Breves

  1. Outubro fraco para exportações da Turquia
  2. Viscose está mais sustentável
  3. Hermès prospera no caos de Hong Kong
  4. Consumidores insatisfeitos com indústria do vestuário
  5. C&A reconhecida por ONG chinesa
  6. Gap procura CEO

1. Outubro fraco para exportações da Turquia

As exportações de vestuário da Turquia subiram apenas 0,3% nos primeiros dez meses do ano, para 14,8 mil milhões de dólares (13,43 mil milhões de euros), de acordo com os dados mais recentes da Associação de Exportadores de Vestuário de Istambul (IHKIB, na sigla original). A Alemanha foi o maior importador do vestuário pronto-a-vestir turco, com um total acumulado de 2,6 mil milhões de dólares, o que representa um decréscimo de 5,3%. Segue-se Espanha, que registou uma diminuição anual de importações turcas de 2,3%, para 2 mil milhões de dólares, e o Reino Unido, com uma queda de 3,9%, para 1,6 mil milhões de dólares. Além destes, também Holanda, França, Iraque, EUA, Itália, Israel e Dinamarca se constituem grandes importadores dos produtos turcos. Durante o mês de outubro, as exportações de vestuário pronto-a-vestir diminuíram 0,4%, para 1,6 mil milhões de dólares. O IHKIB explica que o sector foi amplamente afetado pelos «desenvolvimentos da União Europeia», onde se incluiu uma desaceleração económica e uma incerteza contínua sobre o Brexit. Neste sentido, a associação indica que a economia da UE sofreu recentemente um abrandamento, apesar de, comparativamente com o ano passado, os períodos do segundo e terceiro trimestres terem registado uma subida de 1,4%.

2. Viscose está mais sustentável

À medida que a viscose se vai estabelecendo como uma das fibras têxteis mais usadas no mundo – atualmente, ocupa a terceira posição desta lista – há cada vez mais marcas e produtores a trabalhar no sentido de tornar a sua exploração mais sustentável, de acordo com a empresa de informação e análise de dados GlobalData. «Enquanto fibra semissintética produzida a partir da polpa da madeira, a viscose é frequentemente encarada como uma alternativa sustentável ao poliéster ou ao algodão e uma alternativa mais barata à seda. Contudo, apesar da fibra não ser inerentemente tóxica ou poluidora, o processo de produção da viscose tem sido submetido, nos últimos anos, a um elevado escrutínio», observa Michelle Russell, correspondente da GlobalData para o vestuário. Estima-se que cerca de 30% das árvores de onde se extrai a viscose provêm de florestas antigas e em risco de extinção e, a nível mundial, são cortados 150 metros de árvores anualmente e transformados em têxteis celulósicos como a viscose. Contudo, nos últimos anos, registou-se um elevado investimento em processos mais sustentáveis. É o caso da Birla Cellulosa, que está a produzir uma fibra de viscose em que 20% provém de resíduos de têxteis de algodão pré-consumo, e da produtora chinesa Tangshan Sanyou, que conseguiu criar uma fibra de viscose a partir de 50% de têxteis de algodão reciclado pós-consumo em escala industrial. Por outro lado, a Lenzing afirma que todas as suas fibras brancas de viscose, modal e liocel são agora certificadas pela TÜV Austria como biodegradáveis em todos os ambientes naturais e industriais. Adicionalmente, algumas novas startups inovadoras estão a procurar formas de produzir produtos têxteis de celulose, através de matérias-primas sustentáveis. Assim acontece com a Spinnova, que recentemente assegurou um investimento de 11 milhões de euros para alargar os seus produtos têxteis de celulose à escala comercial, lançando o seu primeiro protótipo de vestuário produzido com uma fibra que tem por base a palha de trigo. Também a Infinted Fiber Co planeia ampliar a sua tecnologia que transforma resíduos têxteis, agrícolas e de papel em novas fibras têxteis que podem ser reutilizadas inúmeras vezes. Segundo Michelle Russell, «houve uma mudança notável nas atitudes das marcas de roupas que procuram insumos mais sustentáveis, o que provocou um aumento na quantidade de investimentos em investigação e desenvolvimento dos produtores de viscose».

3. Hermès prospera no caos de Hong Kong

A procura crescente na China Continental impulsionou o aumento das vendas da marca de luxo Hermès no terceiro trimestre, o que lhe permitiu minimizar os efeitos da desaceleração em Hong Kong. Depois de vários meses de manifestações pró-democráticas na cidade chinesa, várias marcas de luxo, como a Hermès, viram-se forçadas a fechar temporariamente as suas lojas e a perder negócios num importante centro de compras. Contudo, a Hermès conseguiu recuperar a procura que havia perdido em Hong Kong, potenciando o desejo por marcas de luxo numa nova geração de compradores chineses, que começam a consumir mais online ou, então, privilegiam a China Continental. Durante o terceiro trimestre, a empresa obteve um crescimento de receitas de 18%, para 1,7 mil milhões de euros, sustentando a sua declaração de que as manifestações de Hong Kong provocaram uma desaceleração e não um decréscimo das vendas. Por outro lado, no LVMH, as receitas de Hong Kong diminuíram cerca de 25%, no mesmo período, enquanto outras empresas, como a Hugo Boss ainda se ressentiram mais. A Hermès explica que o lançamento da sua própria loja online na China, no ano passado, contribuiu para a consolidação das receitas. Efetivamente, as vendas em toda a região da Ásia aumentaram 20,1% no período em questão, o que significa uma aceleração comparativamente ao trimestre anterior. «O nosso site permitiu-nos atrair novos clientes. Deu-nos visibilidade», afirma o diretor financeiro da empresa, Eric du Halgouet. Nos últimos tempos, as marcas têm procurado atrair compradores que não estejam localizados nas principais cidades chinesas – e que possam não ter lojas à sua disposição facilmente acessíveis –, bem como consumidores da Geração Z, frequentemente apoiados pelo rendimento dos pais. Neste sentido, as marcas têm vindo a investir cada vez mais no comércio online, campanhas em redes sociais ou eventos pop-up. Du Halgouet sustenta que estas «tendências muito favoráveis» registadas durante o terceiro trimestre na China arrastaram-se até outubro. Deste modo, de julho a setembro houve um crescimento das vendas de 15%, mais 2,7 pontos percentuais do que no trimestre anterior. A empresa já anunciou planos para abrir três novos ateliers de produtos de couro na China, entre 2020 e 2022, no sentido de acompanhar a procura crescente.

4. Consumidores insatisfeitos com indústria do vestuário

Pelo segundo ano consecutivo, a satisfação do cliente com a indústria de vestuário diminuiu, numa altura em que os consumidores se tornam cada vez mais conscientes das questões de sustentabilidade que envolvem o sector. De acordo com o relatório sobre o Índice Satisfação do Consumidor Americano (ACSI, na sigla original), a satisfação do cliente com a indústria do vestuário caiu 2,5%, para uma pontuação de 77 (numa escala de 0 a 100) – muito abaixo do seu recorde de 83, que conquistou há quase uma década. Segundo a amostra de mais de 5 mil inquiridos, o declínio é sustentado por uma perceção mais baixa de valor, agora que a indústria está sob pressão para se tornar mais sustentável. O relatório indica que a falência recente da retalhista Forever 21 é um prenúncio de mudança, assim como o crescimento de websites de revenda de vestuário – uma indústria que agora chega aos 24 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros). De facto, mais de metade dos millennials procuram atualmente marcas que reflitam os seus valores, potenciando um maior compromisso da indústria a favor da sustentabilidade. É o caso da Nine West Holdings, que alcançou o primeiro lugar no ranking do ACSI com um crescimento de 6%. A empresa ressurgiu da falência em março sob o nome Premier Brands Group, depois de vender a sua marca homónima Nine West ao Authentic Brands Group. Contudo, os resultados crescentes não foram transversais a todas as marcas. Foi o que aconteceu com a HanesBrands, que ficou em segundo lugar no ACSI, após uma queda de 2%, para 80. No entanto, o seu desempenho mantém-se estável, já que a sua pontuação atual é igual à sua média histórica desde a criação do índice. Por outro lado, a VF Corp perdeu todas as suas conquistas em relação ao ano anterior, registando uma diminuição de 4%, para 79. Os autores do relatório explicam que «a deterioração da satisfação ocorre num ano de grandes mudanças para a VF, à medida que a empresa terceiriza o seu negócio de jeans. A entidade independente Kontoor Brands, que inclui a Wrangler e a Lee, planeia apelar aos millennials com inovações nos seus processos para reduzir o desperdício. Enquanto isso, a VF concentrar-se-á numa mensagem de sustentabilidade e estilo de vida ao ar livre através das suas marcas, como a The North Face e a Timberland». No fundo da categoria do vestuário está a Levi Strauss, que recuou 3%, atingindo os 77. No que diz respeito à indústria do calçado desportivo, o sector apresenta-se estável, com um índice ACSI de 79. A pontuação conjunta de marcas menores, como a Skechers, New Balance e Brooks, diminuiu 1%, para 79, enquanto as gigantes Adidas e Nike ocupam a vanguarda, com um forte crescimento das vendas, incluindo uma subida superior a 35% nos negócios online, durante o ano passado. Efetivamente, a pontuação da Adidas cresceu 6%, para 83 – o seu recorde histórico, já conquistado em 2016 –, fruto da colaboração com Kanye West na linha Yeezy. Por sua vez, a Nike continua a prosperar com a linha Air Jordan, o que lhe valeu um crescimento de 5%, atingindo uma pontuação de 81 na ACSI. Os clientes parecem acreditar que a diferença entre as duas concorrentes está no preço, já que a Nike ocupa as piores classificações neste parâmetro.

5. C&A reconhecida por ONG chinesa

O Institute of Public and Environmental Affairs (IPE), uma organização não-governamental da China, destacou a C&A pela liderança e gestão sustentável da cadeia de aprovisionamento. Entre 80 marcas têxteis, a C&A obteve a terceira classificação no Índice de Transparência das Informações Corporativas (CITI) e o quarto lugar entre 438 empresas dos mais variados sectores. O Índice anual tem em conta as práticas das marcas nas cadeias de aprovisionamento como a transparência, capacidade de resposta, conformidade, ação, conservação de energia, redução nas emissões e divulgação de desempenho. Em comunicado, a C&A refere que o IPE aumentou significativamente as exigências em relação à implementação de medidas amigas do ambiente nas cadeias de aprovisionamento. No Green Suply Chain Map do IPE, uma ferramenta que permite que as marcas controlem os dados dos fornecedores em tempo real, de modo a que gestão se torne mais sustentável, com transparência e responsabilidade, a C&A está também entre as quatro melhores marcas. «Com o Green Suply Chain Map conseguimos ter perceção da nossa performance ecológica para que possamos agir e ajudar os nossos fornecedores a melhorar o desempenho e liderança», afirma Jeffry Hogue, diretor do departamento de sustentabilidade da C&A. «Esta excelente conquista da C&A confirma que estamos a fazer progressos com os esforços para implementar cadeias mais sustentáveis na China e é também uma motivação para continuar a estabelecer novos padrões e a evoluir», acrescenta.

6. Gap procura CEO

Art Peck demitiu-se do cargo de CEO da Gap Inc, depois da retalhista americana ter divulgado outro trimestre com queda de vendas. Robert Fisher, presidente não-executivo do conselho de administração e membro da família fundadora da Gap, ocupará a posição temporariamente. A demissão repentina surge num contexto em que o grupo planeia dividir-se em dois negócios distintos, assumindo a Old Navy como uma empresa autónoma, enquanto as restantes marcas do grupo – a Athleta, a Banana Republic, a Intermix e a Hill City – funcionarão com a nova Gap Inc. Peck, CEO desde 2015, deixará a empresa após uma «breve transição», declara a Gap, em comunicado. Neste sentido, Fisher, que faz parte do concelho de administração desde 1990 e ocupa a posição de presidente não-executivo desde 2015, revela que a empresa está a avaliar potenciais sucessores com uma forte capacidade de liderança e excelência operacional para obter maior eficiência, velocidade e rentabilidade. Susan Anderson, analista da B Riley, observa que «Fisher traz uma liderança forte e uma perspetiva inestimável dos seus 35 anos de história com a Gap Inc, onde atuou em diversos cargos executivos seniores, incluindo presidente interino e CEO». No entanto, adverte que a perda de um membro importante da equipa presidencial ou a incapacidade de atrair candidatos de qualidade «podem afetar negativamente a empresa». Por outro lado, o conselho de administração não teceu quaisquer comentários sobre os efeitos da demissão de Peck no processo de autonomização da Old Navy. As notícias surgem num contexto de desaceleração do crescimento da Gap, cujas vendas comparáveis voltaram a registar uma queda de 4%, durante o terceiro trimestre, tendência transversal a todas as marcas do grupo. De facto, na Gap, as vendas comparáveis diminuíram 7% (face ao decréscimo de 7% do ano passado), enquanto na Banana Republic houve uma queda de 3% (face à subida de 2% em 2018). Por seu turno, as vendas da Old Navy caíram 4%, contra um crescimento de 4% no ano passado. Adicionalmente, a empresa também reduziu as suas diretrizes de lucro por ação para 2019, que agora se situam entre os 1,38 e 1,47 dólares, abaixo dos valores estipulados em agosto, que variavam entre 1,88 e 2,08 dólares por ação. Apesar dos resultados pouco promissores deste trimestre, Teri List-Stoll, vice-presidente executiva e diretora financeira, expressa «uma grande confiança nas nossas marcas e na organização talentosa que as apoia, e estamos a assistir a um progresso em algumas áreas-chave. No entanto, há mais trabalho a ser feito para alavancar os recursos em que investimos e entregar o crescimento lucrativo que sabemos que essas marcas são capazes de proporcionar».