Breves

A conferência anual da Gerber Technology, que se realiza entre 23 e 25 de outubro, vai inaugurar o Centro de Inovação da Gerber, onde será apresentado um fluxo de trabalho conectado digitalmente, aproveitando o poder da tecnologia desde o consumidor ao design, estamparia, corte e costura. O objetivo é unir consumidores e líderes da indústria para atuar sobre as tendências do mercado e experienciar as mais recentes tecnologias relativas à procura. A conferência de 2019 terá lugar em Nova Iorque e será patrocinada pela Kornit Digital, Henderson Sewing, Amazon Web Services, A&E, Caldera e Pointcarré. Esta edição incluirá um Fórum Executivo, por convite, para ajudar no aceleramento da transformação na indústria, através de um compromisso firme e da partilha de ideias. Karsten Newbury, diretor de estratégia e administrador digital da Gerber Technology explica que o objetivo é «empoderar executivos a digitalizar os seus negócios agora, para transformar a forma como criam valor para os seus clientes. Isto inclui uma nova visão sobre os modelos de negócios, além de aprimorar os recursos tecnológicos em áreas como 3D, PLM, Indústria 4.0, IoT e estamparia digital». Com efeito, atualmente, os consumidores precisam de estar no centro da indústria, o que implica que os produtores, marcas e retalhistas busquem uma forma de transformar a cadeia de aprovisionamento do desenvolvimento à produção, vendas e processos de entrega. Jenny Fleiss, co-fundadora da Rent the Runway, dará início à conferência abordando as mudanças nos consumidores e as experiências reais com modelos de negócio digitais. Para além disso, esta edição incluirá temas sobre o fluxo de trabalho de estamparia digital, resolução do dilema da forma com o 3D, PLM a tornar a digitalização uma realidade e otimização de custos com o planeamento da produção. A vice-presidente de marketing da Gerber Technology, Ketty Pillet acredita que «os nossos clientes e participantes deixarão a conferência de 2019 com a motivação, o conhecimento e as ferramentas de que precisam para voltar aos seus negócios e transformar as formas de criação, fortalecidos pelo que agora é tendência».

A conferência Fashiosustain da Neonyt tem cada vez mais representatividade internacional, impulsionada pela Messe Frankfurt. Já com uma presença no passado mês de julho em Nova Iorque, a Fashionsustain conta agora com mais duas datas em setembro que a levam para lá das fronteiras alemãs: no dia 20 terá lugar no LA Fashion Festival, em Los Angeles, e a 26 no Intertextile Shanghai Apparel Fabrics, em Xangai. Este evento foca-se na exibição de inovações têxteis sustentáveis, atraindo vários pioneiros da indústria. No LA Fashion Festival (LAFF), a conferência terá por base a ideia de que “A mudança da moda é agora”, contando com a colaboração da Lenzing. A produtora austríaca de fibras estará no seu próprio stand a dar a conhecer aos visitantes a cadeia de valor, assim como os benefícios da sua marca Tencel em termos de sustentabilidade e performance. Os palestrantes incluem representantes da Lenzing, Candiani e Global Denim, para além de Adriano Goldschmied e Kerry Bannigan da Campanha de Moda Consciente, apoiada pelas Nações Unidas. Os dois dias (20 e 21 de setembro) do LAFF irão reunir especialistas de cinema, retalho, inovação e beleza, através de exibições, workshops, masterclasses, pop-ups e palestras sobre moda, construindo uma experiência cultural imersiva. Por seu lado, a Intertextile Shanghai Apparel Fabrics é uma das maiores feiras de tecidos e acessórios organizada pela Messe Frankfurt. No dia 26 de setembro, contará com um discurso de Edwin Keh (do Hong Kong Research Institute of Textile and Apparel), ao qual se seguirá um debate sobre a importância e os desafios de implementar mais projetos piloto de inovação têxtil, bem como medidas para acelerar o processo de inserção de novos têxteis no mercado, temas apresentados por Andreas Streubig (Director Global de Sustetabilidade, Hugo Boss), Jiehui Kia (Principal Estratega de Sustentabilidade, Forum for the Future), Micke Magnusson (Agente e Conselheiro da Mudança, ReAccess) e Mikkel Hansen (Líder do Programa e Parcerias da Explorium, Grupo Fung). Além disso, o evento de Xangai será palco para os lançamentos inovadores das startups TG3D, Reflaunt e Circular Systems, apresentados pelos aceleradores Fashion for Good, The Mills Fabrica, Fundação H&M e HeiQ. Alguns oradores vão também discutir a importância e a escalabilidade de tecnologias inovadoras para a indústria têxtil. O evento terminará com uma discussão entre Tony Lowe (embaixador do leste asiático Better Buying) e Max Gilgenmann (Kaleidoscope Berlin) sobre o papel da terceirização numa indústria têxtil e de moda em mutação.

A Conferência Smart Waste Portugal 2019, um Futuro Circular, tem o Auditório de Serralves reservado para hoje. O objetivo do evento é discutir e analisar as várias temáticas da economia circular, alertando à consciencialização de todas as partes interessadas na cadeia de valor, desde o fornecedor ao consumidor final. A Smart Waste Portugal é uma plataforma de investigação, desenvolvimento e inovação, que promove ativamente a cooperação entre entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais, na transição para a circularidade. Com efeito, um futuro circular tem por base uma economia que transcende as barreiras da reciclagem e do desperdício, ou seja, implica uma visão onde a economia global é livre de resíduos, já que tudo pode ser reaproveitado e constitui matéria-prima. Segundo a empresa, «este futuro implica reinventar competências, produtos e modelos de negócio, implica exigir transparência de todos os processos e torna imprescindível a colaboração transversal e o desenvolvimento de novas iniciativas que potenciem o valor económico, social e ambiental a partir do novo paradigma do “resíduo como recurso”». Nesta edição, a sessão de boas-vindas está a cargo de Aires Pereira (presidente da direção da Smart Waste Portugal) e João Torres, Secretário de Estado da Defesa do Consumidor. Ao longo do encontro serão abordados temas relevantes e pertinentes à economia circular, nomeadamente a recolha de resíduos, o desperdício alimentar, os resíduos de construção e demolição, os plásticos, bem como serão apresentados alguns casos de sucesso. Por detrás destes debates, estarão académicos de renome e líderes empresariais e políticos, como Inês Costa (Ministério do Ambiente), Catarina Grilo (Fundação Calouste Gulbenkian), Marc Dillen (Vlaamse Confederatie Bouw – Flanders for Construction, Bélgica), João Letras (Sociedade Ponto Verde e Fernando Ventura (Jerónimo Martins). O encontro será encerrado por Luísa Magalhães, diretora executiva da Smart Waste Portugal, e João Ataíde, Secretário de Estado do Ambiente, com o esclarecimento dos compromissos para a edição do próximo ano.

A PurFi, empresa americana que produz filamentos e fios a partir de resíduos têxteis, está a preparar a expansão global, depois de ter estabelecido um novo acordo de joint-venture com a belga Concordia Textiles. As tecnologias de fibra circular da PurFi converte diversos resíduos têxteis pós-industriais/consumo naquilo que afirma ser produtos «iguais ou superiores em todos os aspetos aos materiais virgens», incluindo filamentos e fios para moda, vestuário de performance e industrial. Estas tecnologias já foram comercializadas para empresas como a Walmart, M&S e Nike e estão agora a serem trabalhadas com o Crystal International Group para reciclar os resíduos de tecido resultantes das suas fábricas roupa interior e de desporto, no Sri Lanka. A nova parceria resultará na criação da PurFi Manufacturing Belgium, sediada em Waregem, na Bélgica, e presidida pelo CEO da PurFi Joy Nunn juntamente com o CEO Carl Baekeladt da Concordia Textiles. Esta joint-venture pretende criar «a primeira empresa de fibra circular global com capacidade para minimizar drasticamente o desperdício têxtil irresponsável a nível mundial», admite a empresa. Além das tecnologias de reciclagem de fibra, a PurFi também tem um software de estado de arte da linhagem das fibras desde a sua origem até ao destino final. Esta tecnologia é acompanhada por um relatório de análise em todo o processo, desde os fabricantes aos retalhistas. Este é um projeto promissor, já que «não há quaisquer produtores têxteis a criar produtos virgens de qualidade a partir de resíduos têxteis sem um [preço] premium», justifica Joy Nunn. Enquanto produtora têxtil integrada verticalmente e em controlo total sobre o ritmo de produção, a Concordia reúne os conhecimentos necessários para facilitar a expansão rápida e global. «Desde o início que Joy e eu compreendemos que combinar a tecnologia patenteada da PurFi com o know-how do Concordia Textiles Group permitir-nos-á contribuir para a reciclagem têxtil a um nível global», assegura Carl Baekeladt. A produção deverá começar em 2020 na Bélgica.

O produtor de isolamento térmico Heat-MX Worldwide desenvolveu uma alternativa às penas naturais, construída sem qualquer ingrediente de origem animal, que, supera as limitações de outros isolamentos produzidos a partir de materiais fabricados pelo homem. Segundo a empresa, as peças produzidas com a nova tecnologia nDown apresentam uma aparência e um toque semelhantes às com isolamento de penas naturais. Sae Chang, CEO da Heat-MX Worldwide, afirma que embora existam muitos produtos no mercado que tentam imitar o desempenho de penas, «esses materiais fabricados pelo homem apresentam uma performance fraca em vários aspetos-chave: relação calor por peso, recuperação de volume, distribuição do enchimento após lavagem, quando comparados com materiais de penas de alta qualidade no seu estado ideal». Além disso, a relação das penas naturais com a humidade e o suor torna impraticável a sua utilização em produtos projetados para outdoor e vestuário desportivo. O CEO relça ainda que que a tecnologia nDown «não só supera todas essas limitações, como também oferece muitos outros benefícios de desempenho», incluindo durabilidade, inodoro e menor custo.

Uma equipa de investigadores do CSAIL – Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory do MIT desenvolveu um novo sistema e ferramenta de design para programar máquinas de malha altamente tecnológicas, assim como formas e padrões de malha personalizada, otimizando a computação. O InverseKnit traduz fotografias de padrões de malha em instruções que são, posteriormente, usadas em máquinas de tricotagem. O MIT afirma que esta abordagem possibilita não só que utilizadores casuais criem os seus designs, sem qualquer conhecimento de programação, como também solucionar questões de eficiência e desperdício na fabricação. Alexandre Kaspar, estudante doutorado do CSAIL e um dos autores do projeto, destaca que «no que diz respeito às máquinas e à malha, este tipo de sistema pode alterar a acessibilidade para as pessoas que procuram ser os designers dos seus próprios artigos». No sentido de colocar o InverseKnit em funcionamento, a equipa criou primeiro um conjunto de instruções e as imagens correspondentes a padrões de malha. Seguiu-se um treino da sua profunda rede neural nesses dados para interpretar as instruções da malha em 2D, a partir das imagens. Depois de testar, a equipa descobriu que o InverseKnit produzia instruções precisas 94% das vezes. Entretanto, num outro artigo pulicado, os investigadores revelaram detalhes de uma nova ferramenta de CAD para personalizar produtos de malha. Apesar dos avanços nesta área, as distorções inerentes às formas 3D podem, por vezes, dificultar o posicionamento de detalhes. No sentido de resolver este problema, Kaspar e os seus colegas desenvolveram uma ferramenta denominada CADKnit, que recorre a imagens 2D, software CAD e técnicas de edição de fotografia para permitir aos utilizadores casuais a personalização dos seus próprios modelos de design. O objetivo é «tornar o processo mais acessível à customização personalizada», explica. Depois de testada a praticabilidade do CADKnit, os utilizadores amadores salientaram a facilidade em manipular e personalizar as suas meias e gorros, apesar de os padrões da renda serem difíceis de projetar corretamente e poderem beneficiar de uma simulação realista rápida. No entanto, o MIT ressalva que o sistema ainda está longe da customização completa do vestuário, já que as peças com interfaces complexas entre diferentes partes não se comportam adequadamente com a ferramenta de design. «O impacto do trabalho de malha em 3D tem o potencial de ser ainda maior que a impressão 3D», considera James McCann, líder do Carnegie Mellon Textiles Lab, acrescentando que «as ferramentas de design estão a retrair a tecnologia, motivo pelo qual esta pesquisa é tão importante para o futuro».