- Algodão BCI ultrapassa milhão de toneladas
- Amazon é a maior retalhista de vestuário nos EUA
- ITV da Índia aumenta exportações
- Gorillaz desenham para a Levi’s
- Fibra biossintética: solução para o microplástico?
- Cortiça com pés para andar
1. Algodão BCI ultrapassa milhão de toneladas
Em 2018, a Better Cotton Initiative (BCI) atingiu um nível histórico de captação, com 93 retalhistas e marcas a aprovisionarem mais de um milhão de toneladas de algodão com esta certificação, um feito que a organização sem fins lucrativos afirma ser «um sinal claro» para o mercado. A BCI é, segundo o just-style.com, o maior programa de algodão sustentável do mundo, com mais de 1.400 membros e 60 parceiros locais, para chegar e formar 1,6 milhões de agricultores de algodão em 23 países. Os números de 2018 dão conta de um aumento de 45% na captação de novos membros face ao ano anterior, com o algodão BCI a representar 4% do consumo mundial da fibra. «Ao integrarem a Better Cotton nas suas estratégias de sourcing e cada vez mais nos compromissos de sourcing anual, os retalhistas e marcas que fazem parte da BCI estão a impulsionar a procura pela produção de algodão mais sustentável em todo o mundo», indica a organização. Para continuar a acelerar a procura por algodão BCI e atingir os objetivos traçados para 2020 – chegar e formar a 5 milhões de agricultores de algodão e ter o algodão BCI a representar 30% da produção mundial –, a BCI afirma que precisa que a próxima onda de líderes de sustentabilidade adira e ponha fim à diferença entre a procura e a oferta. Na época 2017/2018, a Better Cotton deverá representar 19% da produção mundial de algodão. «Para além de um aumento do investimento em formação de agricultores e incremento das capacidades, o crescimento da Better Cotton dá um sinal claro ao mercado e tem impacto ao longo da cadeia de aprovisionamento», acrescenta a BCI. Embora haja um aumento da procura por algodão mais sustentável, há ainda muito trabalho pela frente, sublinha a BCI. «A Better Cotton tornou-se parte integrante do comércio de algodão», afirma Marco Baenninger, diretor comercial na Paul Reinhart AG, que opera como uma empresa comercia de algodão orgânico em rama em todo o mundo. «É muito satisfatório ver que a captação de retalhistas cresceu tanto nos últimos anos. Contudo, há ainda muito a fazer. Algumas organizações ainda estão céticas, mas no longo prazo arriscam-se a perder quota de mercado se não estiverem atentas a mais opções sustentáveis. Isso diz muito sobre o sucesso da BCI e de outras iniciativas e certificações na promoção de algodão produzido de forma sustentável», conclui.
2. Amazon é a maior retalhista de vestuário nos EUA
A gigante do comércio eletrónico ultrapassou o Walmart como principal fornecedora de vestuário aos consumidores americanos. De acordo com um estudo da Coresight Research, que tem em conta o número de consumidores, a Amazon Fashion é a maior retalhista de vestuário nos EUA, subindo do segundo lugar que ocupava em 2018. As taxas de aquisição de vestuário dão sinais de estarem a aumentar entre os consumidores do serviço Prime, com três-quartos a adquirirem roupa na Amazon no último ano. Enquanto grupo, as coleções de marcas próprias da Amazon estão no quarto lugar de vestuário ou calçado mais comprado, com um em cada seis consumidores de vestuário na Amazon a afirmarem terem comprado peças de uma dessas marcas nos últimos 12 meses. «A Amazon estabeleceu a sua posição de liderança com a penetração no coração do mercado de gama média», indica a Coresight. «Refletindo isso, o Walmart é agora o principal retalhista que foi trocado, em parte ou totalmente, pelos consumidores da Amazon Fashion, seguido de perto pela Target», destaca. Os consumidores da Amazon Fashion estão sobretudo satisfeitos com a experiência online do site, citando a facilidade de pesquisa e de navegação como a principal razão para fazerem compras na Amazon. 13% dos consumidores, contudo, consideram que o site poderia ser mais fácil de navegar. Os consumidores de vestuário da Amazon, no entanto, estão apenas moderadamente preocupados com a sustentabilidade. No geral, os consumidores procuram comprar marcas com bons registos ambientais, mas têm menos probabilidade de pagar mais por práticas sustentáveis, explica a Coresight Research. A Amazon sempre demonstrou vontade de dominar o retalho de vestuário e nos últimos anos criou várias linhas de marcas próprias, tendo ainda conseguido juntar marcas como a Nike, a Under Armour, a Hanes e a Gildan Activewear no seu marketplace. A gigante da Internet lançou a sua primeira marca de athleisure, a Aurique, em setembro do ano passado, que veio juntar-se a um portefólio que inclui a Truth & Fable, de vestuário de cerimónia de senhora, a Find, uma marca inspirada no streetwear para homem e senhora, a Iris & Lilly, dedicada a lingerie contemporânea, e a Meraki, uma marca de básicos de elevada qualidade para homem e senhora.
3. ITV da Índia aumenta exportações
As exportações de têxteis e vestuário da Índia cresceram 2%, para 27,2 mil milhões de dólares (24,2 mil milhões de euros), nos primeiros nove meses do ano fiscal de 2019. O Wazir Textile Index da consultora Wazir Advisors, que cita dados do Directorate General of Commercial Intelligence and Statistics (DGCIS), indica que as exportações de vestuário, contudo, caíram 8%, para 11,4 mil milhões de dólares, resultado de um declínio significativo nas exportações para os Emirados Árabes Unidos. As categorias de fibras, fios e filamentos, pelo contrário, registaram um crescimento de dois dígitos de 25%, 17% e 12%, respetivamente. A União Europeia, os EUA e os Emirados Árabes Unidos continuam a ser os principais mercados de exportação da indústria têxtil e vestuário da Índia, com uma quota conjunta de 54%. Em sentido inverso, as importações de têxteis e vestuário aumentaram 5% no período, para 5,6 mil milhões de dólares. As importações de vestuário cresceram 52%, para 831 milhões de dólares, impulsionadas por importações de países como o Bangladesh e o Sri Lanka, que subiram mais de 100%. A China continua a ser o maior parceiro de importação para a Índia, com uma quota de 38%. Contudo, as importações da China caíram 2% em termos anuais. As importações de todas as categorias, exceto fibras e têxteis-lar, aumentaram nos primeiros nove meses do ano fiscal de 2019 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
4. Gorillaz desenham para a Levi’s
A gigante do denim e a banda britânica iniciaram uma colaboração através de desenhos do icónico artista e coautor dos Gorillaz, Jamie Hewlett. Graças a esta colaboração e através de uma seleção, combinação e personalização de imagens criadas por Jamie Hewlett para esta parceria, todos os fãs dos Gorillaz poderão criar peças únicas e exclusivas da banda. «Somos cuidadosos com a história e o legado dos Gorillaz. Foi por isso que criámos esta colaboração com a Levi’s e não com outra marca. Tal como nós, é uma das poucas marcas de denim do mundo que se pode “gabar” do passado e relevância cultural», afirma Russel Hobbs, baterista dos Gorillaz. Já Jonathan Cheung, vice-presidente sénior de design na Levi’s, explica que «a Levi’s esteve desde sempre ligada no centro da cultura musical. E quando falamos de colaborações, é-nos importante ser também fãs dos nossos parceiros. Torna tudo mais autêntico! Somos fãs dos Gorillaz e eles são nossos fãs, o que faz desta colaboração o casamento perfeito». As imagens foram criadas com base nas quatro personagens dos Gorillaz, sendo que algumas delas fazem parte do arquivo da banda e, graças à tecnologia Levi’s Print Bar, é possível mudar os seus padrões, detalhes, cores e dimensões. Em minutos, é possível imprimi-las em Hoodies Levi’s e Ringer Tees Levi’s de homem e mulher e também em Levi’s Tote Bags, tipos de peças que chegam também ao Levi’s Print Bar com o lançamento desta colaboração. Em Portugal, a coleção estará disponível no Levi’s Print Bar Porto, localizado na Levi’s Store do Norteshopping, em Matosinhos, durante dois meses.
5. Fibra biossintética: solução para o microplástico?
A Universidade da Pensilvânia, nos EUA, defende que as fibras biossintéticas podem ser uma solução para a eliminação do problema dos microplásticos, muito ligado à indústria do vestuário. Melik Demirel, investigador da academia norte-americana, recorda que o poliéster, e outras fibras sintéticas como a poliamida, contribuem para a quantidade de microplásticos presentes no meio-ambiente. «Estes materiais, durante a sua produção e após o seu uso, desafazem-se e libertam fibras que estão presentes em todo o lado e em toda a gente», avisa. Ao contrário de fibras naturais como a lã, o algodão e a seda, as fibras sintéticas, que têm como base o petróleo, não são, na sua maioria, biodegradáveis. Enquanto as fibras naturais são recicláveis e biodegradáveis, as misturas entre fibras naturais e sintéticas implicam um grande custo para a sua reciclagem. Um estudo liderado por investigadores da Universidade de Barcelona revela que o algodão e a viscose são as principais fibras têxteis presentes na flora marítima no sul da Europa. Os investigadores analisaram a quantidade destas fibras, que advêm principalmente de máquinas de lavar industriais e domésticas. Para resolver o problema, sugerem a lavagem de vestuário a temperaturas mais baixas e a aposta nas fibras naturais em detrimento das sintéticas, bem como um maior investimento em bactérias devoradoras de plástico. Contudo, Melik Demirel avisa que estas opções não resolvem o problema de toneladas de fibras sintéticas utilizadas na produção de vestuário em todo o mundo. Por sua vez, as fibras biossintéticas são recicláveis e biodegradáveis e podem substituir as fibras sintéticas. Podem também ser misturadas com fibras naturais, de modo a terem a durabilidade das fibras sintéticas, podendo ser recicladas. Derivadas de proteínas naturais, as fibras biossintéticas também podem ser manipuladas para adquirirem algumas características desejadas. O investigador desenvolveu uma fibra biossintética composta por proteínas encontradas em dentes de lulas.
6. Cortiça com pés para andar
A Sole, produtora canadiana de calçado, anunciou uma colaboração com a marca de vestuário United By Blue, que passará pela produção de calçado apenas com materiais sustentáveis. O modelo SOLE x UBB Jasper Wool Eco Chukka conta com a palmilha Recork, da Sole, feita de cortiça reciclada e o isolamento Bisonshield, da United by Blue. A dupla garante que ambas as componentes são naturais, sustentáveis e conferem uma melhor performance do que as alternativas sintéticas no mercado. A palmilha Recork é feita a partir de rolhas de cortiça recicladas, que, através da fórmula da Sole, proporcionam maior flexibilidade, amortecimento e durabilidade do que os modelos convencionais usados na indústria. Por sua vez, o isolamento Bisonsield, da United by Blue, utiliza pelo de bisonte (que, de outro modo, teria como destino aterros sanitários) para criar um isolamento que regula a temperatura. A fibra é leve, flexível e retém o calor mesmo quando molhada. «As pessoas podem sentir-se bem em comprar este modelo e vão adorar usá-lo. Isto é apenas o início para nós. Estamos muito orgulhosos do que produzimos, mas acreditamos que podemos sempre melhorar e vamos continuar a trabalhar com o objetivo de criar um futuro mais sustentável para a indústria do calçado», afirma o CEO da Sole, Mike Baker. Já Brian Linton, fundador e CEO da United By Blue, acrescenta que «trabalhar com a Sole para incorporar o isolamento Bisonshield numa coleção de calçado pela primeira vez reflete a crença de que a sustentabilidade não é um status quo. Também mostra que, ao trabalhar em parceria com líderes na indústria podemos desafiar os limites mais rapidamente».