- EUA perto de aplicar taxas sobre importações da UE
- Anne Klein muda de mãos
- IA ajuda a prever sucesso de produtos
- O potencial da zona de comércio livre africana
- Têxteis inteligentes potenciam força dos wearables
- Borras de café recicladas dão origem a calçado
1. EUA perto de aplicar taxas sobre importações da UE
A Organização Mundial do Comércio (OMC) deverá dar luz verde aos EUA para impor taxas sobre o equivalente a cerca de 7 mil milhões de dólares (aproximadamente 6,2 mil milhões de euros) em produtos importados da Europa, segundo a Bloomberg, numa lista que deverá incluir camisolas, casacos acolchoados, fatos e swimwear. Citando fontes oficiais da União Europeia (UE), a Bloomberg refere que a UE espera que a OMC dê luz verde à imposição de tarifas alfandegárias, que estão associadas com uma disputa de 14 anos relacionada com subsídios a companhias aéreas. A OMC poderá tomar uma decisão já este verão. Inicialmente, os EUA definiram uma lista de produtos que atingia os 11,2 mil milhões de dólares em taxas alfandegárias, um valor questionado pela UE. Por sua vez, a UE deverá impor taxas sobre o equivalente a cerca de 20 milhões de dólares de produtos importados dos EUA, que inclui bolsas e algodão.
2. Anne Klein muda de mãos
O recém-criado grupo WHP Global anunciou a marca Anne Klein como a sua primeira aquisição, previamente detida pelo grupo Premier Brands. Tendo anunciado o seu lançamento a 17 de julho, o WHP Global é liderada por Yehuda Shmidma, atualmente vice-presidente da empresa mãe da Toys’R’Us. A empresa conta com 200 milhões de dólares (cerca de 178 milhões de euros) de capital de investimento, geridos pela Oaktree Capital Management e foi fundada com o objetivo de adquirir e gerir marcas globais. O grupo planeia mobilizar cerca de mil milhões de dólares em capital ao longo dos próximos cinco anos. A primeira aquisição é a marca mundial Anne Klein, que gera mais de 700 milhões de dólares em vendas a retalho, a nível mundial, com os produtos a serem distribuído por parceiros como a Steve Madden para o calçado e bolsas e o Kasper Group para o sportswear. O WHP Global afirma que a Anne Klein deverá aperfeiçoar a sua estratégia, de modo a potenciar o crescimento junto de retalhistas essenciais nos EUA, como a Macy’s. O grupo pretende investir significativamente em marketing, redes sociais e comércio digital, para impulsionar a envolvência com a marca. «Com o seu extenso património e uma forte base de vendas, a Anne Klein é perfeita para estrear o portefólio do WHP Global. Acreditamos que existe espaço para o crescimento e esperamos apoiar o próximo capítulo desta marca icónica», revela Ted Crockin, vice-presidente da Oaktree e membro da administração do WHP Global. Já Ralph Schipani, CEO do grupo Premier Brands, considera que «a Anne Klein está em boas mãos. Estamos entusiasmados por dar continuidade ao nosso envolvimento, já que temos licença para a distribuição de várias categorias, incluindo joalharia e sportswear. Esta venda está em linha com o nosso foco em sermos líderes na revenda de vestuário feminino, jeanswear e acessórios para grandes retalhistas internacionais».
3. IA ajuda a prever sucesso de produtos
Uma nova ferramenta de previsão, que usa Inteligência Artificial (IA), para ajudar as empresas a introduzir novos produtos no mercado, está a ser lançada pela fornecedora de soluções de software para a cadeia de aprovisionamento FuturMaster. A empresa, cuja lista de clientes inclui, por exemplo, o grupo LVMH, refere que foram realizados testes recentes com uma empresa têxtil chinesa. Os resultados mostram que a tecnologia, quando comparada a equipas de analistas e aos métodos tradicionais, foi mais exata na previsão de cenários em três trimestres consecutivos, além de ser duas vezes mais rápida a revelar as suas conclusões. A ferramenta funciona com algoritmos que agrupam produtos tendo como base o seu histórico de vendas e o comportamento de produtos com características similares. O sistema autónomo aplica, posteriormente, um conjunto de regras para calcular automaticamente as exigências de volume num período variável. A FuturMaster indica que a ferramenta foi desenvolvida em resposta a uma investigação da Harvard Business School, que mostra que mais de 30 mil novos produtos são lançados todos os anos e 80% fracassam. A solução automatizada foi criada para prever como as vendas de novos produtos irão evoluir a partir do momento em que chegam às prateleiras. Gilles Lefebvre, gestor de produto da FuturMaster, acredita que o software irá provavelmente beneficiar mais as empresas que lançam constantemente novos produtos, como as marcas de vestuário e retalhistas, que introduzem novos artigos todas as estações. «Lançar novos produtos é um processo complicado que envolve equipas numerosas e exige uma monitorização rigorosa das vendas e da procura por dados precisos. As decisões – que podem ser fatais para uma empresa – tem que ser tomadas com antecedência e com rigor», assegura.
4. O potencial da zona de comércio livre africana
Depois de mais de 50 países a terem assinado o acordo de Livre-Comércio Continental Africano (na sigla inglesa AfCFTA), as discussões entres os signatários focam-se agora no modo como o acordo deverá funcionar. Com o apoio assegurado de 54 das 55 nações africanas – com a exceção da Eritreia –, o acordo visa a criação de uma zona de comércio livre, abrangendo nações com um PIB combinado de mais de 3,4 biliões de dólares (aproximadamente 3 biliões de euros). O acordo inclui importantes centros de aprovisionamento de têxteis e vestuário como o Quénia, Marrocos, Madagáscar, Egito, Etiópia, África do Sul, Lesoto e Tunísia. O AfCFTA foi lançado oficialmente a 7 de julho e tem como principal objetivo potenciar o comércio intra-africano, através de medidas como, por exemplo, a eliminação das taxas alfandegárias. Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), se o acordo for implementado, o PIB da maioria dos países africanos poderá aumentar entre 1% a 3%, caso as taxas alfandegárias sejam eliminadas. Os mecanismos que irão sustentar o acordo são a determinação das regras de origem, o sistema de pagamento digital, uma ferramenta online para a listagem de produtos e taxas e um sistema de monitorização para lidar com as barreiras não comerciais. Ainda há questões relacionadas com a legislação alfandegária e as regras de origem a serem clarificadas. Estas têm que ficar concluídas nos próximos 12 meses, uma vez que os países da União Africana definiram o dia 1 de julho de 2020 como data de início para a implementação da zona de comércio livre. Segundo o estudo da UNCTAD, as regras de origem – os critérios que definem as condições que as empresas devem obedecer de forma que os produtos sejam elegíveis a tratamento preferencial dentro da área de comércio livre – são essenciais para o sucesso do AfCFTA e devem serem simples, transparentes e benéficas para as empresas. O relatório da UNCTAD de 2019 acerca desenvolvimento económico de África aponta que o acordo deverá potenciar as trocas comerciais intra-africanas em 33%, atraindo investimentos intra-africanos e criando condições para potenciar a industrialização de África.
5. Têxteis inteligentes potenciam força dos wearables
Uma equipa de investigadores da Universidade Nacional de Singapura incorporou têxteis condutores em vestuário convencional com o objetivo de aumentar a potência do sinal entre dispositivos eletrónicos e possibilitar novas aplicações. A designada rede de sensores sem fios permite transmitir dados com um sinal mil vezes mais forte do que o das tecnologias convencionais, o que significa que a bateria faz com que estes wearables tenham aplicações futuras como a monitorização da saúde e intervenções médicas. Segundo a Universidade Nacional de Singapura, atualmente, quase todos os sensores, como os smartwatches que se conectam a smartphones e outros wearables, conectam-se através de bluetooth ou wi-fi. Estas ondas irradiam em todas as direções, o que significa que a maior parte da energia se perde na área circundante. Este método de conectividade reduz a eficiência do wearable, já que grande parte da bateria é consumida na tentativa de se estabelecer uma conexão. O docente responsável pela investigação, John Ho, colocou os sinais entre os sensores mais próximos dos wearables para melhorar a eficiência. Isto significa que a energia enviada para os dispositivos não é enviada para diferentes direções. Além disso, consome-se menos bateria e os dispositivos conseguem detetar sinais mais fracos. «Esta inovação permite uma transmissão perfeita de dados entre dispositivos, em níveis de energia mil vezes menores. Por outro lado, estes têxteis condutivos podem potenciar o sinal recebido em mil vezes. Na verdade, o sinal entre dispositivos é tão forte que é possível transmitir energia, sem fios, de um smartphone para o dispositivo – abrindo portas aos wearables sem bateria», garante. A equipa está em conversações com potenciais parceiros para comercializar a tecnologia e espera testar os têxteis inteligentes em atletas profissionais ou em pacientes de hospitais, de forma a monitorizar a performance desportiva e a saúde. Aplicações possíveis poderão passar pela medição dos sinais vitais de pacientes sem inibir a sua liberdade de movimento ou o ajuste do volume dos headphones sem fios dos atletas, apenas com o movimento da mão.
6. Borras de café recicladas dão origem a calçado
A Rens Original, startup de calçado sustentável, assegurou mais de 200 mil dólares (cerca de 178 mil euros) em financiamento, através da plataforma Kickstarter, para produzir as suas sapatilhas 100% à prova de água, que são fabricadas a partir de borras de café. A Rens Original atingiu o seu objetivo global de financiamento em apenas 24 horas e ultrapassou a sua meta de 15,143 dólares na Kickstarter. A campanha termina a 15 de agosto. Para se produzirem as sapatilhas a partir de borras de café recicladas e de plástico reciclado, «começa-se por infundir as borras de café em granulados de plástico e transformar essa mistura num fio de poliéster», explica a empresa no seu website. «A partir do fio, cria-se uma membrana à prova de água, garantindo que os pés permanecem secos sob quaisquer condições. Como o café tem qualidades antibacterianas, previnem-se os maus cheiros. Adicionalmente, o nosso design minimalista permite que o processo produtivo use menos recursos e gere menos desperdícios», acrescenta a empresa. Além disso, o café, revela a Rens Original, cria pequenos espaços que prendem o odor e possibiliam à camada exterior do calçado secar 200% mais rápido do que o poliéster tradicional. Além disso, o café tem propriedades que bloqueiam os raios UV, o que significa que as cores permanecem brilhantes durante mais tempo. Segundo o website da Rens Originals, 30 quilos de borras de café usadas são reciclados por cada 100 pares de sapatilhas produzidas.