Breves

  1. BP inova na reciclagem de PET
  2. Gucci prospera entre o caos de Hong Kong
  3. Nike fomenta proteção do Ártico
  4. Iniciativa promove algodão africano
  5. H&M reforça na Sellpy
  6. Flip Fit quer compras online mais sociais

1. BP inova na reciclagem de PET

A BP está a investir 25 milhões de dólares (22,51 milhões de euros) numa fábrica-piloto para testar uma nova tecnologia que poderá permitir tornar todos os tipos de resíduos de poliéster infinitamente recicláveis em matérias-primas com a mesma qualidade das fibras virgens para diversos produtos, como o vestuário. A BP Infinia é uma tecnologia de reciclagem que permite que os resíduos plásticos de polietileno tereftalato (PET) que atualmente não podem ser reciclados possam ser transformados em matérias-primas de qualidade para vestuário, produtos industriais e embalamento, em vez de serem depositados em aterros ou incinerados. A unidade está a ser contruída no centro de investigação e desenvolvimento da empresa, no Illinois, nos EUA, para testar a tecnologia antes de proceder à sua comercialização em escala. «É um passo importante para potenciar uma economia circular mais forte na indústria do poliéster e ajudar a reduzir os resíduos plásticos», confirma Tufan Erginbilgic, CEO da área de negócio a jusante da BP. O PET é o plástico mais usado para embalagens de bebidas e comida, contabilizando cerca de 27 milhões de toneladas por ano, com a maioria – cerca de 23 toneladas – a ser aplicada em garrafas. Apesar de constituir um dos tipos de plástico mais amplamente reciclados, menos de 60% do PET das garrafas é recolhido para este processo e apenas 6% é transformado em novas garrafas. A tecnologia da BP foi pensada para converter os resíduos plásticos mais difíceis de reciclar – tais como bandejas de comida pretas e garrafas coloridas – em matérias-primas que se assumem como substitutos perfeitos das extraídas de fontes tradicionais de hidrocarbonetos. «A BP está empenhada em desenvolver e comercializar esta tecnologia», acrescenta Charles Damianides, vice-presidente de tecnologia petroquímica, licenciamento e desenvolvimento de negócio da BP, que acredita que «esta inovação pode contribuir para tornar todos os tipos de resíduos de poliéster infinitamente recicláveis». A BP prevê que a nova fábrica-piloto esteja operacional no final de 2020. Além disso, se for adotada em escala por várias outras instalações, a empresa estima que a tecnologia possa prevenir que biliões de garrafas e bandejas PET sejam lançadas para aterros ou incineradas todos os anos.

2. Gucci prospera entre o caos de Hong Kong

O Kering liderou, no final de outubro, a recuperação das ações de empresas de bens de luxo, depois da sua marca Gucci ter divulgado resultados de vendas mais fortes do que esperado, demonstrando que algumas marcas têm, até agora, conseguido precaver-se do impacto dos protestos de Hong Kong. Na abertura da Bolsa, as ações do Kering estavam a subir pouco acima dos 8% – um dos melhores resultados do ano –, enquanto as da Moncler subiram 6%, depois das suas vendas no terceiro trimestre terem ultrapassado as expectativas. Os resultados destas marcas, tal como os das concorrentes Louis Vuitton e Hermès, do LVMH, aliviaram os receios de um grande impacto causado pelas manifestações pró-democráticas em Hong Kong que, há umas semanas, as obrigaram a encerrar temporariamente lojas, desencorajando o turismo. Os analistas do banco Citi sustentam que «o crescimento do Kering ainda está entre os melhores da sua categoria neste período». A Gucci, em particular, conseguiu compensar os negócios perdidos na cidade, com algum consumo a transitar de volta à China Continental, onde detém uma grande rede de lojas, bem como para outros centros asiáticos de compras, como a Coreia do Sul. No entanto, a instabilidade está longe de terminar, com os protestos em Hong Kong a escalar para confrontos entre os manifestantes e a polícia, o que sugere que as marcas de luxo provavelmente se ressentirão no quarto trimestre. O diretor financeiro do Kering, Jean-Marc Duplaix, acredita que «até agora as tendências ainda são negativas em Hong Kong». De facto, durante a “Golden Week”, uma semana de feriados nacionais chineses no início de outubro, tradicionalmente um período movimentado para viagens e compras, o consumo «não foi nada forte» em Hong Kong, acrescenta Duplaix. As marcas estão, por isso, a tomar medidas de prevenção para proteger a sua rentabilidade. O LVMH e a Moncler já anunciaram estar em fase de discussão com vários proprietários em Hong Kong para renegociar os preços elevados dos arrendamentos das lojas. Por sua vez, o Kering está a redistribuir stocks, inicialmente destinados à venda em Hong Kong, para outras regiões e planeia abrir lojas na China Continental para algumas das suas marcas, como a Saint Laurent.

3. Nike fomenta proteção do Ártico

As empresas de moda Bestseller, Columbia, Gap Inc, Grupo H&M, Kering, Li & Fung e PVH Corp aderiram a um novo compromisso liderado pela Nike e o grupo ambiental Ocean Conservancy para proibir o transporte através do Oceano Ártico. As transportadoras marítimas CMA CGM, Evergreen, Hapag-Lloyd e Mediterranean Shipping Company também se juntaram à iniciativa, batizada Arctic Shipping Corporate Pledge. O tráfego de carga através de rotas impossíveis de navegar anteriormente está a tornar-se cada vez mais viável, à medida que as alterações climáticas provocam o degelo do Ártico. Apesar de oferecerem um transporte mais rápido, o aumento das embarcações que atravessam este oceano constitui um grande risco ambiental, potencialmente devastador, para uma das regiões mais frágeis do mundo. «Com este compromisso, fizemos uma escolha clara – ajudar a proteger o planeta e a preservar o Ártico», afirma Hilary Krane, vice-presidente executiva da Nike Inc. O Ártico desempenha um papel essencial na regulação da temperatura global. Contudo, é também uma das regiões mais vulneráveis às alterações climáticas, já que as temperaturas aumentam ao dobro da taxa do resto do planeta. «Os riscos das rotas marítimas transárticas superam todos os seus benefícios e não podemos ignorar os impactos das emissões de gases com efeito estufa associado ao transporte marítimo», defende Janis Searles Jones, CEO da Ocean Conservancy. A diretora acrescenta ainda que a iniciativa da Nike «estimulará as ações necessárias para evitar o transporte arriscado pelo Ártico», esperando ainda que «surjam compromissos adicionais para reduzir as emissões do transporte global».

4. Iniciativa promove algodão africano

O Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank) está a desenvolver uma iniciativa para procura impulsionar a cadeia de valor do algodão africano. A Iniciativa Africana do Algodão (Africotin) vai envolver intervenções em dois sentidos: a montante, para aumentar a produção de algodão no continente; e a jusante, para promover e financiar o consumo de produtos desta matéria-prima. De acordo com Kanayo Awani, diretora da Iniciativa Comercial Intra-Africana do Afreximbank, a cadeia de valor do algodão constitui uma fonte de rendimento para milhões de africanos, nomeadamente aqueles que vivem em zonas rurais, além de representar uma matéria-prima que alimenta fortemente as suas exportações. O Afreximbank tem uma linha de financiamento para o algodão de cerca de 400 milhões euros, que inclui 175 milhões de euros em parques têxteis e de algodão no Burkina Faso e parques industriais de têxteis e vestuário na Nigéria. O algodão é produzido em 75 nações, entre eles muitos países pouco desenvolvidos, onde a produção e o processamento contribuem para a estabilidade económica e a criação de emprego. Arancha González, diretora-executiva do International Trade Centre, acrescenta que esta matéria-prima está no topo das prioridades da instituição para garantir o desenvolvimento sustentável através do comércio em África.

5. H&M reforça na Sellpy

O grupo H&M assumiu uma participação maioritária no negócio de revenda da Sellpy, numa tentativa de apoiar a expansão internacional da plataforma, que, ao mesmo tempo, se alinha com a vontade da retalhista sueca de se tornar totalmente circular. O grupo começou a apostar na Sellpy, em 2015, e recorreu ao seu braço direito CO:LAB para lhe fazer chegar 50 milhões de coroas suecas (4,63 milhões de euros). Com o investimento recente e compra de quotas por 92 milhões de coroas suecas e um novo reforço de 40 milhões de coroas suecas, a H&M deixou de ser acionista minoritária para deter uma participação da Sellpy de aproximadamente 70%. A retalhista prevê ainda um investimento adicional de 60 milhões de coroas suecas nos próximos anos, findos os quais a H&M contará com cerca de 74% da empresa. Nanna Andersen, diretora da CO:LAB, explica em comunicado que continuam a persistir na revendedora «porque acreditamos fortemente na empresa e nos seus fundadores. A Sellpy tem um modelo de negócio circular único, que se alinha perfeitamente com a visão do grupo H&M de se tornar totalmente circular». Por outro lado, «os produtos em segunda mão são um dos sectores de negócio em crescimento mais acelerado dentro da indústria da moda, garantindo a sustentabilidade, a oferta ao cliente pessoal e moderna e a experiência. É uma oportunidade de negócio que a H&M quer explorar, já que auxilia os clientes a dar ao seu vestuário antigo uma nova vida, contribuindo, assim, para um ciclo de moda fechado», acrescenta o comunicado. Fundada em 2014, a Sellpy tem o potencial de alargar a sua oferta atual a uma plataforma completa de moda em segunda mão e prepara-se para iniciar a sua expansão internacional na Alemanha, apoiada pelo grupo. Michael Annör, CEO da Sellpy, defende que, «com o apoio do Grupo H&M podemos continuar a inovar, a consciencializar e a difundir a adoção do [negócio de] revenda».

6. Flip Fit quer compras online mais sociais

Um novo marketplace inspirado nas redes sociais foi lançado nos EUA, oferecendo aos consumidores opções de vestuário de acordo com as suas preferências, gostos e interações, que abrange também a validação por parte dos respetivos amigos. Com um investimento inicial de 3,75 milhões de dólares (3,36 milhões de euros), a Flip Fit criou uma experiência social, em que os utilizadores podem encontrar inspiração para o vestuário, receber peças de moda personalizadas e beneficiar da validação por parte dos seus seguidores. A empresa revela que o objetivo é garantir que os clientes comprem apenas o que realmente usarão. Através da aplicação da Flip, podem observar fotografias daquilo que outros receberam, votando em cada opção para auxiliar o processo de decisão, ao mesmo tempo que partilham os seus novos looks. A Flip Fit acredita que estas interações sociais ajudam a empresa a determinar futuras preferências de estilo. «As compras de moda sempre foram uma experiência social», explica Nooruldeen Agha, cofundador e coCEO da Flip, argumentando, contudo, que «o comércio online as tornou num processo muito isolado». Agora, procuram «interligar os comportamentos sociais das compras, que antes eram possíveis apenas offline, com uma experiência virtual», continua. Por outro lado, a empresa integra também um sistema de devoluções, aceitando-as como parte do processo de compra. «No atual ambiente retalhista, as devoluções representam 50% dos itens comprados nos EUA – e custam 350 mil milhões de dólares por ano, com 5 mil milhões de libras [cerca de 2.268 toneladas] a acabar anualmente em aterros sanitários somente nos EUA», indica a empresa. «A isto soma-se o facto de mais de 50% das pessoas não devolverem os produtos porque a experiência de devolução é muito complicada – tornando-o verdadeiramente num problema de 700 mil milhões de dólares». A Flip visa aperfeiçoar este processo, incluindo, em cada caixa, uma etiqueta de devolução pré-impressa e permitindo que os clientes selecionem a altura ideal para que a transportadora faça a recolha no domicílio. «Acreditamos que as devoluções devem ser tão fáceis quanto a compra e, ao tornar o processo mais eficiente e eficaz, mantemos o vestuário fora dos aterros sanitários», assegura Jonathan Ellman, cofundador e coCEO da Flip. A empresa está a colaborar com mais de 100 das principais marcas de jeans e t-shirts nos EUA, incluindo a AG, JBrand, Hudson, Retrobrand, Boyish, MadeWorn, Junkfood, Mavi e Edwin.