bom colocar a etiqueta Made in Portugal»

«Se acrescentarmos à qualidade da confecção um serviço ao cliente cada mais completo, se através da subcontratação ganharmos flexibilidade de resposta à sazonabilidade, e se trabalharmos com clientes no segmento médio-alto, onde o menor volume de produção possa ser compensado pela maior rentabilização, este segmento ainda é promissor». É este o apanágio de João Cação, administrador da Jocral, que em contra-ciclo com as teorias de resposta do sector pela internacionalização e marca própria, aposta igualmente no valor acrescentado, mas do serviço. A diversificação do mesmo pode passar por acrescentar à qualidade e rapidez nas pequenas colecções quer novas propostas para as marcas dos clientes, como disponibilização de novas matérias-primas e acabamentos, quer pela possibilidade de oferecer a componente de logística, que aliada ao compromisso de realizar um bom controlo de qualidade, «permite a alguns clientes confiarem-nos a entrega directamente aos clientes deles», adianta o empresário. A carteira de clientes da Jocral acaba por ser um sintoma da saúde dos seus mercados, envolvendo empresas da Escandinávia – sobretudo da Suécia -, do Reino Unido e agora com uma recente aposta nos Estados Unidos, «pelo bom poder de compra». Acresce a promissora Espanha, onde não está descartada a hipótese de trabalhar com o grupo Inditex, «mas apenas para a insígnia Massimo Dutti», e também a Itália, «um mercado muito interessante pelas marcas que apostam no design e na qualidade, nas boas matérias-primas e nos acabamentos, com uma notória subida deste país na cadeia de valor. Embora não estejamos mal nesta área dos acabamentos, ainda há um caminho a percorrer quando nos comparamos com os italianos», refere o administrador. Já a anterior aposta em França ganha agora mais alento, e na Alemanha para já, não existe. A concorrência na confecção tem um nome: Turquia. É «o» adversário, que joga com as armas dos «acordos comerciais preferenciais, da capacidade para produzir algodão, do menor custo de mão-de-obra e de uma localização geográfica que nos torna periféricos». A resposta à concorrência está em acrescentar ao serviço, à flexibilidade, a cooperação. «Tendo uma estrutura de base com menos funcionários, cujas saídas têm sido negociadas cordialmente, subcontratamos à medida das necessidades. Ao contrário do que é a nossa tradição empresarial com alguma falta de cultura de cooperação, se as empresas verificarem que há vantagens em estabelecer uma rede, ela acaba por funcionar. Temos uma parceria com empresas de confecção, de estampados e de bordados, que leva uma peça a entrar e sair da nossa empresa várias vezes, envolvendo várias empresas da região do Ave». Como além fronteiras esta rapidez de solução é mais difícil, a deslocalização está fora de questão. Para uma montra eficaz e globalmente aberta desta oferta de serviço, a Jocral tem um projecto de um novo website, a inaugurar hoje, desenvolvido em parceria com a NetImpact (CENESTAP), porque «hoje quem não tem uma boa página na Internet é como não ter o número na lista telefónica há uns anos atrás, e nós já acordámos tarde», confessa. Há ainda vantagem da poupança dos custos dos intermediários e de «podermos apresentar um serviço nacional conceituado – porque há clientes que dizem que é bom colocar a etiqueta Made in Portugal, é sinal de qualidade». Esta empresa de Guimarães festejou as bodas de prata no ano passado, com a terceira geração da família dedicada ao têxtil a tomar as rédeas de uma actividade que já chegou a contar com mais de 400 funcionários, mas noutra empresa. A Jocral conta com 100 pessoas, a flexibilidade que precisa para enfrentar a concorrência que diz ser responsável pela diminuição de 10% do volume de negócios relativamente a 2004. Em 2005 este indicador foi de 5,3 milhões de euros, e em 2006 a Jocral quer voltar ao crescimento, num ano de consolidação de mercados e clientes e de finalização de re-organização», complementa João Cação.