Breves

  1. Incertezas comerciais baixam preços do algodão
  2. Teijin Frontier imita seda com poliéster
  3. Primark suspende relações com fornecedores do Bangladesh
  4. Consumidores querem transparência
  5. YouTube não escolhe idades
  6. Têxteis inteligentes com terminologia definida

1. Incertezas comerciais baixam preços do algodão

A instabilidade resultante da guerra comercial entre os EUA e a China fez com que os preços do algodão descessem. Depois do máximo histórico atingido em agosto do ano passado, em julho deste ano o valor foi historicamente baixo. A atualização mensal do International Cotton Advisory Council (ICAC) aponta que, segundo o índice de preços do Cotlook A, o preço do algodão desceu dos 99,5 centavos por libra, registado em agosto de 2018, para os 74 centavos por libra de julho de 2019. A diminuição surge em linha com deterioração do ambiente comercial, visível desde o primeiro aumento das taxas alfandegárias por parte dos EUA, no início de junho do ano passado, que foi seguido por mais impostos em mais produtos, bem como de retaliações por parte da China. Recorde-se que, no início de maio, antevia-se uma ampliação das tensões comerciais, com as ameaças de taxas adicionais de 25% sobre produtos chineses na ordem dos 300 mil milhões de dólares (cerca de 268 mil milhões de euros), abrangendo têxteis, vestuário e calçado. Mais tarde, as tensões comerciais deram sinais de abrandamento, com a promessa de reconciliação. Contudo, as tensões comerciais têm vindo a aumentar, já que o presidente dos EUA, Donald Trump, publicou no Twitter, a 1 de agosto, que planeia impor uma «pequena tarifa adicional» de 10% nas restantes importações da China, a partir de 1 de setembro. O ICAC reconhece que o otimismo relativo ao aumento da procura por algodão na temporada 2019/2020 está a diminuir, especialmente com a oferta a aumentar. A produção na época 2019/2020 deverá ser de 27,2 milhões de toneladas (um aumento de 6% em relação ao ano anterior), com o consumo a aumentar a um ritmo mais lento, de 1,7% para 26,9 milhões de toneladas – o que significa que a produção irá exceder o consumo em cerca de 300 mil toneladas. Consequentemente, os stocks mundiais deverão crescer para 18 milhões de toneladas. Esses fatores, combinados com as fracas estimativas de expansão económica mundial, ofuscaram as esperanças relativamente à procura por algodão na próxima estação», refere o ICAC. Com 5,9 milhões de toneladas, a China deverá permanecer como o principal produtor de algodão do mundo na temporada 2019/2020, superando a Índia, que deverá produzir 5,75 milhões de toneladas. A África Ocidental deverá atingir um máximo histórico na sua produção, de 1,3 milhões de toneladas.

2. Teijin Frontier imita seda com poliéster

A unidade de conversão de fibras do conglomerado japonês Teijin Group desenvolveu um têxtil em poliéster que, garante a empresa, tem o aspeto e o toque semelhante ao da seda e pode ser usado em peças como blusas. A empresa assegura ter desenvolvido uma tecnologia capaz de produzir um material estável e de cuidado fácil, que conta com a textura suave e aparência da seda que é originalmente produzida pelos bichos-da-seda. O novo material tem uma superfície facilmente fabricável, que é suave e brilhante, pode sustentar cores brilhantes, não desbota, não encolhe e não perde a forma, por usar fibras de poliéster, refere a empresa. Com o objetivo de atingir vendas anuais de 150 mil metros do novo produto, até ao final do ano fiscal, a terminar em março de 2022, a Teijin Frontier prevê várias aplicações possíveis, como blusas e outras peças.

3. Primark suspende relações com fornecedores do Bangladesh

A retalhista britânica confirmou que irá deixar de aprovisionar de vários dos seus fornecedores de fábricas no Bangladesh, depois de estes terem alegadamente posto fim a contratos com os trabalhadores de forma ilegal. No início do ano, uma petição da Labour Behind the Label alegava que 427 trabalhadores de empresas fornecedoras da Primark, no Bangladesh, perderam os seus postos de trabalho depois de participarem em «protestos pacíficos contra o valor reduzido do salário mínimo no Bangladesh». A organização acrescentou que 382 dos trabalhadores estavam a ser alvo de queixas legais falsas, feitas pelos administradores das empresas e não conseguiam encontrar novos empregos por estarem numa espécie de lista negra. Em abril, a Primark garantiu ao just-style.com que iria investigar o assunto, de forma a compensar os trabalhadores cujos contratos foram terminados de forma injusta. Esta segunda-feira, 5 de agosto, um porta-voz da retalhista revelou, em comunicado, que as empresas sob investigação ficarão suspensas enquanto decorre o processo – o que significa que não poderão dar seguimento a novas encomendas. «As nossas investigações mostram algumas violações no Código de Conduta da Primark, que estão agora a ser resolvidas. Isto inclui a remuneração dos trabalhadores afetados, com a compensação que lhes é devida por direito, a confirmação da retirada das queixas legais contra os trabalhadores e o envolvimento das empresas fornecedoras em programas de reabilitação do local de trabalho. Partilhamos estas informações com os nossos parceiros, como a Ethical Trading Initiative e a BGMEA, porque acreditamos que a colaboração é essencial para conduzir a uma mudança efetiva na indústria», pode ler-se no comunicado.

4. Consumidores querem transparência

Com grandes nomes do retalho, como a Zara, a trilharem o seu caminho rumo à sustentabilidade, há sinais claros de que a ecologia está a tornar-se obrigatória, deixando de ser apenas uma tendência. Um novo estudo da especialista na gestão de informação acerca dos produtos, a InRiver, mostra que os consumidores esperam, cada vez mais, que as marcas sejam transparentes relativamente ao cariz sustentável dos seus produtos. A empresa falou com 1.500 consumidores britânicos, entre os 16 e os 44 anos, e descobriu que informações dos produtos, com detalhes acerca da sua sustentabilidade e impacto ambiental, faz com que 69% dos britânicos tenham uma maior probabilidade de comprar o artigo. Por outro lado, 63% admitem deixar de comprar uma marca caso esta tenha um impacto negativo sobre o meio ambiente. Além disso, 66% dos consumidores que compram produtos importados caso sejam mais baratos confessam que poderiam «reconsiderar as suas compras» se os retalhistas partilhassem mais informações acerca do impacto ambiental das entregas. Um valor preocupante para os retalhistas que dependem das vendas internacionais e que poderá fazer com que as empresas optem por não partilhar mais informação. Por outro lado, maior transparência poderá encorajar 60% dos consumidores a reconsiderarem o número de encomendas que devolvem, o que é especialmente importante dado o número crescente de devoluções e o muito discutido problema das pessoas que fazem “devoluções em série”, custando aos retalhistas britânicos cerca de 20 mil milhões de libras (cerca de 22 mil milhões de euros) anualmente. Em vez de medidas punitivas, o estudo sugere que uma abordagem mais educacional poderia ser tão eficaz. 20% dos consumidores garantem só comprar produtos sustentáveis. A InRiver refere que os consumidores consideram vários fatores quando realizam uma compra, como o cariz sustentável das embalagens (6%) e dos materiais (6%), a produção ética (5%) e a pegada ecológica da entrega (4%). Sem surpresas, o preço (41%) e a qualidade (25%) dominam as preferências dos consumidores.

5. YouTube não escolhe idades

O reinado do Facebook como a rede social favorita poderá «chegar ao fim, porque as gerações mais novas favorecem plataformas com mais elementos visuais, como o YouTube, o Instagram e o Snapchat», revela um novo estudo da plataforma The Manifest, que inquiriu 627 utilizadores de redes sociais nos EUA. O inquérito revela que apenas 36% dos jovens da geração Z admitem usar o Facebook todas as semanas, porém 89% confessam usar o YouTube, 74% navegar no Instagram e 68% utilizar o Snapchat pelo menos uma vez por semana. «O Snapchat e o Instagram são mais adequados para as gerações mais novas porque têm menos conteúdo», justifica Mark McIntyre, CEO da MaxAudience, uma agência de publicidade e de design web, citado no relatório. O inquérito mostra que a única rede social que atrai de forma unânime todas as gerações é o YouTube. Na verdade, mais de metade dos utilizadores de redes sociais usam-na, mesmo os mais velhos. A maioria dos membros da geração Z (89%), dos millennials (86%), da geração X (68%) e dos Baby Boomers (52%) usam o YouTube pelo menos uma vez por semana, o que mostra que todas as faixas etárias estão a optar pelo vídeo. «Os vídeos são a forma mais rica de conteúdo», acredita Joseph Rothstein, CEO da Social Media 55, uma agência de marketing digital. A popularidade do vídeo está a aumentar, enquanto a publicação de imagens ainda é essencial. Cerca de 77% dos inquiridos da geração Z e Y, 72% da geração X e 52% dos Baby Boomers preferem publicar imagens nas redes sociais.

6. Têxteis inteligentes com terminologia definida

A American Society for Testing and Materials (ASTM) aprovou uma nova regulamentação que define a terminologia dos têxteis inteligentes e pode ser usada objetivamente para classificar e diferenciar alguns destes novos materiais e produtos. Trata-se do primeiro conjunto de normas a ser aprovada pelo subcomité internacional de têxteis inteligentes da ASTM International (conhecido por D13.50) e ajuda a definir vários termos, desde “smart textile” a “wearable electronic”. «A indústria têxtil está atualmente a experienciar uma espécie de renascimento com o desenvolvimento de novos materiais, para novas aplicações e mercados», refere Carole Winterhalter, membro da ASTM International. «Esta nova terminologia permite classificar objetivamente e diferenciar estes novos materiais e produtos», acrescenta. Carole Winterhalter aponta que o subcomité desenvolveu termos e definições que podem ser usados por qualquer pessoa envolvida na área dos têxteis inteligentes, incluindo produtores, fornecedores, retalhistas, órgãos reguladores, consumidores, laboratórios e militares. «Os termos podem ser usados para publicitar ou descrever os novos produtos aos consumidores. Também podem ser usados por órgãos regulatórios para classificar os produtos e o desempenho desejado. As normas irão também ajudar os consumidores a compreenderem exatamente o que estão a comprar», considera. As novas regras estarão disponíveis brevemente, numa altura em que «está a ser construída uma ponte entre duas indústrias diferentes, a têxtil e a eletrónica. Estamos a criar uma relação que nunca realmente existiu», aponta Carole Winterhalter.