativa Make Fashion Circular, da Fundação Ellen McArthur. Também sugerem que a UE deveria oferecer incentivos que reconheçam o valor que cada entidade traz à minimização do desperdício, assim como à utilização de matérias-primas secundárias, em vez de virgens. «É essencial estabelecermos uma economia circular nos têxteis para que a moda prospere de forma sustentável, o que só pode ser alcançado com uma política progressista», reforça Jonas Eder-Hansen, diretor de assuntos públicos da Global Fashion Agenda. «Espero que os legisladores usem os novos estudos de posicionamento como ferramentas para informar e acelerar a ação sobre a circularidade», acrescenta. Jérome Pero, secretário-geral da FESI, sustenta que «o Policy Hub é o mais ambicioso e realista conjunto de recomendações políticas que apoiarão o movimento no sentido da circularidade do sector de vestuário e calçado. Se todos os stakeholders praticarem este exercício, estou confiante de que a Europa será mais uma vez o ator que define as políticas de um dos desafios mais importantes do nosso tempo».