- Antiodor da Dow ganha certificação Bluesign
- Consumo de algodão em nível recorde
- Primark ultrapassa Amazon
- Fiação regressa a Hong Kong
- PET já imita penas
- Next acelera vendas
1. Antiodor da Dow ganha certificação Bluesign
A tecnologia Silvadur da Dow Microbial Control, que inibe a multiplicação e minimiza a presença de bactérias que causam maus odores, foi certificada pelo sistema Bluesign. A empresa, uma unidade de negócio da The Dow Chemical Company, afirma que a certificação é um sinal importante para as marcas e produtores da segurança da tecnologia. «Ser um parceiro Bluesign é um dos muitos passos que estamos a dar para assegurar aos produtores e marcas de têxteis e vestuário – assim como os seus consumidores interessados – que os produtos tratados com Silvadur não comprometem a saúde humana nem prejudicam o ambiente», sublinha Karel Williams, diretor do segmento de negócios têxteis da Dow Microbial Control. Gerido pela suíça Bluesign Technologies AG, o sistema Bluesign é um standar de segurança da indústria têxtil a nível mundial que assegura que químicos e outros materiais usados em todos os processos de produção de têxteis e vestuário são seguros para os consumidores, trabalhadores e para o ambiente.
2. Consumo de algodão em nível recorde
A procura por algodão continua em alta, com o consumo da fibra a dever atingir o valor mais alto de sempre em 2018/2019. A estimativa é do mais recente relatório do International Cotton Advisory Council (Icac), que indica que o consumo deverá subir 4%, para 27,5 milhões de toneladas, ao longo do ano. Embora as taxas aplicadas pela China sobre o algodão americano tenham ajudado a baixar o preço do algodão desde o valor mais alto da época de 101,7 cêntimos de dólar por libra, em meados de junho, para 92 cêntimos de dólar por libra no início de julho, a forte procura na Ásia, nomeadamente no Sudeste Asiático, contribuiu para a recuperação e o valor continua acima da média para a época, que se situa em 88 cêntimos de dólar. Habitualmente, os preços elevados impulsionam um aumento no cultivo de algodão, mas a capacidade dos agricultores de capitalizar a forte procura está limitada devido a condições ambientais menos favoráveis e à escassez de água, que deverão causar uma redução na área plantada para muitos dos produtores mundiais em 2018/2019. A área de cultivo de algodão durante o período deverá baixar na maioria dos principais países produtores, incluindo na Índia (-3%, para 11,9 milhões de hectares) e nos EUA (-5%, para 4,25 milhões de hectares), mantendo-se, no entanto, relativamente estável na China, onde deverá rondar os 3,3 milhões de hectares. Além disso, as relações comerciais difíceis entre a China e os EUA dão poucos sinais de melhoria e podem mesmo registar um agravamento no curto prazo, causando grandes mudanças nos padrões de comércio mundiais. A taxa de 25% da China pode levar os EUA, o maior exportador de algodão do planeta, a procurar novos mercados para a sua fibra, enquanto outros grandes exportadores, como o Brasil, deverão preencher o vazio deixado e aumentar os envios para o Império do Meio, que é o maior importador mundial de algodão. No geral, a produção mundial subiu 16%, para 26,87 milhões de toneladas em 2017/2018, com aumentos em todos os grandes produtores: Índia, China, EUA, Brasil, Paquistão, África Ocidental, Turquia, Austrália e Uzbequistão. Esses crescimentos, contudo, são o resultado de um aumento da área de plantação e condições meteorológicas favoráveis, já que o rendimento registou apenas um aumento marginal de 1%. Para a época 2018/2019, contudo, a produção deverá rondar os 25,9 milhões de toneladas, o que representará uma quebra de 4%. E com o consumo mundial a dever atingir um valor recorde, a pressão sobre os stocks irá reduzir as reservas mundiais em 1,6 milhões de toneladas, para um valor de 17,7 milhões de toneladas. Os stocks na China, indica o Icac, deverão cair pelo quinto ano consecutivo, para 7,5%, enquanto os restantes deverão permanecer estáveis.
3. Primark ultrapassa Amazon
A retalhista foi considerada a “retalhista mais quente” nos EUA, apesar de ter um volume de negócios muito inferior ao dos seus concorrentes, como a Amazon. A Primark encabeça a Hot 100 Retailers, uma lista dos retalhistas em mais rápido crescimento elaborada pela empresa de pesquisa de mercado Kantar Consulting e publicada pela National Retail Federation (NRF), onde as empresas com mais de 300 milhões de dólares em vendas são classificadas de acordo com a percentagem de crescimento das vendas nos EUA em 2017 face a 2016. A retalhista sediada em Dublin tem vindo a crescer rapidamente no mercado norte-americano desde a abertura da primeira loja em 2015, tendo aumentado as vendas anuais em 103%, para 489 milhões de dólares, em 2017. No segundo lugar surge a retalhista de artigos para desporto de outdoor e lazer Bass Pro Shops, seguida da retalhista online de artigos de bricolagem e eletrodomésticos Build.com. A Amazon surge no quarto lugar, com um crescimento de 45% das vendas em 2017 em comparação com 2016, para um valor de 103 mil milhões de dólares. A quinta posição foi ocupada pela retalhista online de artigos para a casa Wayfair, seguida da Tapestry, anteriormente conhecida por Coach, que registou um aumento de 33%, para 3,6 mil milhões de dólares. «A forte confiança dos consumidores e elevado crescimento do emprego estão a levar os consumidores a gastar mais em grandes itens como a aquisição de casa, obras em casa e até viagens que estão a impulsionar o consumo no retalho», afirma Susan Reda, editora da revista Stores da NRF. «Este clima económico – juntamente com negócios que estão a preencher, de forma estratégica, diferentes nichos de mercado e a envolver os consumidores – está a levar a um crescimento sustentado para os retalhistas que fazem parte da lista», resume.
4. Fiação regressa a Hong Kong
Em setembro abrirá, pela primeira vez em 50 anos, uma nova fiação em Hong Kong, pensada para produzir fio reciclado de vestuário pós-consumo. Parte de um projeto entre a associação sem fins lucrativos H&M Foundation e o Instituto de Investigação de Têxteis e Vestuário de Hong Kong, a fiação oferece uma solução para um dos maiores desafios da reciclagem de ciclo fechado de vestuário pós-consumo, isto é, como reciclar têxteis feitos com misturas de fibras ou fibras não determinadas ou fios que estão sujos ou estragados. Localizada num edifício reabilitado no bairro industrial de Tai Po, em New Territories, a primeira linha de produção, com uma capacidade diária de cerca de uma tonelada, está atualmente a ser instalada. Os primeiros testes deverão ser realizados em agosto, com a segunda e a terceira linhas de produção a seguirem-se em setembro e outro. Os materiais que serão usados serão esterilizados a seco com ozono e radiação ultravioleta (UV), seguindo-se uma limpeza e a remoção de botões, fechos e acessórios. Robôs serão responsáveis por fazer a separação por cor. Depois de processado, o vestuário será cortado, desfeito e transformado em fio em bruto que será reunido em famílias de cor antes do seu conteúdo ser analisado. «Estatisticamente, 50% será poliéster, 30% a 40% algodão e o resto deverá ser lã», explica Edwin Keh, CEO do Instituto de Investigação de Têxteis e Vestuário de Hong Kong. Os fios reciclados serão misturados com matéria-prima virgem para cumprir as exigências de composição e cor, mas como é apenas reciclagem fibra para fibra, a produção será exportada para a China para produzir posteriormente vestuário. A unidade irá eventualmente produzir cerca de três toneladas de fio reciclado por dia, que serão misturadas com matéria-prima virgem, numa percentagem entre 20% e 40%, o que dará uma produção diária de quatro a cinco toneladas de fio «que terá uma performance tão boa quanto o fio virgem e irá custar menos do que o virgem. Queremos dar resposta ao pior e à parte mais desafiante da reciclagem e vamos processar tudo e fazer novos fios», acrescenta Keh. A iniciativa pretende também encontrar uma solução para as mais de 200 toneladas de vestuário que é deitado fora todos os dias em Hong Kong, que ou vai para um aterro ou é usado em isolamento, tapetes e outras aplicações de baixo valor. «Queremos que a fiação demonstre uma escala industrial em ação – e se nós conseguimos criar uma fábrica numa cidade apinhada como Hong Kong para resolver localmente o nosso problema de reciclagem, então nenhum município do mundo terá uma desculpa para não o fazer», acredita o CEO do Instituto de Investigação de Têxteis e Vestuário de Hong Kong. Os primeiros sinais sugerem uma grande procura pela produção. «Todas as marcas estão à procura de algumas soluções “verdes” e sustentáveis – por isso a altura está certa. Já estamos a trabalhar com alguns produtores e eles sabem que têm clientes para isto», acrescenta. A fiação vai inicialmente usar sistemas mecânicos tradicionais, mas servirá também de teste para novos sistemas hidrotérmicos e biológicos para separara e reciclar misturas de fibras – um outro projeto liderado pelo Instituto de Investigação de Têxteis e Vestuário de Hong Kong que está a ser atualizado para a escala industrial.
5. PET já imita penas
A Thermore desenvolveu um novo isolamento sem inputs animais, 100% feito a partir de garrafas PET que tem, alegadamente, as mesmas características que penas de elevada qualidade. Casa casaco com isolamento Ecodown Fibres da Thermore contém o equivalente a 10 garrafas PET recicladas após consumo. Juntamente com as características de aquecimento, a empresa destaca que o isolamento consegue o mesmo toque suave sem usar microfibras, que podem contaminar os oceanos. O novo produto tem o mesmo poder de enchimento das penas de elevada qualidade 90/10 e pode ser introduzido no casaco da mesma forma. De acordo com a Thermore, os testes realizados com o Ecodown Fibres comprovaram um poder de enchimento «extraordinário» de mais de 600, que é como o produto é capaz de garantir o aspeto insuflado. Além disso, o isolamento é durável: a sua estrutura multiforme permite uma elevada resistência e evita que perca volume quando é lavado, indica a empresa. «Apesar dos esforços da indústria de vestuário para se aproximar de uma abordagem mais sustentável e sem crueldade [para com os animais], estudos recentes mostram que 80% do vestuário para temperaturas baixas é ainda isolado com penas de pato», destaca a Thermore. «Isso deve-se, sobretudo, à falta de uma solução sintética que dê o mesmo aspeto e poder de enchimento das penas», acrescenta. Este novo isolamento está a ser apresentado nas principais feiras do sector, incluindo a Munich Fabric Start (de 4 a 6 de setembro) e a Première Vision (de 19 a 21 de setembro).
6. Next acelera vendas
O tempo anormalmente quente ajudou a Next a aumentar as vendas no segundo trimestre, mas não foi o suficiente para a retalhista britânica de moda e artigos para a casa rever as suas previsões anuais. As vendas nas 12 semanas até 28 de julho subiram 2,8% em comparação com o mesmo período do ano passado e foram superiores ao esperado pela empresa. «Acreditamos que este aumento inesperado das vendas se deveu ao período prolongado de tempo excecionalmente quente, que ajudou muito às vendas de artigos de verão», indicou a Next em comunicado. «É quase certo que algumas destas vendas foram antecipadas de agosto, por isso mantemos as nossas previsões de vendas e lucros para o ano até janeiro de 2019», acrescentou. Para o ano completo, a retalhista antecipa que as vendas subam 2,2% face ao ano anterior, com o lucro bruto a dever descer 1,3%, para 717 milhões de libras. Sofie Willmott, analista sénior de retalho na GlobalData, destacou a performance «robusta» no primeiro semestre, mas que tal não foi suficiente para aumentar a confiança da retalhista e rever em alta as previsões anuais. «Os resultados da Next continuam a demonstrar a polarização dos canais de compras à medida que o consumo passa para o online. A retalhista capitalizou esta mudança melhorando a sua oferta de produtos de marca, o que ajudou a Next a conseguir um crescimento impressionante, apesar de ser um player maduro no mercado online», apontou. No entanto, enquanto o canal online tem prosperado, as vendas em lojas físicas não têm sido tão bem sucedidas. «Contudo, a Next está a gerir o declínio cuidadosamente, negociando as rendas com os senhorios e acrescentando elementos de serviço e lazer às lojas para criar interesse e aumentar a rentabilidade», concluiu.