Breves

  1. Farfetch: vendas sobem em prejuízo constante
  2. Web Summit menos mediática nos media
  3. Burberry junta-se à Tencent em «retalho social»
  4. Prada e Adidas casam luxo com desporto
  5. Fast Retailing investe em automação
  6. Príncipe de Gales desenvolve moda sustentável

1. Farfetch: vendas sobem em prejuízo constante

A Farfetch registou um crescimento das vendas, no terceiro trimestre do ano, apesar do prejuízo contínuo que tem sentido ao longo dos últimos tempos. «Tivemos um terceiro trimestre fantástico, que superou todas as nossas expectativas, continuando a conquistar uma participação de mercado em ritmo acelerado», afirma o CEO, José Neves. As ações da Farfetch chegaram a subir mais de 20% após as negociações no mercado e o CEO prevê um quarto trimestre «forte». Contudo, a empresa continua a registar um prejuízo crescente, cujos valores negativos aumentaram em mais de 10% entre julho e setembro, para 85,5 milhões de dólares (77,26 milhões de euros) ou 0,28 cêntimos por ação, comparativamente aos 77,2 milhões de dólares ou 30 cêntimos por ação verificados no ano passado. A perda de EBITDA ajustado aumentou 10,3% para 35,6 milhões de dólares e, no quarto trimestre, a Farfetch antecipa que este prejuízo se situe entre 21 milhões de dólares e os 31 milhões de dólares. No entanto, José Neves considera que a retalhista «está num caminho estável para a rentabilidade. E acredito que será o caso, independentemente de quanto tempo durar ambiente promocional». O otimismo do CEO baseia-se no crescimento das receitas, que desde o ano passado subiram 90%, de 134,5 milhões de dólares para 255,5 milhões de dólares. A compra do grupo New Guards, em agosto, contribuiu para os resultados positivos das receitas, assim como o aumento do número de clientes suportados pela plataforma Farfetch Platform Solutions, a subida do número de transações através dos seus sites e a compra da Stadium Goods, o seu principal mercado de sapatilhas e streetwear. Por outro lado, as receitas das lojas aumentaram 121,9% para 9,1 milhões de dólares, o que se justifica pelo contributo das lojas Browns, geridas pelo grupo New Guards. Por seu turno, a margem de lucro bruto da plataforma online caiu de 60,3% para 53,2%. A Farfetch revela que continua a aumentar a sua oferta de produtos, através de parcerias com marcas de luxo e retalhistas, contribuindo para «avançar com a iniciativa de distribuição direta ao consumidor da Prada, enquanto seu parceiro exclusivo, oferecendo a coleção Linea Rossa para a estação outono-inverno de 2019/2020», esclarece José Neves. Assinou também novas concessões online com várias marcas, entre elas a Golden Goose e a Sunglass Hut, elevando a contagem total de parceiros para pouco menos de 500, mantendo «100% de retenção dos 100 principais parceiros diretos de marca nos últimos três anos». A rede de lojas da Farfetch cresceu para mais de 700 retalhistas, elevando o número de parceiros e marcas diretos para mais de 1.200 mil.

2. Web Summit menos mediática nos media

A Web Summit marcou mais um ano com a presença em Lisboa num evento que reuniu várias empresas, ideias e negócios que ditam o futuro da tecnologia, inovação e muitas outras temáticas atuais. O evento que decorreu do dia 4 a 7 de novembro esgotou, no entanto, a exposição mediática sobre o acontecimento nos media foi bastante inferior. De acordo com uma análise da Cision relativamente ao período de 1 de outubro a 9 de novembro, a Web Summit foi mencionada em 6.119 notícias nas plataformas online internacionais, o que se traduz numa diminuição de 2.076 artigos para o mesmo período em 2018 e em 75% das notícias que referem a cimeira. Ainda que tenha havido um aumento do número de participantes de mais países, 159 em 2018 e 163 em 2019, o que é certo é que houve menos exposição, sendo que os EUA, Reino Unido, Espanha e Alemanha se destacaram entre os países com mais artigos sobre o evento tecnológico. Já em Portugal, a Web Summit foi referida em 4.603 notícias, menos 1.452 artigos que o ano passado. Em formato online, os media referiram a iniciativa em 3.243 artigos. A Televisão registou 708 notícias, a Imprensa com 413 e a Rádio com 239. Em 2018, os números foram bem distintos com 4.312 notícias a citar a Web Summit na internet, 936 na Televisão, 520 em meios impressos e 287 em Rádio. Para contrariar o panorama mais negativo, o número de horas de emissão aumentou em televisão de 53 horas para 57 horas em 2019. Na Rádio os valores mantiveram-se registando as 12 horas e meia à semelhança de 2018. A análise da Cision incidiu sobre todas as notícias lançadas para o espaço editorial português de mais de dois mil meios de comunicação e em mais de 120 mil meios de informação online de 190 países.

3. Burberry junta-se à Tencent em «retalho social»

A Burberry estabeleceu uma parceria exclusiva com a Tencent «para desenvolver o retalho social na China», defende a marca, em comunicado, começando por abrir uma primeira «loja social de retalho» em Shenzhen, no primeiro semestre do próximo ano, com a tecnologia Tencent. «Juntos, seremos pioneiros de um conceito que combina as redes sociais e o retalho, criando espaços digitais e físicos para as comunidades envolvidas interagirem, partilharem e comprarem», explica a Burberry. A marca observa ainda que a mudança no cenário do retalho significa que «as redes sociais e as experiências em lojas estão a desempenhar um papel cada vez mais importante na inspiração dos consumidores de luxo e o percurso do cliente entre estes pontos de contacto está a tornar-se mais fluído». Durante o primeiro semestre deste ano, a marca registou um crescimento do lucro bruto de 5%, para 865 milhões de libras (1013,81 milhões de euros), assim como uma subida de 8% do lucro operacional, numa base diretamente comparável, para 202 milhões de libras, potenciado pelas taxas de câmbio e pelo IFRS 16 (norma mais recente das Normas Internacionais de Relato Financeiro). Por outro lado, as receitas cresceram 3% para 1,28 mil milhões de libras, com as vendas comparáveis em loja a subir 4%, impulsionadas pela reação positiva às coleções do designer Tisci, com crescimento em todas as regiões. De facto, a Burberry verificou que a resposta dos consumidores foi «muito promissora» – no final do período, o novo produto representava cerca de 70% do sortido nas suas principais lojas, incluindo uma gama mais abrangente de artigos de couro. Nas lojas de retalho, o vestuário masculino cresceu mais do que o feminino, «enquanto o merchandising continuou a impulsionar a força [de vendas] dos tops, calças e saias», revela a Burberry. Em termos de região, a Ásia-Pacífico registou uma percentagem de crescimento de um único dígito, enquanto as vendas de Hong Kong diminuíram em dois dígitos, devido à instabilidade política e social. Para além desta, evidenciou-se crescimento em todas as outras regiões, à exceção do Médio Oriente. «Estamos satisfeitos com o nosso desempenho no semestre, pois continuamos no caminho para cumprir a primeira fase da nossa estratégia», assegura o CEO da Burberry, Marco Gobbetti, destacando que «obtivemos resultados financeiros alinhados às diretrizes, apesar do declínio em Hong Kong, e confirmamos as nossas perspetivas para o ano fiscal de 2020».

4. Prada e Adidas casam luxo com desporto

A Prada e a Adidas construíram uma nova parceria que se baseia numa «fusão de moda e performance», revelaram as empresas, em comunicado, no início de novembro. O objetivo é misturar a experiência da Adidas no desporto com a especialidade da Prada em artigos de couro e luxo. Os primeiros produtos resultantes desta colaboração serão «dois Prada de edição limitada para estilos da Adidas» – presumivelmente sapatilhas – previstos para serem lançados em dezembro. O acordo permite que as duas marcas explorem as linhas difusas que separam o mundo do luxo dos outros sectores da moda, nomeadamente no que toca ao activewear e streetwear. Para a Prada, é uma oportunidade de expandir a oferta de um estilo mais casual e desportivo, que tem vindo a desenvolver para atrair novos clientes. Por seu turno, dado o seu histórico de colaboração com diversos designers, a Adidas espera reforçar a sua imagem como uma marca criativa e inovadora no mundo da moda. Nos últimos tempos, o vestuário e calçado desportivos têm auxiliado a Prada a manter a sua posição no mercado, concentrando-se naquilo a que chama proposta de «estilo de vida», como é o caso das sapatilhas Cloudbust, lançadas em 2017. No ano passado, reforçou esta estratégia, anunciando o relançamento da Linea Rossa – uma linha de vestuário de desporto técnico – em parceria com o website de streetwear Highsnobiety, para fomentar as vendas. Em março, a casa de moda italiana divulgou que as suas coleções de lifestyle estavam a superar os resultados de outros segmentos. Por seu lado, a Adidas tem vindo a recorrer a colaborações com várias referências da moda, incluindo Raf Simons, Rick Owens e Stella McCartney, para promover a sua imagem como marca inovadora. Os produtos gerados por estas colaborações são lançados em quantidades limitadas, mas permitem que a Adidas ultrapasse o público desportivo e averigue potenciais segmentos de mercado que procurem lançamentos maiores, como aconteceu com o perfil de Ozweego dos anos 90, agora reintroduzida enquanto lançamento geral. O comunicado de imprensa indica que a colaboração «se inspira nos legados ricos das duas [marcas] para reinventar ícones intemporais». Os dois primeiros estilos a serem lançados estarão disponíveis para homem e mulher e são produzidos integralmente em Itália. A parceria também se concentrará na equipa de vela Luna Rossa da Prada, criada em 1997. «No auge, este esforço coletivo resultará no lançamento do novo calçado de vela de performance Luna Rossa, a ser apresentado em 2020», indicam as empresas.

5. Fast Retailing investe em automação

O grupo japonês Fast Retailing, proprietário de marcas como Uniqlo e Gu, contratou duas startups de robótica para melhorar a sua eficiência nos processos de armazenamento e distribuição. A produtora Mujin Electronics Co e a startup Exotec Solutions SAS contribuirão para que o grupo consiga automatizar ainda mais os seus armazéns globais, inclusivamente nos processos de levantamento e expedição. Esta estratégia vem dar continuidade ao investimento de 885 milhões de dólares (802,44 milhões de euros), em outubro do ano passado, na empresa Daifuku, fornecedora de sistemas de manuseamento de matérias, para automatizar o armazenamento e a distribuição. Deste modo, a Fast Retailing começou a automatizar dois armazéns no Japão e outros dois fora do país, e procura agora continuar a evolução com a Mujin, Inc. e a Exotec Solutions internacionalmente. Por outro lado, planeia também «construir uma cadeia de aprovisionamento sem precedentes», expandindo alianças com empresas que têm tecnologias avançadas e recrutando especialistas para liderar as reformas das suas cadeias. «Vamos aproveitar a excelente capacidade e experiência dos nossos três parceiros para fortalecer a nossa cadeia de aprovisionamento, melhorando a automação dos nossos armazéns e a transformação global», explica Takuya Jimbo, vice-presidente executivo do grupo. «Colocar os clientes no centro dos negócios significa oferecer os produtos certos e adequados às suas necessidades reais, ao preço certo, nas quantidades certas, no lugar certo à hora certa. Ambicionamos ser a primeira empresa a atingir este patamar, a nível mundial», revela.

6. Príncipe de Gales desenvolve moda sustentável

A instituição de solidariedade do Príncipe de Gales, a Fundação do Príncipe, e o grupo Yoox Net-a-Porter preparam-se para, em conjunto, desenhar e produzir uma coleção-cápsula sustentável de luxo para homem e senhora, como parte de uma nova iniciativa de formação para promover competências têxteis. A colaboração, conhecida por The Modern Artisan, reunirá dois grupos de jovens – seis estudantes do Politecnico di Milano, em Itália, e seis recém-licenciados no Reino Unido – para explorar o que significa ser um “artesão moderno” atualmente. Os estudantes italianos projetarão a coleção inspirando-se na herança britânica e italiana e na obra renascentista de Leonardo Da Vinci, no 500.º aniversário da sua morte. Também aproveitarão a coleção de dados abrangente do grupo Yoox Net-a-Porter para identificar as preferências de design do consumidor no longo prazo. Por sua vez, a instituição Fundo do Príncipe orientará os designers britânicos por um curso de formação de quatro meses, projetado para produção de pequenos séries de luxo, durante o qual poderão trabalhar com tecidos de lã, caxemira e seda, assim como irão adquirir as capacidades necessárias para produzir a coleção na Dumfries House, a sede da instituição em Ayrshire, na Escócia. A linha será lançada no próximo ano, em comemoração dos 20 anos do grupo Yoox Net-a-Porter, em todas as suas quatro marcas: Yoox, Net-a-Porter, Mr. Porter e The Outnet. Os lucros resultantes das vendas irão reverter à Fundação do Príncipe. «A sustentabilidade está no centro de tudo o que fazemos, por isso estamos orgulhosos de ter feito parceria com o grupo Yoox Net-a-Porter para oferecer este programa de formação verdadeiramente inovador», reconhece Jacqueline Farrell, diretora da Fundação. Ao longo do projeto, os dois grupos de artesãos estagiários reunir-se-ão em intercâmbios culturais em Milão e na Escócia, para que possam colaborar de forma mais vincada no desenvolvimento do produto, desde a fase de design até a amostra final. «Este projeto ajudará a equipar uma nova geração de homens e mulheres qualificados para fundir o artesanato tradicional com a criatividade digitalmente disseminada – e, o mais importante, fazê-lo de maneira sustentável», explica Federico Marchetti, presidente e CEO do grupo Yoox Net-a-Porter.