- Zara lança primeira linha de jeans reciclados
- Redução das importações da China continuou em julho
- Lord & Taylor vendida à Le Tote por 70 milhões de euros
- Sacos de plástico: já não estão na moda?
- Louis Vuitton vai criar 1.500 novos postos de trabalho em França
- Nike cria sapato controlado pela Siri
1. Zara lança primeira linha de jeans reciclados
A cadeia de fast-fashion Zara lança a sua primeira coleção de denim pós-consumo e revela planos para expandir os seus esforços de reaproveitamento no futuro. A empresa pertencente ao grupo espanhol Inditex recicla velhos jeans e recupera o algodão enquanto matéria-prima para produzir novo tecido denim. A coleção compreende cinco estilos, que inclui boyfriend, cintura subida e wide leg, com cada par a custar 29,99 libras (cerca de 33 euros) e disponível nos tamanhos entre 4 e 18 (de XS a L) no Reino Unido. A Zara reafirmou o seu interesse em continuar a colaborar com a organização sem fins lucrativos com a qual colabora no seu programa Clothes Collection para criar um sistema que permita o reaproveitamento sistemático da denm: «Graças a esta iniciativa, conseguimos transformar o desperdício em novos materiais, ao mesmo tempo que damos uma nova vida a uns velhos jeans». Esta notícia chega um mês depois da Inditex ter anunciado uma série de novos compromissos sustentáveis – incluindo a garantia de que 100% do algodão, linho e poliéster usados por todas as oito marcas do grupo sejam orgânicos, sustentáveis ou reciclados até 2025. Um dos primeiros marcos históricos prende-se com o facto do número de artigos Join Life do grupo ter duplicado em 2019, representando mais de 25% do total de peças de 2020. Lançada em 2016, a etiqueta Join Life identifica o uso de matérias-primas mais sustentáveis, como o algodão orgânico, o poliéster reciclado e o liocel e a priorização de processos mais amigos da água e da energia. O volume de vestuário com o selo Join Life aumentou em 85%, em 2018, para 136 milhões de peças de roupa. O grupo antecipa um crescimento de 110% em 2019, e, no ano seguinte, um em cada quatro artigos de vestuário colocados à venda estarão etiquetados com este rótulo sustentável.
2. Redução das importações da China continuou em julho
O panorama do aprovisionamento têxtil das empresas americanas está definitivamente em mudança, na sequência da guerra comercial entre os EUA e a China. No período que antecedeu a imposição, em setembro, de uma taxa de 15% nas importações têxteis da China, as empresas acumularam um total de 13,11 mil milhões de euros em produtos chineses, um aumento de 2,33% relativamente ao período homólogo do ano passado, segundo o OTEXA (Office of Textiles & Apparel) do departamento do comércio norte-americano. Ests são somas pobres quando comparadas aos anos anteriores, já que a guerra comercial EUA-China provocou a busca por uma diversificação de fornecedores, para evitar o risco e os elevados preços que agora se registam. Manny Chirico, CEO da PVH Corp, afirmou que «ao avançarmos para 2020, temos retirado significativamente a produção tanto quanto podemos do mercado chinês. No próximo ano, teremos entre 10% e 12% da nossa produção a ter origem na China», comparativamente aos 30% registados há três anos. A China tinha uma quota de mercado de 32,26% em termos de valor nas importações têxteis dos EUA, nos 12 meses até julho, o que representa uma redução de 3,6% em três anos e meio, de acordo com a OTEXA. Por outro lado, o declínio lento e o protecionismo da China têm conferido vantagens aos seus vizinhos asiáticos. Do início deste ano até julho, os envios do segundo maior fornecedor, o Vietname, subiram 13,05%, a que se seguiu o Bangladesh com um aumento de 11,53%. «As taxas aceleraram este movimento», explicou Chirico. «Reconhecemos o que estava à nossa frente nos três a quatro anos seguintes e abrimos as portas para a África. Mudámo-nos para outros países da Ásia e tentámos posicionarmo-nos com fornecedores-chave em todo o mundo que pudesse melhorar a nossa cadeia de aprovisionamento». Dentro dos maiores 10 fornecedores da Ásia, os envios da Índia cresceram 9,65%, do Camboja 6,36% e do Paquistão 9,38%. No geral, os envios da região aumentaram 5,46% para 7,59 mil milhões e 17% na quota no mercado. Também se verificaram ganhos significativos na África Subsariana, com um crescimento de 22,23% para 728,12 milhões de euros, liderado pelo Quénia, Madagáscar, Etiópia e Maurícias.
3. Lord & Taylor vendida à Le Tote por 70 milhões de euros
A retalhista canadiana Hudson Bay Company (HBC) redigiu um acordo para vender a sua subsidiária Lord & Taylor por 70 milhões de euros à Le Tote. Esta startup aplica um modelo de negócio que permite às mulheres alugar roupa e acessórios por uma taxa mensal fixa, com a opção de comprar os artigos com desconto, através de um serviço de subscrição. A Le Tote ficará, então, na posse da marca e propriedade intelectual da Lord & Taylor e irá assumir o negócio das 38 lojas, juntamente com os seus canais digitais e inventário. Em troca, a HBC receberá o pagamento de 99,5 milhões de dólares canadianos (68,3 milhões de euros), assim como dois lugares no conselho de administração e alguns direitos enquanto acionista minoritário. A notícia vai ao encontro da análise de estratégias alternativas para o negócio da Lord & Taylor, anunciada em maio. «A liderança e abordagem inovadora da Le Tote é o melhor caminho a seguir pela Lord & Taylor, os seus clientes e associados. Para a HBC, esta transação segue ações ousadas anteriores, permitindo que a empresa se foque nas suas próprias grandes oportunidades, na Saks Fifth Avenue e na Hudson’s Bay», assegura Helena Foulkes, CEO da HBC. O acordo estipula ainda que a HBC e a parceira imobiliária de joint-venture HBS Global Properties irão manter a propriedade de todos os ativos imobiliários relativos à Lord & Taylor. Durante pelos menos os três primeiros anos, a HBC vai manter os pagamentos da renda pertencentes à Lord & Taylor nos locais operados pela Le Tote. Entretanto, a partir de 2021, a HBC e Le a Tote poderão reavaliar a rede de locais da Lord & Taylor, o que pode resultar na aquisição e expansão de alguns deles. Apesar da originalidade desta proposta, o diretor da GlobalData Retail, Neil Saunders, alerta que «não aborda as questões principais: o que representa a Lord & Taylor, em que se distingue no mercado e por que motivos os clientes deviam comprar lá». Com efeito, no ano fiscal de 2018, a Lord & Taylor representou direta ou indiretamente uma perda de cerca de 82 milhões de euros para a HBC. Paula Rosenblum, co-fundadora e parceira administrativa da RSR aponta para a mesma crise de identidade da marca, enfatizando que o novo acordo é «estranho em vários níveis». Plo contrário, o CEO da Columbus Consulting, Jon Beck, acredita que este modelo de negócio tem «muito potencial para crescer», permitindo que a «Le Tote e a Lord & Taylor correspondam continuamente às expectativas dos clientes e aumentem a lealdade de compra». O negócio deverá ser concluído antes da época de férias de 2019.
4. Sacos de plástico: já não estão na moda?
Voltar a casa carregado de sacos de plástico foi, em tempos, símbolo de uma viagem às compras bem-sucedida. Agora, num esforço para conter o desperdício e promover a sustentabilidade, cada vez mais marcas de moda estão a eliminar os sacos de plástico de uso único. Neste âmbito, o grupo espanhol Inditex comprometeu-se no mês passado a eliminar o uso de sacos de plástico em todas as suas marcas até 2020 (um marco já alcançado pela Zara, Zara Home, Massimo Dutti e Uterqüe). Por outro lado, este mês, o grupo canadiano de calçado e acessórios Aldo – cujas marcas incluem a Aldo e a Call It Spring – anunciou que está progressivamente a retirar os sacos de plástico de uso único das suas lojas, a nível global. Em vez disso, os clientes poderão transportar os seus produtos numa caixa de cartão reciclado, munida de uma alça de corda que permite dobrá-la como uma mala. Quaisquer clientes da Aldo que ainda queiram um saco poderão comprar um eco-tote reutilizável, feito a partir de plástico reciclado, cujos lucros revertem para uma organização focada no oceano, como a The Ocean Legacy Foundation e a Ocean Conservancy. Por outro lado, os eco-totes da Call It Spring ajudarão a financiar projetos de água potável e saneamento no Quénia, através da sua parceria com a empresa social ME to WE. Por sua vez, a japonesa Muji anunciou, em julho, a sua iniciativa para encorajar os clientes nos EUA a usar os seus próprios sacos, introduzindo um custo pelos sacos reutilizáveis que irá vender: os clientes que trouxerem os próprios sacos receberão um desconto de 5% na compra. «Seguindo a filosofia de menos excesso da Muji, gostaríamos de encorajar os nossos consumidores a trazer o seu próprio saco reutilizável, quando fazem compras na Muji!”, expressou a marca no Instagram. A Fast Retailing, empresa detentora das marcas Uniqlo, Theory e Comptoir des Cotonniers, vai também fazer a transição de sacos de plástico para sacos ecológicos de papel, concebidos com FSC (Forest Stewardship Council) – um papel certificado ou reciclado – ainda este mês. De igual modo, as marcas de luxo estão progressivamente a seguir a mesma tendência: em março, a Burberry prometeu «reduzir, eliminar e mudar o embalamento problemático e desnecessário» até 2025, focando-se nos plásticos de uso único. A marca começou a erradicar a laminação de plástico dos seus sacos de compras e a suspender o uso de sacos de polietileno como capas de roupa.
5. Louis Vuitton vai criar 1.500 novos postos de trabalho em França
Durante os próximos três anos, a empresa francesa planeia criar 1.500 novos postos de trabalho, para aumentar a produção e responder à procura crescente da China e outras economias emergentes. Apesar da Louis Vuitton se ter expandido com fábricas em Itália, Espanha e EUA, o CEO Michael Burke assume o compromisso de manter a maioria do seu aprovisionamento em França: «se deixarmos a manufatura sair, mesmo que seja para países próximos como Itália, penso que será inevitável que as mentes, a criatividade e o sector seguirem». A indústria do luxo tem sido um raro ponto positivo para o emprego francês, já que a economia continua estagnada. Os consumidores chineses alimentaram a empresa-mãe da Louis Vuitton, a LVMH, com um aumento de 20% das vendas de produtos de moda e couro no último trimestre, procura esta que Burke caracteriza como «excecional». Enquanto a Louis Vuitton tem vendido mais do que nunca, o CEO afirma que a marca está interessado em minimizar o impacto ambiental, uma área de preocupação crescente para a empresa. A produção acelerada e a análise de dados sobre as tendências da procura possibilitaram que a marca reduzisse os inventários, o que lhe permitiu limitar a destruição de produtos não vendidos – uma prática comum entre as marcas de luxo que procuram manter a sua exclusividade, impedindo a negociação do preço. «Antes prevíamos – agora reagimos», afirma Burke. «Temos a mais alta taxa de escoamento do que qualquer marca do mundo. Destruímos menos do que todos», garante.
6. Nike cria sapato controlado pela Siri
Na primeira semana de setembro, a Nike apresentou o calçado do futuro, o Nike Adapt Huarache, equipado com a tecnologia “FitAdapt” da empresa, que permite ajustar o tamanho do sapato através da Siri, no Apple Watch. Esta característica prevista na série americana The Jetsons é uma extensão daquilo que já foi representado no famoso filme Regresso ao Futuro 2 e, mais tarde, em 2016, quando a Nike lançou sapatos que se atam por si só, os HyperAdapt 1.0. Agora, este calçado, que é suposto acomodar uma variedade de tipos de pé e preferências de consumidores, está cada vez mais tecnologicamente avançado. Para além dos LEDs presentes nas versões anteriores, os Adapt Huarache ligam o sistema da FitAdapt aos atalhos da Siri, com a aplicação do Apple Watch. O Nike Adapt Huarache é o primeiro sapato interativo a conectar com a aplicação da Nike, para que possa apertar ou alargar o sapato consoante o controlo do utilizador. Estes controlos incluem falar para a Siri no iPhone ou usar a aplicação do Apple Watch. Ambos oferecem modos pré-definidos para ajustes personalizados, além dos atalhos da Siri para um controlo mais fácil dos cordões. A aplicação permitirá que aqueles que usem a tecnologia Nike Adapt Huarache tenham acesso a «um número de recomendações de ajuste pré-definido para tipo de pé e atividade», revela marca. Os apaixonados por sapatilhas anseiam testar a nova tecnologia, que provavelmente terá um elevado custo, aquando do lançamento da sua primeira edição a 13 de setembro. Os sapatos Adapt BB com LEDs custavam inicialmente 350 dólares (cerca de 317 euros), logo o preço dos Nike Adapt Huarache deverá situar-se acima deste valor.