«Temos previsto fazer grandes investimentos», revelou Amélia Marques, administradora da Bovi. «Estamos a tratar de adquirir uma unidade aqui perto, onde vamos fazer um armazém novo de descarga de tecidos e vamos começar a fazer parte da preparação de tecidos nessa nova unidade», explicou no início do ano ao Jornal Têxtil (ver Em nome do pai).
O investimento poderá ascender a 3 milhões de euros – incluindo não só a aquisição das instalações mas também as máquinas necessárias para as equipar devidamente – e vem no seguimento de uma forte aposta na renovação de equipamentos e infraestruturas que a Bovi tem vindo a fazer nos últimos cinco anos, que incluiu a criação de um armazém em 2016 dedicado em exclusivo à expedição. «Entre 2011 e 2016 investimos uns 6 milhões de euros», adiantou, ao Jornal Têxtil, Amélia Marques. «Temos vindo permanentemente a renovar o nosso parque de máquinas, essencialmente na parte dos acabamentos mas também nos bordados. Nestes últimos quatro anos renovámos uma série de máquinas», acrescentou a administradora.
Com uma faturação que rondou os 19,5 milhões de euros em 2016, resultante de um crescimento de cerca de 18%, e uma quota de exportação de 80%, a Bovi tem Inglaterra, França e Espanha como principais mercados, mas para este ano os olhos estão voltados para outras latitudes. Para os EUA, a empresa, fundada no final dos anos 50, estabeleceu uma parceria com uma outra produtora nacional de têxteis-lar para ganhar dimensão comercial. «Somos empresas com um perfil e um posicionamento de mercado muito semelhantes, de qualidade média-alta», explicou Amélia Marques. «Temos produtos complementares, uma maneira de pensar e de ver o negócio muito parecida. E temos a vantagem de com isso podermos partilhar custos. É muito mais simpático atacar um mercado partilhando custos do que ir uma empresa sozinha e ter de os assumir sozinha. Acho que só temos vantagens», justificou a administradora.
Uma visão partilhada igualmente por Miguel Barros, a terceira geração à frente dos destinos da empresa familiar. «Acho que faz parte da nova geração [esta postura de estabelecer parcerias], principalmente a parte da partilha», sublinhou.
A Bovi está ainda a analisar novos mercados para os seus produtos, entre os quais o Irão.
Além da produção em private label, a empresa conta também com a marca própria Bovi, que representa já cerca de 20% do volume de negócios. «Isso permitiu-nos acumular experiência para trabalhar com pequenas quantidades, com as lojas e como gerir essa situação. Hoje trabalhamos com marca própria, temos um catálogo – não sei quantificar os valores, mas sei que nitidamente houve um crescimento muito grande das vendas dos artigos do catálogo», referiu Amélia Marques.
A meta para a Bovi, que emprega 172 pessoas, passa não por crescer através de volumes muito grandes mas pela diferenciação de produto. «O que procuramos é cada vez mais trabalhar com produtos de valor acrescentado, onde possamos ter margens mais confortáveis», revelou Miguel Barros. «O objetivo para o futuro é ter uma empresa sustentável», concluiu.