Breves

  1. UE assina acordos históricos
  2. Hortelã combate odores nos artigos em algodão
  3. C&A Foundation investiga impacto da moda circular
  4. Tensões comerciais afetam países menos desenvolvidos
  5. Online é tão importante quanto offline
  6. A urgência de mudar o estilo de vida

1. UE assina acordos históricos

A União Europeia (UE) assinou, recentemente, dois acordos comerciais históricos. A UE e o Mercosur chegaram a um acordo comercial, que deverá «beneficiar as empresas europeias num mercado com grande potencial económico», refere a Comissão Europeia. O acordo entre a UE e o bloco de países sul-americanos, que inclui Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, irá remover as taxas das exportações para os países – abrindo portas para a indústria têxtil. «O acordo ajudará a impulsionar as exportações de produtos da UE que, até ao momento, têm enfrentado taxas altas e, por vezes, proibitivas», acrescentou a Comissão Europeia. Para o vestuário e calçado, o acordo UE-Mercosur irá remover taxas de 35%. Poucos dias depois, a Comissão Europeia e o Vietname assinaram um acordo de livre comércio, que foi classificado, num comunicado conjunto, «o mais ambicioso acordo de comércio livre entre a UE e uma economia emergente até à data». O acordo pretende fortalecer não só as relações da UE com o Vietname, mas com toda a região ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), que inclui países como a Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei, Vietname, Laos, Myanmar e Camboja. O acordo entre a UE e o Vietname está agora a ser revisto, num processo que a Comissão Europeia espera concluir nos próximos meses, para que as empresas e consumidores dos dois lados «possam colher os benefícios o mais cedo possível».

2. Hortelã combate odores nos artigos em algodão

A especialista em têxteis antimicrobianos Sanitized está a usar hortelã natural como matéria-prima para o seu mais recente desenvolvimento para o controlo de odores, com o objetivo tratar têxteis em algodão de forma sustentável e em linha com a crescente procura dos consumidores. O novo aditivo Sanitized Mintactiv tem como base óleo de hortelã, especialmente criado para ser usado na indústria têxtil. Segundo a empresa, o aditivo é isento de metais pesados, renovável, 100% natural e tem como alvo produtos como roupa íntima em algodão, t-shirts ou outerwear. «Este novo desenvolvimento vai ao encontro das exigências dos produtores mais conscientes e das suas marcas, tendo em conta os seus objetivos sustentáveis», refere a empresa.

3. C&A Foundation investiga impacto da moda circular

A fundação da retalhista C&A está à procura de iniciativas e programas de investigação para estudar o impacto social e financeiro dos modelos de negócio circulares da indústria da moda em mulheres e grupos vulneráveis. A C&A Foundation quer saber se é possível garantir que trabalhadores, consumidores e sociedade em geral podem beneficiar da transição da indústria da moda para um modelo de negócios justo e inclusivo. Adotar os fundamentos dos modelos de negócio circulares pode, potencialmente, reduzir a utilização de matérias-primas e gerar um benefício económico para União Europeia de 1,8 biliões de euros até 2030, refere a C&A Foundation. Na indústria da moda, diferentes modelos de negócio circulares, como o aluguer de peças ou a venda de artigos usados, já estão a ser implementados na indústria da moda. Porém, a C&A aponta que ainda não é claro de que modo a transição para modelos de negócios circulares poderá afetar os trabalhadores da indústria do vestuário e as suas comunidades, especialmente as mais vulneráveis. O seu pedido de investigação surge sob o programa Circular Fashion e pretende dar provas de como modelos de negócio circulares operam em grande escala e como a transição poderá ajudar a melhorar as condições de vida dos trabalhadores na indústria da moda. «Já vimos casos de como os modelos de negócio perpetuam a desigualdade e más condições de trabalho de muitos trabalhadores para o ganho económico de alguns. É uma oportunidade para desenhar e operar um novo sistema económico que vá de encontro a esta cultura de poder irregular», explica Douwe Jan Joustra, responsável pela área de transformação circular da C&A Foundation. As investigações, que a C&A Foundation poderá financiar até 500 mil euros, devem ser aplicadas a pelo menos um dos países em foco da fundação, que incluem o Bangladesh, Brasil, Camboja, China, India, Indonésia, México e Sri Lanka. O prazo de entrega das propostas iniciais é até 30 de julho.

4. Tensões comerciais afetam países menos desenvolvidos

Um novo relatório da Aid for Trade – um programa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que apoia países em desenvolvimento – mostra que houve uma melhoria da capacidade de comercialização dos países menos desenvolvidos, mas aponta que o progresso permanece desigual do ponto de vista geográfico. O relatório Aid for Trade at a Glance 2019: Economic Diversification and Empowerment refere que, dos 88 países em desenvolvimento analisados, 47, maioritariamente africanos, registaram progressos na diversificação das suas atividades comerciais desde que a iniciativa Aid for Trade foi lançada, em 2006. O maior desenvolvimento registou-se no sector da agricultura, seguido dos serviços e da indústria. No sector do vestuário, os países mais pobres, como a Etiópia e o Haiti, conseguiram desenvolver as suas infraestruturas e outras ferramentas para melhorar as trocas comerciais. Porém, os países que têm maiores dificuldades em exportar, de modo a diversificar as suas economias, são os menos desenvolvidos, os localizados em pequenas ilhas, dependentes de recursos ou devastados por conflitos. «A Aid for Trade está a ter um impacto real onde é mais necessário», afirma Ángel Gurria, secretário-geral da OCDE. «Posso isso, o caminho rumo à diversificação económica é afetado pelo reduzido crescimento comercial e a diminuição do investimento direto internacional. O aumento das tensões comerciais e do protecionismo estão a afetar as perspetivas de crescimento e qualquer mudança na regulamentação das trocas comerciais atinge os países mais vulneráveis e as suas pessoas», acrescenta.

5. Online é tão importante quanto offline

Uma presença forte em centros comerciais costumava ser garantia para dominar o sector do retalho, mas essa força pode já não ser suficiente. Segundo um estudo da Bain & Company, estar presente no mundo digital é essencial para «permanecer competitivo, à medida que a indústria se digitaliza». O relatório refere que a inovação e o conhecimento em análise de dados são tão importantes como ter uma grande rede de lojas físicas. Olhando para o mercado norte-americano, a Bain & Company acrescenta que «muitos retalhistas ainda têm muito trabalho pela frente para garantirem o seu futuro» e que as empresas que representam cerca 30% do total de lucros do sector estão «atualmente em risco de aquisição ou falência, a não ser que resolvam lacunas específicas para dar resposta às novas exigências dos consumidores». Marc-Andre Kanel, diretor para o retalho mundial na Bain & Company, acredita que ainda há tempo para agir. «As ameaças à indústria são muitas, porém, acreditamos que alguns retalhistas ainda têm tempo de desenvolver uma abordagem vantajosa para eles. Também os que estão numa posição mais forte, terão que agir ainda mais rapidamente para manter a sua vantagem competitiva», aponta.

6. A urgência de mudar o estilo de vida

O estilo de vida dos cidadãos que vivem em grandes cidades deve mudar, com urgência, na próxima década, de modo a que o aquecimento global se mantenha nos 1,5 graus Celsius, avisa o Grupo da Liderança Climática das Grandes Cidades, o C40. «Toda a gente e tudo terá de mudar, mas o primeiro passo é perceber o que é preciso fazer», aponta Mark Watts, diretor executivo da C40. O estudo da organização, realizado pela Arup e pela Universidade de Leeds, mede a pegada ecológica das áreas urbanas de uma forma inovadora, analisando o que as empresas e os cidadãos usam, comem, vestem e como esses produtos são produzidos e transportados. Até ao momento, as análises tinham como foco as emissões de carbono de edifícios e dos transportes, bem como o lixo produzido localmente. Porém, 85% das emissões associadas aos produtos e serviços dos consumidores em cidades do C40 são produzidos noutros locais do mundo e devem ser também analisados, apontou o C40. As cidades precisam de, pelo menos, reduzir para metade as suas emissões, até 2030, alterando a sua alimentação, vestuário, dispositivos eletrónicos, transportes e métodos de construção. O consumo anual de carne deveria passar para 16 quilos por pessoa, em relação à média atual de 58 quilos. A fast fashion deveria ser totalmente abandonada, com os modelos de negócio a focarem-se na reciclagem e aluguer de peças, para que pessoas apenas de precisem de comprar três artigos novos por ano, avisa o C40.