Breves

  1. Guerra comercial afeta moda italiana
  2. Walmart, Target e Bed Bath & Beyond em maus lençóis
  3. Retalho ataca devoluções em série
  4. Louis Vuitton aposta em lojas pop-up
  5. Seda orgânica chinesa à conquista dos EUA
  6. Calçado americano faz apelo a Trump

1. Guerra comercial afeta moda italiana

As receitas da indústria da moda cresceram cerca de 0,2% no primeiro trimestre de 2019, prejudicadas pelas tensões comerciais entre os EUA e a China, segundo a Camera Nazionale della Moda Italiana (CNMI). As receitas anuais da indústria da moda italiana representam aproximadamente 4% da produção interna bruta e, na última década, têm crescido, em média, 3% ao ano, de acordo com Carlo Capasa, presidente da CNMI. «Esperamos conseguir recuperar na segunda metade do ano», afirmou, na conferência de imprensa de apresentação da semana da moda masculina de Milão, que irá decorrer entre 14 e 17 de junho. O volume de negócios da indústria da moda italiana cresceu 2,8%, para 66,6 mil milhões de euros, em 2018, segundo estimativas da CNMI. Incluindo têxteis, artigos em couro e calçado, as vendas atingiram os 89,3 mil milhões de euros, o que representa uma subida anual de 2,3%. As exportações representaram aproximadamente 75% das vendas. Carlo Capasa apelou ainda ao governo italiano que não aumente os impostos sobre as vendas dos artigos de moda. As especulações de que Roma poderá aumentar o IVA em alguns produtos, incluindo artigos de luxo, tem aumentado, numa altura em que há preocupações relativas às finanças públicas de Itália.

2. Walmart, Target e Bed Bath & Beyond em maus lençóis

Um juiz federal dos EUA afirma que a Walmart Inc, a Target Corp e a Bed Bath & Beyond Inc devem enfrentar uma ação judicial, depois de terem vendido peças que estavam falsamente etiquetadas como “100% algodão egípcio” ou “100% fibras longas de algodão do Egito». A declaração do juiz distrital Vincent Briccetti, de Nova Iorque, surge no seguimento de denúncias de que consumidores de todo mundo pagaram um valor mais alto por algodão mal etiquetado, que foi produzido por uma empresa têxtil indiana, a Welspun India Ltd. Normalmente, o algodão egípcio tem um preço premium devido ao seu prestígio e às suas fibras longas, que fazem fios mais fortes e mais suaves. O juiz Vincent Briccetti considera que os consumidores podem apresentar queixas contra os retalhistas e a unidade dos EUA da Welspun, justificadas pela violação da garantia e por negligência. Além disso, podem alegar fraude contra a Welspun. O juiz distrital descartou as queixas por fraude contra os retalhistas porque «não há provas suficientes que indiquem uma intenção fraudulenta». Os consumidores de Nova Iorque e da Califórnia podem processar os retalhistas sob as leis de proteção dos consumidores dos respetivos estados. Os advogados da Welspun e da Bed Bath & Beyond recusaram prestar de declarações, enquanto os advogados do Walmart e da Target não responderam aos pedidos de comentários atempadamente, à semelhança do advogado que representa os consumidores.

3. Retalho ataca devoluções em série

Os retalhistas estão a tomar medidas para modificar as suas políticas de devoluções, com o objetivo de diminuir o número de devoluções em série, segundo um novo relatório da Barclaycard. Mais de um quarto dos retalhistas registaram um aumento no volume de devoluções nos últimos dois anos e um em cada 5 já tomou medidas para restringir as suas políticas de devolução – com um terço a garantir que os consumidores utilizam as peças antes de as devolverem. 19% dos retalhistas pretendem restringir as suas normas de devolução nos próximos 12 meses, segundo o estudo. Quanto aos retalhistas que já procederem a alterações, quatro em cada 10 afirmam que o fizeram devido ao facto de muitos consumidores encomendarem vários artigos, sabendo que vão devolver a maioria, enquanto três em cada 10 garantem que os clientes usam os artigos antes de os devolverem. As alterações estão a começar a surtir efeito, com 14% dos clientes a terem sido penalizados por ignorarem as letras pequenas. As penalizações incluíram emails de aviso ou desativação de contas e foram aplicadas a clientes que devolveram demasiados artigos ou produtos usados, sem o embalamento correto ou que não tenham obedecido aos prazos definidos. Segundo o relatório, as políticas de devolução flexíveis tornaram-se a norma, com metade dos consumidores a admitirem que se trata de um fator que influencia onde escolhem comprar – 18% admitem mesmo que só optam por retalhistas que oferecem devoluções grátis.

4. Louis Vuitton aposta em lojas pop-up

A casa de moda francesa, do grupo LVMH, está a usar lojas pop-up para chegar a novos consumidores. O grupo pretende abrir cerca de 100 lojas pop-up em 2019, depois de ter inaugurado 80 no ano passado, segundo o diretor financeiro do LVMH, Jean-Jacques Guiony. «As lojas pop-up são importantes porque representam um novo canal para mostrar os lançamentos da marca, de um modo diferente e em diferentes localizações. Além disso, confere flexibilidade à nossa rede de lojas fixas», explica. A Louis Vuitton teve, por exemplo, até ao dia 5 de maio, uma loja pop-up nos grandes armazéns parisienses Printemps, na qual estiveram em destaque os acessórios da casa de moda francesa. O grupo não revela os resultados financeiros da Louis Vuitton, que estão incluídos na divisão de moda e artigos em couro. Contudo, os resultados estão normalmente em linha com este segmento no seu todo, que também inclui a Dior Couture, a Celine e a Fendi. Esta divisão do grupo registou um crescimento de 15% no primeiro trimestre, ou seja, a mesma taxa de crescimento do ano passado, que, no entanto, ficou acima da previsão dos analistas, que apontavam para um aumento de 11%.

5. Seda orgânica chinesa à conquista dos EUA

O Profits Fund Global Holding Ltd. (PFGHL) irá introduziu a seda de alta gama da Bombyx no mercado norte-americano. A seda será vendida a partir de agosto nos EUA, seja em produtos 100% seda ou em misturas de seda com algodão, linho ou liocel. Disponível em tecido ou em malha, a seda chegará tanto a designers como a produtores de vestuário. Fundada em 2017, a Bombyx investiu numa instalação de sericultura em Yilong County, na China, na qual, garante a empresa, os bichos-da-seda são criados num espaço que respeita normas ambientais. A instalação em Yilong County resultou na criação de mais de 600 postos de trabalho para agricultores locais, de acordo com a Bombyx. Nos próximos três anos, a empresa planeia criar três novos espaços de produção, de modo a garantir um controlo direto de todo o processo produtivo. «A Bombyx está empenhada em melhorar as comunidades que albergam os nossos espaços, contratando cidadãos locais e contribuindo para a diminuição da pobreza, particularmente em zonas rurais, através da criação de emprego e de salários justos», afirma Hilmond Hui, presidente da Bombyx. A empresa garante que todos os passos do processo produtivo incorporam práticas sustentáveis, como esforços de preservação de água, uso eficiente de energias não renováveis e a aposta em energias renováveis.

6. Calçado americano faz apelo a Trump

As empresas de calçado norte-americanas, incluindo nomes como a Nike ou a Under Armour, apelaram ao presidente dos EUA, Donald Trump, que não incluísse o calçado da lista de sectores que serão sujeitos a mais tarifas sobre os bens importados da China. Recorde-se que o presidente norte-americano anunciou o aumento de 10% para 25% das taxas alfandegárias sobre produtos chineses na ordem dos 200 mil milhões de dólares (cerca de 180 mil milhões de euros), uma decisão que deverá aumentar os preços de milhares de produtos, incluindo vestuário, mobiliário e dispositivos eletrónicos. «A taxa adicional proposta será catastrófica para os nossos consumidores, as nossas empresas e a economia norte-americana no geral», pode ler-se numa carta assinada por 173 empresas. Donald Trump deverá ainda impor mais taxas de 25%, desta vez sobre o equivalente a 300 mil milhões de dólares em produtos chineses importados pelos EUA, quando se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping, no próximo mês. «Numa indústria que paga 3 mil milhões de impostos por ano, podemos garantir que qualquer aumento no custo de calçado importado terá um impacto direto no consumidor de calçado dos EUA», escrevem as empresas. A carta foi endereçada ao secretário do tesouro dos EUA, Steve Mnuchin¸ ao secretário do comércio, Wilbur Ross, ao representante do comércio, Robert Lighthizer, e ao diretor do Conselho Económico Nacional, Larry Kudlow. A Footwear Distributors and Retailers of America estima que a subida na taxa irá representar custos adicionais de 7 mil milhões de dólares, por ano, para os consumidores. As empresas apontam que, no calçado, as taxas são, em média, de 11,3% e chegam a atingir valores como 67,5%. Acrescentar um aumento de 25% nestas tarifas significa que os norte-americanos podem pagar quase 100% de impostos sob o calçado, de acordo com as empresas.