Breves

  1. O cruzamento entre a moda e os automóveis de luxo
  2. Charles Vögele muda de mãos
  3. Digital perde sentido para a LVMH
  4. Marcas brancas ganham preferência
  5. Telemóvel mais importante nas compras
  6. Robôs tiram emprego na Europa

1. O cruzamento entre a moda e os automóveis de luxo

Cada vez mais marcas de moda de gama alta estão a valorizar ligações ao mercado de luxo dos automóveis. Por outro lado, também as marcas ligadas ao automobilismo reconhecem a valia das colaborações com o mundo da moda. Prova disso são parcerias como a da Tommy Hilfiger com a Mercedes e a coleção para homem e mulher criada pela Belfast com a McLaren. No entanto, a mais recente colaboração é da Hugo Boss com a Porsche. A iniciar-se no próximo ano, a ligação entre as duas marcas alemãs irá centrar-se no seu envolvimento na Formula E racing, uma categoria de automobilismo organizada pela FIA com carros 100% movidos a energia elétrica. A Hugo Boss conta já com um longo histórico de patrocínios a desportos motorizados e é um parceiro oficial da modalidade, tendo estado envolvida nas competições desde o final de 2017. No início do próximo campeonato, a Porsche vai juntar-se ao circuito de Formula E com a sua própria equipa, vestida pela Hugo Boss. O grupo será também o fornecedor oficial de todas as equipas de desportos motorizados da Porsche a nível mundial. A associação entre as marcas também levou à criação de uma coleção cápsula Porsche x Boss, cujos destaques incluem pele premium e lã, envolvendo as cores de ambas: preto, vermelho e prateado. Os produtos vão estar disponíveis a partir de março. «A Formula E tem um campeonato excecionalmente atrativo», elogia Oliver Blume, CEO da Porsche AG. «Oferece um ambiente perfeito para evoluir estrategicamente os nossos veículos em termos de eficiência e de sustentabilidade. Estamos entusiasmados por estar a bordo da época 2019/2020. Neste contexto, a Hugo Boss é a parceira perfeita para vestir a nossa equipa», considera. Mas a Hugo Boss não é a única casa de moda a aliar-se a uma marca automóvel de luxo e a obter mais do que uma simples parceria desportiva. A colaboração Hugo Boss-Porsche acontece depois de se saber que a Belstaff e a McLaren uniram forças para lançar uma coleção de moda. Mike Flewitt, CEO da McLaren Automotive reconhece que «a linguagem do design da McLaren é igualmente relevante quando aplicado no desenvolvimento de produtos noutras indústrias e estivemos à procura dos parceiros certos para interpretar os pensamentos do designer Rob Melville e da sua equipa, para dar vida a esta filosofia. Tanto a Belstaff como a McLaren Automotive partilham os mesmos valores e a sinergia entre as marcas resultou numa coleção que tem uma imagem e uma aparência similar ao que poderíamos esperar da McLaren».

2. Charles Vögele muda de mãos

A Bebe Stores e o Great American Group formaram uma joint venture, batizada GAEBB Group, para comprar a retalhista europeia Charles Vögele, por um valor que não foi revelado. O acordo inclui todas as ações e ativos, incluindo o stock e a mercadoria existente, assim como o património imobiliário, os direitos de propriedade intelectual e outros ativos. O negócio e o plano de reestruturação da Charles Vögele foram aprovados pelos administradores da insolvência na Áustria. Apesar de os planos para a retalhista ainda não terem sido totalmente concretizados, a GA Europe, que faz parte do Great American Group, está a executar um programa de encerramento de lojas, que irá permitir à retalhista focar-se nas suas restantes operações lucrativas. O acordo acaba também por ampliar a presença do Great American Group na Europa. «A Charles Vögele é uma das maiores e bem reputadas retalhistas de moda na Europa e é altamente prestigiada pelos seus fiéis clientes», afirma Tino Bauer, diretor-geral da GA Europe. «Acreditamos que estamos bem posicionados para repor a marca e dar-lhe uma nova vida, através da nossa profunda experiência de consultoria no retalho e perícia em gestão de operações. Depois de concluirmos o plano de reestruturação, acreditamos que o negócio poderá ter continuidade numa base lucrativa», explica. Manny Mashouf, CEO da Bebe Stores, reconhece que se trata de «uma oportunidade de criar uma parceria com a GA Europe» e admite que «a Charles Vögele tem uma forte reputação entre os consumidores e acredito que a combinação das nossas experiências permite-nos enfrentar esta oportunidade única de investimento e materializar o valor desta marca».

3. Digital perde sentido para a LVMH

Ian Rogers, diretor de digital no LVMH, afirmou em entrevista à Wired UK que a palavra digital já não faz sentido na atualidade. «Penso que digital é uma palavra um pouco sem sentido. Não conheci ainda ninguém que consiga explicar-me o que realmente significa. Scott Galloway, da L2, disse que “ter um diretor de digital é como ter um diretor de eletricidade”. Acho que isso é realmente preciso. O que se está a fazer é usar de alguma forma um termo técnico para mascarar o facto de que o comportamento do consumidor mudou. É preciso elevar a tecnologia dentro da organização», explicou. Rogers, que antes foi responsável pelo serviço de streaming de música da Apple e pela sua estação de rádio Beats1, sublinhou que ter no currículo conhecimentos digitais já não é um fator de diferenciação e que muitos cargos com “digital” na descrição já nem existem, incluindo dentro da LVMH. O título mais apropriado em 2018 para alguém com as suas funções, argumentou, é diretor de tecnologia. A indústria do luxo demorou muito tempo a entrar online, tendo-se mostrado relutante em passar os produtos feitos à mão e a experiência de marca à volta deles para imagens a duas dimensões que podem ser comprados num smartphone. Mas a corrida está agora ao rubro e tornou-se evidente que, embora os consumidores ainda queiram comprar a maior parte dos seus produtos de gama alta em loja, gostam de os descobrir e pesquisar – e, em alguns casos, comprar – online. A LVMH, que detém as marcas Louis Vuitton, Tag Heur e Hennessy, encontra-se entre os atores do luxo que estão a trabalhar para criar experiências para os consumidores que eliminam as fronteiras entre o on e o offline. O objetivo é conseguir o mesmo nível de serviço personalizado quer os consumidores estejam a comprar em loja ou não, permitindo, por exemplo, que os clientes que querem ver a oferta da loja de Nova Iorque da marca de relógios Hublot possam usar o Skype, o Facetime ou outra opção de vídeo para comprar remotamente com um assistente de vendas. Segundo Rogers, a empresa tem comunicações digitais e equipas de retalho eficientes e um grupo tecnológico que reporta ao CEO, «tal como acontece numa startup». O diretor de digital da LVMH aconselha, por isso, a que as empresas pensem em termos práticos e concretos sobre as necessidades tecnológicas e «deixem de usar palavras sem sentido como “digital”, “dados”, “redes sociais”. É preciso deixar esta chancela do “digital” porque é demasiado abrangente», conclui.

4. Marcas brancas ganham preferência

Já não é só nos períodos maus da economia que as marcas brancas ganham protagonismo, com os consumidores a procurar este tipo de produto não só para poupar dinheiro mas também por escolha. Um novo estudo da IRI Consumer Connect mostra que apesar do crescimento da economia americana de 3,5% em termos anuais no terceiro trimestre deste ano, 49% dos consumidores ainda «fazem sacrifícios» para dispor de dinheiro para todas as despesas e continuam a procurar marcas brancas. O estudo aponta que 80% dos americanos compram produtos de marca branca frequente ou ocasionalmente para pouparem dinheiro. Estes artigos são populares particularmente entre os consumidores mais jovens, que são mais atraídos pelos benefícios dos produtos do que pela marca. O estudo revela que 92% dos millennials que querem poupar dinheiro fazem-no comprando artigos de marca branca, em comparação com 86% da Geração X, 81% dos Baby Boomers e 77% dos séniores. «A probabilidade crescente dos consumidores mais jovens preferirem marcas brancas é positivo para o sector de “marca de retalho” da indústria», afirma Susan Viamari, vice-presidente na área da liderança da IRI. «É verdadeiramente uma prova do sucesso que os inovadores nas marcas brancas tiveram em trazer para o mercado soluções que respondem às necessidades e desejos dos consumidores», explica. Mas além da pressão financeira, é evidente que os consumidores escolhem marcas brancas porque gostam delas. Cerca de 69% dos inquiridos afirmam que a qualidade é tão boa quanto as marcas nacionais e 68% indicam até que as marcas brancas oferecem um valor superior às marcas nacionais. Os millennials, em particular, têm uma visão muito positiva das marcas brancas, com 76% a afirmar que a qualidade é boa e 73% a indicar que o valor é melhor.

5. Telemóvel mais importante nas compras

Um novo estudo da GfK revela que «um número crescente de consumidores americanos não pensa em começar uma compra sem ter um telemóvel na mão». O estudo FutureBuy, que inquiriu 35 mil consumidores em todo o mundo, embora centrado especialmente nos EUA, revela que 45% dos consumidores acreditam que os seus smartphones ou tablets estão rapidamente a tornar-se a ferramenta de compras mais importante. Esta taxa é 16% mais elevada do que o nível em 2017 (29%), o que representa um aumento de quase um terço em apenas um ano. Contudo, destaca a GfK, o principal uso dos telemóveis não é na compra em si mas na comparação de preços – citada por 36% dos consumidores que usam telemóvel. Outra função comum para os dispositivos móveis inclui a busca de informação (30%) e de críticas aos produtos (30%). Já o showrooming – ir a uma loja mas depois comprar online – estabilizou nos EUA, em 23% dos consumidores. Mas 48% dos consumidores afirmam que conseguem ver «um futuro em que as tradicionais lojas de retalho não são um grande fator» na forma como compram – um aumento de 11 pontos face a 2017 (37%). A mudança para o online está a ser impulsionada pelos preços mais baixos (razão apontada por 52% dos inquiridos), enquanto os que compram em lojas físicas assumem como motivo «ver o produto antes de comprar» (45%) ou «ter o produto mais rapidamente» (44%). O estudo indica ainda que a adoção de pagamentos móveis nos EUA – e até a nível mundial – continua baixo. Apenas 17% dos consumidores americanos usaram o telemóvel, tablet ou outro dispositivo móvel para pagar por um produto (incluindo pagamentos por PayPal e Venmo) nos últimos seis meses. Isto em comparação com 29% na região da Ásia Pacífico e a média mundial de 19%.

6. Robôs tiram emprego na Europa

Os robôs estão a caminho e vão tirar empregos na Europa, sobretudo nos países vulneráveis da Europa de Leste. Com a utilização de robôs industriais, o trabalhador médio da Eslováquia – o maior país produtor de automóveis per capita – enfrenta uma probabilidade de 62% de que o seu emprego seja automatizado «no futuro próximo», de acordo com o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento. Num estudo que compara 11 países emergentes com economias desenvolvidas, o banco de desenvolvimento, sediado em Londres, afirma que os trabalhadores na Lituânia estão apenas ligeiramente menos em risco e que as probabilidades são 50%/50% para os trabalhadores na Eslovénia, Polónia, República Checa e Estónia. Os robôs serão usados sobretudo nos sectores têxtil, da agricultura e da produção industrial. «As inovações tecnológicas estão a mudar rapidamente o equilíbrio entre as atividades desenvolvidas pelos humanos e as tarefas realizadas por máquinas», afirma o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento. «Na produção industrial, a percentagem de empregos em risco de automação pode ser particularmente elevada», refere. Pela positiva, os robôs deverão ajudar a colmatar a falta de mão de obra na Europa de Leste, uma região com uma população envelhecida onde as empresas se queixam de não conseguir encontrar trabalhadores especializados. O banco revela ainda que o aumento na utilização de robôs poderá estar por detrás do declínio nas taxas de emprego nos 11 países estudados. Atualmente, a Eslováquia e a Eslovénia usam cerca de 93 robôs por cada 10 mil trabalhadores na indústria, os rácios mais elevados na região do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, e comparáveis aos níveis registados no Brasil, China e África do Sul.