Bolflex com passos sustentáveis

A empresa especializada em componentes para calçado tem inovação e investimento no ADN desde os primeiros passos no mundo dos negócios. É a partir de materiais reciclados que surge a maior parte dos produtos da Bolflex, com qualidade «garantida e certificada».

Sediada em Felgueiras, a Bolflex assume-se como umas das principais especialistas em componentes de calçado e na produção de solas para a indústria europeia deste sector. António Ferreira, sócio-gerente e CEO da empresa garante que são capazes de produzir um produto «único» no mercado com a ajuda da Rubberlink, a empresa de reciclagem que providencia os materiais para os artigos da Bolflex. «Tenho outra empresa que é a Rubberlink, onde tenho a minha reciclagem e onde as duas conseguem criar o produto apresentado. A Bolflex tem 27 anos e em 2013 criei a Rubberlink, que nos permite tratar os sapatos. Estou muito orgulhoso daquilo que temos vindo a fazer. Eu e a minha grande equipa apresentamos um produto que, acho, é único», afirma ao Portugal Têxtil.

Inovação e investimento é o binómio que alimenta a estratégia da Bolflex, que aposta em robots «de alta qualidade» para fabricar solas de prototipagem rápida. Deste modo, consegue aumentar a produção significativamente e, ao mesmo tempo, reduzir o desperdício do processo. «Após muitos testes, conseguimos pegar num sapato velho e obter solas, palmilhas e couro. O lixo que fazíamos com os nossos próprios desperdícios, hoje é possível pegar nesse dito lixo e fabricar um produto impecável», revela António Ferreira.

A Bolflex, que caminha a passos largos para a sustentabilidade, detém instalações para design, desenvolvimento de produtos, prototipagem, amostras, serralharia de moldes e um gabinete de desenho e modelagem em 2D. Desta forma, satisfazer qualquer necessidade dos clientes torna-se um processo concretizável dentro de portas, bem como a criação dos próprios produtos e coleções. «Só precisamos de saber qual é a finalidade do produto porque se nos pedirem um produto ligado a óleos é uma coisa, para conforto já é outra e para casual também. Mas é possível pegar em todo esse lixo e adequá-lo às exigências do mercado», explica o CEO.

Na última edição do Portugal Fashion, a Bolflex apresentou uma linha de calçado produzida a partir de materiais desperdiçados, que provou que «o limite é o céu». «Hoje temos uma percentagem já muito grande de produtos reciclados. Pegamos no pneu velho e o pneu vira borracha virgem pronta para ser utilizada. Acho que há muito para fazer e temos feito realmente grandes avanços. A borra de café que era deitada ao lixo, hoje conseguimos pegar nessa borra de café e fazer um produto fantástico», garante.

Bater recordes

O volume de negócios da Bolflex ronda os 10 milhões de euros, um aumento que se traduz num balanço «excelente». «Subimos o custo médio. Conseguimos passar do preço normal para o custo médio na ordem dos 40 a 50 cêntimos por par. Estou convencido que, em 2020, com os projetos que temos em mãos, vamos bater o recorde», confessa António Ferreira.

No que diz respeito a alargar horizontes, a quota de exportação «está a subir», encontrando-se atualmente na ordem dos 40%. A empresa, que tem como clientes várias marcas distintas, faz chegar os seus produtos a muitos mercados. Alemanha, França, Tunísia, Marrocos, Índia e China são alguns dos exemplos. No entanto, o CEO adianta ter «muita gente a pressionar para fazer investimento no México».

O conceito de sustentabilidade estará incluído nos próximos passos da Bolflex, que estão previstos serem desvendados num futuro próximo. «Estamos a trabalhar para ter um produto que já está testado, certificado. Um deles é para parques infantis, placas do lixo. E o outro é para fazer pellets para aquecimento, vindos do lixo. Estamos a testar e pensamos que daqui a 6 meses estará em produção em força», acredita.