Breves

  1. Farfetch junta famílias
  2. Roupa feita com fitas de cassete
  3. Kenzo e Palladium cooperam em coleção urbana
  4. Re:newcell lança vestuário de Circulose
  5. Fraldas inovadoras vencem prémios
  6. Cariuma cria calçado neutro em CO2

1. Farfetch junta famílias

A campanha de 2019 de festas de fim de ano da Farfetch une a comunidade global ao storytelling, «focando-se na forma como as pessoas se juntam entre família e amigos», refere a empresa em comunicado. Além disso, aproveitou a oportunidade para diferenciar a oferta de prendas, enfatizando a compra consciente e reforçando os serviços especiais para clientes mais consumistas. A campanha encara o conceito clássico de família, «através de uma visão não tradicional» e «celebra vários tipos diferentes de família», que se reúne para esta época de festividades, explica a Farfetch. Deste modo, a empresa selecionou três famílias para representar a campanha, com «criativos multigeracionais e respetivos amigos e familiares», acrescenta. Entre estes grupos estão Lotte Andersen, artista escritora, diretora de arte e organizadora de eventos, e a sua «equipa feminina de Ladbroke Grove», a fotógrafa Lily Bertrand-Webb, a curadora Cairo Clarke e a designer de mobiliário Kusheda Mensah. Por sua vez, a fundadora da System Magazine, Elizabeth von Guttman, participa na campanha ao lado da sua família na vida real – a mãe Susan, o filho Lukas e a filha Margaux – dado reconhecimento que lhe é atribuído enquanto uma das primeiras defensoras da sustentabilidade. Por fim, Jordan Vickors e Josh Barnes, DJs que juntaram para formar o duo New Found Form, acompanham «os seus amigos de vários talentos, que estão a moldar o panorama de streetwear de Londres», revela a empresa. A comunidade da Farfetch oferece ainda guias de presentes de colaboradores como Anna Vitello e respetiva cunhada, «que se concentram nos sapatos de festa de que precisa para passar a quadra», além de Igee Okafor e Alexander Roth, unidos para «editar as melhores botas dignas de festa», confirma a empresa. Por outro lado, sob a perspetiva da oferta consciente de presentes, a campanha inclui «lançamentos já usados e vintage com mais de 10 mil estilos disponíveis no site», indica a Farfetch. Este guia de prendas será lançado no dia 3 de dezembro e as receitas resultantes serão doadas ao movimento global da Fashion Revolution. Por sua vez, o serviço de Cliente Privado da plataforma online garante, esta estação, uma entrega de encomenda no próprio dia, em 12 cidades, assim como um serviço de Fashion Concierge que fornece «os presentes mais raros e difíceis de encontrar».

2. Roupa feita com fitas de cassete

Benjamin Benmoyal, estudante de moda da Central Saint Martins, em Londres, lançou recentemente uma coleção intitulada “It Was Better Tomorrow (“Era melhor amanhã”, na sua tradução), na qual todo o vestuário projetado é produzido a partir de fitas de vídeo e cassetes descartadas. As peças coloridas e altamente texturizadas foram criadas à mão por Benoyal, que combinou fios reciclados, a fita metálica do interior das cassetes VHS e liocel. Deste modo, o vestuário criado pelo designer não só depende das cassetes recicladas como também da tradição histórica de tecer num tear, representando uma linha cronológica de criações entre o velho e o novo. «Muitas pessoas e empresas queriam ver-se livre das cassetes, já que a idade digital as tornou inúteis», explica Benmoyal, acrescentando que ao usar cassetes VHS dos seus filmes favoritos da Disney, «se liga a esta ideia nostálgica da ingenuidade perdida – [e] recupera as cassetes para algo novo». A coleção retrofuturista inspira-se nas cores e tendências arquitetónicas que dominaram as décadas 60 e 70, ou seja, os tons vibrantes, como os dos artistas contemporâneos James Turrell e Olafur Eliasson, e os rígidos elementos estruturais celebrados na arquitetura brutalista. As peças que destacam Benmoyal – calças com fortes flairs, camisas com colarinhos geométricos e ombreiras quadradas, bem como saias longas e listradas com brilho – remontam à abordagem icónica do estilo da década de 1970. Alguns dos artigos da coleção de Benmoyal estiveram em exibição no Designing in Turbulent Times, uma exposição da Central Saint Martins, que visava a apresentação de abordagens sustentáveis da moda e do futuro.

3. Kenzo e Palladium cooperam em coleção urbana

Numa colaboração exclusiva, as icónicas marcas francesas Kenzo e Palladium convidam toda a gente a «aventurar-se numa jornada moderna de exploração e descoberta» com o relançamento do modelo vintage Pallashock da marca de calçado. A Kenzo, conduzida atualmente pela direção criativa do português Felipe Oliveira Baptista, fez uma reedição dos Pallashock da Palladium para homenagear as colaborações originais entre as duas marcas no final dos anos 80 e no início dos anos 90 sob a direção de Kenzo Takada, designer fundador da Kenzo. Os Pallashock Palladium da Kenzo são um modelo de arquivo agora reinventado para um estilo mais urbano. «A colaboração alimenta a ideia do ousado e do audacioso, dos aventureiros conectados e dos novos líderes urbanos», refere a marca em comunicado. Os artigos estão disponíveis em duas versões, os High Palladium e os Low Palladium, numa paleta diversificada de cores. Os modelos são constituídos por gáspeas em poliamida, «coloridas e acolchoadas», apresentam o logótipo vintage na lateral e oferecem uma sola de borracha com tecnologia de absorção de choque adequada para caminhar. A campanha foi fotografada pela dupla holandesa Meinke Klein que se concentrou numa «perspetiva vertiginosa da paisagem urbana, vista de baixo, como se fosse vista através de um espelho». O ângulo das fotografias foi pensado para se enquadrar na mensagem de aventura e exploração que a campana pretende transmitir.

4. Re:newcell lança vestuário de Circulose

As primeiras peças de vestuário produzidas com Circulose – um novo material que utiliza artigos de algodão reciclados, como calças e t-shirts, numa escala industrial – estará disponível para compra em loja, numa colaboração com algumas marcas, a partir do início do próximo ano. A tecnologia desenvolvida pela empresa sueca Re:newcell divide o algodão utilizado em níveis moleculares para o reagrupar num material em estado natural que não requer campos de algodão, óleo ou árvores para o produzir. As peças são desfiadas, desprovidas de botões, fechos zíper e descoloradas, além de lhes serem retiradas quaisquer materiais de poliéster, de modo a que possam ser transformadas em pasta de polímero de celulose orgânico e biodegradável. A pasta é secada para produzir folhas de Circulose, que, depois são embaladas para se transformarem em fibras têxteis naturais. «O panorama da moda está em constante alteração, mas a indústria nunca a acompanhou», afirma Harald Cavalli-Björkman, diretor de comunicação da Re:newcell, explicando que «[a indústria] sempre se preocupou em plantar mais algodão, utilizar mais óleo ou cortar mais árvores para vender mais peças essenciais da estação. Entretanto, menos de 1% das roupas são recicladas». Cavalli-Björkman revela que «a Circulose foi criada com o objetivo de transpor toda a indústria para a circularidade e reduzir drasticamente o impacto que a moda provoca no ambiente». Deste modo, «enquanto novo material, sabíamos que Circulose tinha que fazer três coisas para obter uma diferença real no sector – precisava de ser circular, acessível e oferecer a qualidade correspondente às expectativas das pessoas. E aqui estamos», conclui.

5. Fraldas inovadoras vencem prémios

Luisa Kahlfeldt, estudante licenciada na ÉCAL, projetou uma nova fralda mais sustentável do que as de pano reutilizáveis – uma inovação que lhe garantiu o prémio Swiss James Dyson Award. As fraldas Sumo de Kahlfeldt são produzidas integralmente com um tecido à base de SeaCell, composto por algas e eucalipto, antibacteriano e rico em antioxidantes, tornando-se benéfico para a pele dos bebés. Além disso, a sustentabilidade desta inovação também se aplica às atividades de colheita e produção, o que lhe dá uma vantagem sobre os têxteis usados na maioria das fraldas de pano do mercado. O design de uma única peça implica que a fralda não tenha de ser desconstruída antes de ser reciclada. De facto, Kahlfeldt afirma que todos os dias são descartadas 17 milhões de fraldas só na União Europeia. A sua alternativa sustentável não só contribuiu para solucionar esta problemática, como também lhe garantiu vários prémios, entre eles o prestigiado Dyson Award. Deste modo, Kahlfeldt projetou o SeaCell em três camadas: uma interna, macia e absorvente, um núcleo ainda mais absorvente e, em seguida, uma camada externa à prova de água que evita o vazamento de líquidos. Por sua vez, a colaboração com a empresa têxtil Schoeller permitiu-lhe tornar o tecido impermeável, sem afetar a sua biodegradabilidade ou reciclagem. Na maioria das fraldas de pano, as camadas absorventes são laminadas com poliéster ou poliuretano, ao que se acrescem os ganchos ou fixações, que inviabilizam a reciclagem. A criadora adianta que as novas fraldas suportam também abrasões e repetidas lavagens à máquina, além de integrarem um método de tricotagem de fios naturais, que fornece elasticidade até 20%. «A incrível suavidade do tecido e sua qualidade antibacteriana tornam-no no material perfeito para se sentar ao lado da pele nua sensível», revela à revista Dezeen, acrescentando que «realmente aprecio a estética pura, saudável e muito natural do produto – algo que considero ser bastante raro no mundo dos artigos para bebés, onde é frequente encontrarmos cores cliché e desenhos estampados nos tecidos». O produto Sumo foi o vencedor do prémio suíço James Dyson Awards de 2019, que reconhece as melhores inovações de design e engenharia para estudantes. Agora, o projeto está na final da ronda internacional da competição, face a inovações como o bioplástico MarinaTex do Reino Unido e a maçaneta da porta autodesinfetante da China.

6. Cariuma cria calçado neutro em CO2

A marca brasileira Cariuma concebeu um novo calçado Ibi, produzido a partir de plantas de bambu e plástico reciclado. A empresa desenvolveu uma nova forma de trabalhar o bambu (que normalmente requer um processo químico que pode colocar em risco os trabalhadores e poluir o ambiente), aquecendo-o para o transformar em carvão em pó, que depois é misturado com poliéster reciclado e permite a obtenção de uma fibra usada na confeção de calçado. O bambu é uma planta que absorve o carbono e, quando colhido, a raiz não morre, o que permite o crescimento de uma nova planta. Deste modo, através do novo produto Ibi, a empresa consegue neutralizar as emissões de carbono. Com efeito, um par tradicional de sapatilhas pode gerar cerca de 30 libras de emissões de dióxido de carbono – provenientes quer da seleção dos materiais quer da energia utilizada. Fernando Porto, co-fundador e diretor criativo da Cariuma, defende que outras marcas «são maioritariamente grandes organizações com produção massiva que não estão realmente focadas na preocupação com o ambiente como um todo ou nas melhores práticas para as pessoas envolvidas na produção em massa». Logo, «para nós, tornou-se claro que o nosso ângulo seria tentar trazer a única marca de sapatilhas que seria aprazível, muito confortável e produzida de forma consciente», continua. A espuma na sola do Ibi substitui os produtos petroquímicos pela cana-de-açúcar, cuja fase de crescimento e integração no processo de produção evita as emissões de carbono. Por sua vez, as palmilhas são feitas de cortiça e a parte superior do calçado recorre a apenas três peças, que contribuem para simplificar a produção e economizar energia. «Dois terços das emissões de carbono no processo [tradicional] provêm da confeção», explica Porto, acrescentando que «se não pensarmos sobre isto durante a construção do design, enquanto desenvolvemos o produto, não teremos possibilidade de o corrigir mais tarde». Quaisquer restantes emissões, incluindo as que estão inerentes ao envio do artigo para os clientes, são compensadas através de projetos da empresa, entre os quais está a proteção de parte da floresta da Amazónia. Por outro lado, dado o grande impacto ambiental da moda, causado pelo descarte rápido de vestuário e acessórios, a marca procurou criar um calçado que não só fosse duradouro como intemporal, para ser usado repetidas vezes ao longo de vários anos. Além disso, a Cariuma também teve a preocupação de recorrer a uma fábrica chinesa que, de acordo com a empresa, segue um rígido código de conduta para o bem-estar dos trabalhadores. O Ibi está já a ser vendido por 98 dólares (89,15 euros).