- Moretextile de portas abertas ao ensino
- Lavoro mais tecnológica com cortiça, prata e bambu
- Gap e Arvind não usam água virgem
- Sympatex cria laminados recicláveis e reciclados
- México pressionado para a economia circular de vestuário
- Zalando elimina emissões de carbono
1. Moretextile de portas abertas ao ensino
A Moretextile recebeu, nas suas instalações, um grupo de 60 alunos e professores da academia sueca Nordiska Textilakademin, durante o mês de novembro. O objetivo foi «proporcionar e de oferecer uma experiência efetiva do produto através do processo touch and feel», refere a empresa em comunicado. Os estudantes tiveram, assim, a oportunidade de conhecer os bastidores da produtora de têxteis-lar, interagindo com todas as áreas, desde o design e desenvolvimento até à logística. Criado em 2011, a partir da junção das empresas António de Almeida & Filhos, Coelima e JMA Felpos, o grupo Moretextile afirma que «a inovação é, sem dúvida, o nosso fator-chave e encarámo-la como ponto estratégico de diferenciação e competitividade». Aliando a sua vertente inovadora à necessidade de satisfação dos seus clientes, a especialista em vestir a casa tem vindo ainda a adotar progressivamente numa estratégia ecológica. «Temos investido na área da sustentabilidade, mas nos últimos dois anos esta temática começou a entrar verdadeiramente nos nossos clientes. Até lá todos achavam muita graça, mas consideravam que o produto era caro e, portanto, não compravam. Neste momento há um interesse novo e sério pelos produtos sustentáveis e tem muito a ver com a questão geracional. Os novos compradores, que vão ao mercado, valorizam hoje aspetos que os mais antigos não valorizam», afirmou Artur Soutinho, CEO do grupo, ao Jornal Têxtil. Neste sentido, a coleção de 2019 trouxe uma grande novidade ao nível do tingimento – o Eco Dye. A nova técnica permite eliminar mais de 80% dos químicos em comparação com os processos convencionais. Além disso, a Moretextile também lançou a gama de artigos Upcycled, produzida com recurso a fios obtidos a partir da reutilização das fibras das fiações, e os produtos Eco Heather Pure, que resultam também do reaproveitamento de fibras. «A nossa política de sustentabilidade transmite a visão do grupo Moretextile, definindo o caminho a seguir para sermos um produtor sustentável e um disseminador da importância da sustentabilidade», afirma a empresa no seu website.
2. Lavoro mais tecnológica com cortiça, prata e bambu
A marca da Indústria e Comércio de Calçado (ICC) apresentou a solução tecnológica CCS Plus (Clima Cork System) que cativou os visitantes da feira A+A, em Dusseldorf, na Alemanha, que decorreu de 5 a 8 de novembro. «A solução, além de regularizar a temperatura do pé, melhorar a performance antiestática e minimizar os odores», revela em comunicado. Esta inovação tecnológica foi desenvolvida com o CeNTI. O CCS Plus realça ainda as propriedades da cortiça utilizada pela Lavoro no calçado, entre a sola e a palmilha dos artigos, para proporcionar conforto e regularizar a temperatura do pé no calçado. Além disso, a solução liberta fragâncias de forma a minimizar os odores. «Como a termografia comprovou, a temperatura corporal em geral, e a do pé em particular, é muito relevante para o conforto emocional, sendo capaz de interferir na performance profissional. A sua gestão revela-se particularmente sensível em pés afetados por patologias como diabetes mellitus, insuficiência venosa ou ulcerações», aponta Ana Rita Pedrosa, coordenadora técnica do Spodos – Foot Science Center, o departamento de investigação podológica e biomecânica da Lavoro. Na A+A, a Lavoro apresentou também algumas novidades de palmilhas e meias técnicas, como a introdução de soluções com prata e bambu – a prata devido às propriedades antibacterianas e o bambu pelas propriedades antibióticas, desodorizantes e de proteção contra a radiação ultravioleta «que favorece o conforto do pé e beneficia a redução do peso do calçado profissional», refere a marca em comunicado. Estas novas funcionalidades reforçam o nível do calçado profissional da Lavoro, agora também detentor das novas garantias Very High Quality, que «asseguram a conformidade dos mais diversos modelos em relação a indicadores como o conforto, a respirabilidade, a temperatura e a adequação dos materiais utilizados às exigências dos ambientes de trabalho», explica Teófilo Leite, presidente do conselho de administração da ICC. Os modelos icónicos da empresa, o Lavoro TT, o Lavoro CUP ou Energy e os modelos da linha Lavoro Woman estiveram também entre as preferências dos visitantes da feira, que revelaram privilegiar os modelos com design mais complexo e materiais tecnológicos, como por exemplo, a Combat Boot, desenvolvida para o programa Sistemas de Combate do Soldado, promovido pelo CITEVE.
3. Gap e Arvind não usam água virgem
A fábrica de denim da Arvind Limited em Ahmedabad, na Índia, prepara-se para operar integralmente com água recuperada, uma iniciativa que integra os esforços da Gap Inc em reduzir o consumo deste recurso durante o processo produtivo de vestuário. A nova instalação de tratamento de águas residuais irá eliminar o consumo de água fresca, poupando 8 milhões de litros por dia ou 2,5 mil milhões de litros anualmente. A indústria do vestuário é, a nível mundial, uma das que requer um consumo mais intensivo de água e, na Índia, 54% da população enfrenta riscos muito elevados de escassez. «Este projeto é um importante exemplo de soluções sustentáveis inovadoras que podemos desbloquear através de parcerias ao longo da indústria do vestuário», afirma Christophe Roussel, vice-presidente de sourcing global na Gap Inc, acrescentando que «a Arvind Limited é uma parceira forte e valorizada e líder global em produção têxtil responsável e inovadora». A fábrica em Ahmedabad – considerada a primeira unidade industrial na Índia a produzir denim – prepara-se para operar integralmente com água recuperada, através da tecnologia Membrane Bio Reactor (MBR), que tratará as águas residuais domésticas da comunidade circundante sem recorrer a produtos químicos. A instalação também ajudará a reduzir o risco comercial dos desafios locais de escassez de água para a Arvind, Gap e outras marcas a operar na região. «Esta colaboração irá não só ajudar-nos a atingir os nossos objetivos ao nível da água coletivamente, como também contribuirá para eliminar o seu consumo no nosso processo de produção têxtil», além de «auxiliar a expansão da abordagem à poupança de água ao longo de todos os sectores da indústria, através de um centro de inovação», explica Punit Lalbhai, diretor executivo da Arvind Limited. Deste modo, até o final de 2020, o projeto terá permitido a poupança de um total de 3 mil milhões de litros de água fresca, que fazem parte da iniciativa da Gap de reduzir o consumo em 10 mil milhões de litros ao longo da cadeia de aprovisionamento até ao próximo ano – a empresa afirma já ter poupado mais de 5,7 mil milhões de litros de água. Por seu turno, a Arvind Limited pretende eliminar o consumo de água fresca a 100% até 2020 – atualmente, mais de 90% já provém de fontes recicladas. Além do mais, a Arvind tem já a maior plantação de algodão sustentável para a produção têxtil na Índia. O projeto entre as duas empresas já havia sido anunciado em junho, ao mesmo tempo que os planos para abrir um novo centro de inovação que se dedicará a oferecer soluções para reduzir o consumo de água na indústria têxtil, a ser inaugurado no próximo ano.
4. Sympatex cria laminados recicláveis e reciclados
A Sympatex Technologies, especialista em tecidos funcionais, desenvolveu uma gama nova de laminados com poliéster não misturado, como parte do seu objetivo de oferecer têxteis não-tóxicos, reciclados e recicláveis até 2020. A empresa está concentrada na expansão estratégica de laminados funcionais não misturados, produzidos a partir de poliéster reciclado, que agora compõem mais de 80% da sua linha de produção. Deste modo, os materiais de revestimento externo e interno de poliéster já previamente reciclado ou reciclável, juntamente com a membrana Sympatex 100% não-PTFE/PFC (que não contém politetrafluoretileno ou perfluoroquímicos e provém de poliéster não-tóxico) são laminados num material funcional não misturado que, por sua vez, pode ser devolvido ao ciclo têxtil, no final do tempo de vida útil do produto. É o caso do Berlin Tide, um têxtil funcional de base biológica, não-misturado e reciclável, que permite que as fibras de poliéster sejam parcialmente substituídas por fibras de base biológica Sorona, reduzindo o consumo de energia não renovável e as emissões de gases com efeito de estufa. De acordo com a Sympatex, o Berlin Tide é adequado para o vestuário de desporto e athleisure, dada a sua elevada elasticidade, que não depende do elastano. Tanto este, como todos os outros laminados de poliéster não misturados da Sympatex são «perfeitamente adequados» para serem devolvidos ao ciclo têxtil, que a empresa está a promover, através da criação e expansão contínua de um consórcio wear2wear. Lançado em 2017, o programa wear2wear visa atingir os 100% de tecidos funcionais reciclados, recicláveis e livres de PFC. Atualmente, cerca de 25 toneladas de vestuário utilizado está já a ser testado no âmbito do programa, que resulta da colaboração com o projeto de reciclagem francês FRIVEP (Sector de Reutilização e Reciclagem de Vestuário Profissional). A colaboração visa desenvolver sinergias extensivas entre o programa wear2wear e a FRIVEP no sentido de devolver as fibras de poliéster ao ciclo têxtil, preservando o seu valor. Durante a fase inicial, várias entidades francesas procederam à recolha de mais de 20 toneladas de vestuário para daí retirar as matérias-primas têxteis e reutilizá-las na produção de peças de vestuário funcionais. «Na Alemanha, cerca de 70% do vestuário utilizado é recolhido e classificado pelas várias organizações. Em toda a Europa, esta percentagem é mais reduzida, mas tipicamente ronda os 50%. Isto representa uma enorme oportunidade para a nossa indústria de rapidamente fechar o ciclo do vestuário e recuperar matérias-primas de valor», afirma o CEO da Sympatex, Rüdiger Fox. A empresa apresentou a nova linha de laminados de poliéster não misturado em novembro, na feira Performance Days, em Munique.
5. México pressionado para a economia circular de vestuário
O governo mexicano está a ser pressionado para executar políticas que podem auxiliar a transição da indústria do vestuário para uma economia circular. Um relatório do Centro Mexicano de Direito Ambiental (CEMDA, na sigla original), apoiado pela Fundação C&A, sugere que a indústria de vestuário mexicana precisa de concretizar esta transição, porque é «altamente ineficiente», sob as perspetivas económica e ambiental. «É uma indústria que gasta vários recursos económicos, materiais e naturais, que, por sua vez, geram perdas económicas substanciais e elevadas quantidades de desperdício com potencial inexplorado. Ao mesmo tempo, tem um grande impacto ambiental com possíveis repercussões na saúde humana», explica
Juan Carlos Carrillo, coordenador da CEMDA e autor do relatório. Desta forma, a investigação recomenda que o panorama legal do México tem de, efetivamente, proteger e regular os seus recursos naturais e económicos, através de uma legislação mais eficiente. «A Constituição mexicana providencia uma fundação legal significativa para apoiar a transição para uma economia circular na indústria do vestuário, juntamente com a legislação ambiental que oferece diversas oportunidades [de atuação], como a promoção de instrumentos económicos para a implementação do princípio “quem poluir paga”», refere o relatório, acrescentando que «a legislação também permite melhorar o equipamento e testar novos esquemas para a gerar e fornecer energia limpa». Por outro lado, o documento realça também os efeitos da explosão demográfica, que cria pressão sobre os recursos naturais, a produção não controlada de resíduos e a descarga de água poluída, resultando numa necessidade crescente de serviços que possibilitarão, ao país, a transição para outro modelo de produção. Neste sentido, o relatório aponta uma série de recomendações que as empresas e organizações não-governamentais podem aplicar para acelerar o processo, tais como a promoção de reformas legislativas, que contribuam para a neutralização da pegada de carbono das principais empresas do sector, e a estruturação de acordos de colaboração com vários atores estratégicos. «A criação de uma lei específica neste sentido pode ser uma ferramenta determinante. O contexto nacional atual apresenta uma janela de oportunidade e, ao mesmo tempo, uma urgência de promover a transição para uma economia circular mais harmoniosa com a natureza», garante Carrillo.
6. Zalando elimina emissões de carbono
A retalhista online de moda anunciou que as suas operações, entregas e devoluções são agora neutras no que diz respeito às emissões de carbono e pretende tornar o embalamento livre de plásticos descartáveis até 2023. A iniciativa, que também propõe a expansão a marca própria Zign do calçado para o vestuário, faz parte da nova estratégia “do.MORE”, cujo objetivo é ter um impacto ambiental positivo. A Zalando explica que a nova conquista sustentável a ajudará a atingir as metas propostas no Pacto de Sustentabilidade de Paris antes do prazo estipulado. Em 2019, a empresa investiu na utilização de mais de 90% de energia renovável em todas as suas instalações, compensando as restantes emissões de carbono não eliminadas por melhorias operacionais. «No futuro, a nossa ambição é tornarmo-nos parte da solução [para os desafios sustentáveis]. Visualizamos uma ligação clara entre agir de forma sustentável e sucesso comercial contínuo. Apenas aqueles que incorporarem a sustentabilidade na estratégia de negócio permanecerão relevantes para os clientes e acreditamos que terão uma vantagem competitiva no futuro», afirma o co-CEO Rubin Ritter. Deste modo, a Zalando compromete-se a produzir embalagens de uma forma que minimize o desperdício e elimine o recurso a plásticos descartáveis até 2023. A retalhista aponta que as suas caixas já têm 100% de material reciclado, os sacos de encomenda integram 80% de plástico reciclado e as caixas para artigos de beleza são constituídas agora por 100% de papel reciclado. Entre outros objetivos, em 2023, a Zalando espera alargar a vida útil de, pelo menos, 50 milhões de artigos de moda, através da plataforma de revenda Zalando Wardrobe – em 2019, prevê revender cerca de 1 milhão de itens. Deste modo, Kate Heiny, diretora de responsabilidade corporativa e sustentabilidade da Zalando, assegura que «proporcionamos a compra mais sustentável para os clientes e experimentamos e colaboramos com todo o sector para moldar um próspero futuro circular para a moda».