- ITV no horizonte de 2025 da ATP
- Famalicão promove turismo industrial
- VF Corp na fila para comprar a Golden Goose
- EUA revela dumping da China e Índia no poliéster
- Spinnova cria coleção totalmente circular
- Mercado de vestuário em segunda mão vai duplicar até 2023
1. ITV no horizonte de 2025 da ATP
Antecipar o que será a indústria têxtil nos próximos cinco anos é o desafio lançado pela ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal para a próxima edição do Fórum da Indústria Têxtil, que se realiza na próxima quarta-feira, 4 de dezembro, no auditório do Citeve, em Vila Nova de Famalicão. A abertura do evento, que assume a designação “ITV no Horizonte 2025 – Uma visão prospetiva”, estará a cargo de Mário Jorge Machado, que, enquanto presidente da ATP, irá proferir pela primeira vez o discurso do estado do sector na presença do Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, também ele em estreia neste fórum. À análise da atualidade, que será complementada com os indicadores sectoriais fornecidos pela ATP e pelo Banco de Portugal, seguir-se-á a apresentação da estratégia para 2025 e a intervenção de Mike Mikkelborg, cofundador e CEO da Pilot Digital sobre o negócio da moda e sustentabilidade. O debate, subordinado ao tema “Os eixos de desenvolvimento futuro da ITV portuguesa: internacionalização, qualificação, inovação e tecnologia, design, sustentabilidade” contará, entre outros, com a intervenção de João Almeida, administrador da Têxteis JF Almeida. Antes do encerramento, que será feito pelo Secretário de Estado da Economia, João Neves, o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Teixeira, irá trazer as “tendências económicas para a próxima década e o impacto na ITV portuguesa”.
2. Famalicão promove turismo industrial
Vila Nova de Famalicão, que ostenta a marca de “Cidade Têxtil”, vai abrir as portas ao turismo industrial, de modo a promover e valorizar a dinâmica da industrialização do território. Apresentado na última semana de novembro, na Adega Casa da Torre, o projeto enquadra-se no âmbito da estratégia de desenvolvimento Famalicão Turismo 20202 e assenta no aproveitamento das potencialidades turísticas do sector, na preservação do património industrial e no envolvimento da indústria em atividade. Divide-se nos segmentos património industrial, indústria viva, centro de I&D e enoturismo, envolvendo para já a cooperação de onze entidades famalicenses públicas e privadas, numa rota turística industrial. «Não estamos a musealizar a indústria, nem a fazer fotografia no tempo, mas queremos que quem nos visita possa ver um processo em curso, tendo contacto com o que está a acontecer no presente e no futuro da indústria do concelho», declara o presidente da Câmara Municipal do concelho, Paulo Cunha. «Este produto vai alimentar o sector, vai alimentar a indústria, mas acima de tudo vai ser um argumento para que mais turistas nos visitem», continua. A sessão de divulgação contou também com a presença de Inácio Ribeiro, vice-presidente do Turismo Porto e Norte. O autarca regista que «Famalicão, sendo uma verdadeira referência a nível industrial, tem todas as condições para fazer desta nova aposta um projeto de grande sucesso turístico». Até ao momento, o projeto inclui uma rota com onze espaço preparados para receber turistas e integrar, no âmbito do património industrial, o Museu da Indústria Têxtil, o Museu do Automóvel e o Museu Nacional Ferroviário; no contexto da indústria viva, a Empresa Têxtil Nortenha, a Troficolor Têxteis e a Fábrica de Chocolates Casa Grande; dentro da I&D, o Citeve e, no enoturismo, a Casa de Compostela, a Castro – Vinhos de Portugal, a Adega Casa da Torre e Casal de Ventozela. Deste modo, a autarquia já avançou com uma candidatura ao programa RegFin do Turismo de Portugal, para a constituição de uma rede portuguesa de turismo industrial (RPTI), que será dinamizada nesta fase inicial pelos promotores da candidatura, onde se incluem, para além de Famalicão, os municípios de S. João da Madeira, Vale de Cambra, Vila do Conde, Santa Maria da Feira e Santo Tirso.
3. VF Corp na fila para comprar a Golden Goose
A VF Corp, juntamente com as empresas de private equity Permira e Advent International, estão entre os potenciais compradores da marca de luxo italiana Golden Goose. O seu atual proprietário, o grupo de private equity Carlyle, contratou alegadamente a divisão Bank of America Merrill Lynch em setembro, para explorar a possível venda. Segundo a Reuters, a marca, conhecida pelas suas sapatilhas, além das bolsas, casacos de couro e vestuário casual, está avaliada em cerca de 1,4 mil milhões de euros. A VF Corporation tem um portefólio diversificado de marcas de vestuário, calçado e acessórios, que incluem a Vans, The North Face e a Timberland, cujas receitas anuais excedem um mil milhão de dólar (0,91 mil milhões de euros). Por sua vez, a Dr Martens é uma das marcas sob a alçada da Permira. Ainda este ano, a VR Corp tornou independente o seu negócio de calças de ganga, onde estão incluídas as marcas Lee e Wrangler, que agora fazem parte do grupo Kootor Brands Inc. Na altura, a empresa explicou que esta medida dar-lhe-ia uma maior flexibilidade para prosseguir a sua estratégia de fusões e aquisições, explorar novos crescimentos e aplicar mais investimento ao seu portefólio.
4. EUA revela dumping da China e Índia no poliéster
O Departamento do Comércio americano determinou que os exportadores da China e da Índia têm praticado dumping de fios de poliéster texturizados nas margens consideradas pelos EUA – de 76,07% a 77,15% e 17,62% a 47,51%, respetivamente. Além disso, confirmou que os mesmo receberam subsídios de compensação a taxas que variam entre os 32,18% a 473,09% e 4,29% a 21,83%, respetivamente. Dumping é uma prática comercial que ocorre quando uma empresa vende um produto num mercado estrangeiro a um valor inferior ao seu valor justo, enquanto um benefício de compensação define-se como a assistência financeira de um governo estrangeiro que beneficia a produção ou a exportação de bens de empresas. As investigações iniciaram-se em novembro do ano passado, em resposta às petições da parte das empresas Unifi e Nan Ya Plastics Corp America. Em 2018, as importações de fios de poliéster texturizados da China rondaram os 45,5 milhões de dólares (41,30 milhões de euros) e os da Índia aproximaram-se dos 21,6 milhões de dólares. Tendo em conta estes resultados, o departamento impôs uma taxa de antidumping de 76,07% em produtos vendidos pela empresa chinesa Jiangsu Hengli Chemical Fiber Co (neste caso, a entidade implicada) e uma tarifa e 77,15% sobre outras exportações chinesas. Por outro lado, exigiu a imposição de tarifas anti subsidiárias desde 32,18% a 473,09% sobre as empresas chinesas Fujian Billion Polymerization Fiber Technology Industrial Co, Suzhou Shenghong Garment Development Co e Suzhou Shenghong Fibre Co, além de uma tarifa de 32,18% sobre todos os outros produtores e exportadores chineses. No que diz respeito à Índia, o departamento atribuiu uma taxa de dumping de 47,51% à empresa diretamente implicada no caso, JBF Industries, 17,62% à Reliance Industries e 17,62% a todos os outros produtores e exportadores indianos. Adicionalmente, determinou taxas de subsídio desde 4,29% a 21,83%. Desde o início da atual administração que o Departamento do Comércio deu entrada de 187 novos processos de investigação antidumping e direitos compensatórios – mais 240% do que a administração anterior, o mesmo período comparável. A Comissão de Comércio Internacional dos EUA tomará uma decisão, no final de dezembro, sobre a possibilidade de emitir ordens de direito antidumping e de direito compensatório.
5. Spinnova cria coleção totalmente circular
A produtora finlandesa de fibras sustentáveis Spinnova lançou um conceito totalmente circular de devolução e reutilização de produtos, mediante um serviço de subscrição, como parte da sua colaboração com a marca Bergans. Denominado por Collection of Tomorrow, o conceito visa a circulação contínua do mesmo recurso – a fibra da Spinnova – evitando a criação de materiais virgens. A empresa finlandesa está atualmente a estudar o limite de utilizações da fibra pós-consumo. O processo da Spinnova recorre a resíduos de madeira e celulose com o certificado FCS (indicação de que a floresta de onde foi retirada serve os standards sociais e ambientais mais elevados) enquanto matérias-primas para fibra. Ao contrário de outras fibras de celulose, a empresa afirma que o seu método não envolve dissolução ou o recurso a químicos prejudiciais. Além disso, dada a sua composição química, a fibra é rapidamente biodegradável, não libertando quaisquer microplásticos. O primeiro protótipo resultante da parceria com a Bergans é uma mochila, que contou com a participação dos consumidores durante o processo de I&D enquanto coproprietários do tecido. Um número limitado de consumidores pode subscrever à coleção e tornar-se um dos utilizadores teste para o produto. Mais tarde, a Bergans recolhe a mochila e a Spinnova procede à transformação do tecido em nova fibra, que será utilizada pela marca para produzir outro produto diferente para o subscritor. O protótipo da mochila também inclui outros materiais, todos de origem natural, como a fibra de lyocell, lã de carneiro e madeira, eliminando completamente produtos químicos para o revestimento ou acessórios de metal, de forma a que possa ser devolvido a um novo ciclo de vida sem necessidade de proceder à sua desmontagem. A colaboração entre ambas as entidades iniciou-se no verão passado. Apesar da Spinnova ainda não ter anunciado mais planos de colaboração, a empresa acredita que a sua fibra «parece adequada» a algumas aplicações de vestuário.
6. Mercado de vestuário em segunda mão vai duplicar até 2023
O mercado de vestuário em segunda mão está previsto para valer 51 mil milhões de dólares (46,30 mi milhões de euros) até 2023, potenciado pelas novas gerações. De acordo com a loja de revenda online Thred Up, o mercado de revenda de vestuário tem crescido 21 vezes mais rapidamente do que qualquer outro neste sector, ao longo dos últimos três anos. O seu relatório anual, que inclui informações retiradas da plataforma de estatística GlobalData, evidencia que 56 milhões de mulheres adquiriram produtos em segunda mão em 2018, mais 12 milhões do que no ano anterior. A previsão sugere, então, que até 2023, o mercado de revenda de vestuário irá duplicar de 24 mil milhões de dólares para 51 mil milhões de dólares. «Comparativamente ao mercado de vestuário no geral, o crescimento da revenda tem sido fenomenal», comenta Neil Saunders, diretor da GlobalData e analista líder de mercado no estudo. «Já que o mercado vai ao encontro das preferências dos consumidores por variedade, valor e sustentabilidade, esperamos que o elevado crescimento continue», acrescenta. De facto, são os millennials e a geração Z que estão a impulsionar este segmento e o estudo estima que uma em cada três pessoas irão comprar em segunda mão em 2019. Além disso, cerca de 74% dos jovens entre os 18 e os 29 anos privilegiam as marcas sustentavelmente conscientes, tendo em conta que a aquisição de artigos já anteriormente usados reduz a pegada de carbono em 82%. «Ao aumentar o número de vezes que uma peça de vestuário é usada é a forma mais direta de diminuir o desperdício e a poluição e reunir valor», defende Francois Souchet, líder da iniciativa Make Fashion Circular da Fundação The Ellen MacArthur. Deste modo, as aplicações móveis e a personalização tornaram a compra em segunda mão tão fácil como a aquisição de peças novas, assim como a conveniência e a confiança sentidas pelos consumidores. Como tal, o mercado de revenda está previsto para mais do que duplicar nos próximos dez anos e está pronto para constituir um terço do armário dos consumidores até 2023. Contudo, à medida que os consumidores aderem progressivamente à nova modalidade, os grandes armazéns irão perder, em 2028, a sua quota de mercado em mais de metade do que a apresentada em 2008. Além disso, estima-se que este projeto cresça quase 1,5 vezes o tamanho de fast fashion nos próximos nove anos.